Imagine dar o maior salto de vitórias entre uma temporada e outra na história da NBA mesmo perdendo seu segundo principal jogador em mais da metade da temporada. O que o Detroit Pistons fez em 2024/25 é digno de nota – e também de empolgação para 2025/26. Por isso, a franquia manteve praticamente a mesma receita e apostou no crescimento dos jovens do elenco, em especial de sua grande estrela, Cade Cunningham.
Como foram os Pistons na última temporada
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Campanha: 44 vitórias e 38 derrotas
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Classificação: 6° lugar na Conferência Leste
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Nos playoffs: eliminado na primeira rodada para o New York Knicks por 4 a 2
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O que aconteceu: de pior campanha da liga no ano anterior, esse time terminou a temporada passada com classificação direta aos playoffs e enorme dificuldade imposta ao New York Knicks na primeira rodada. Foram 30 vitórias a mais entre um ano e outro, Cade Cunningham virou all-star, a defesa deu um salto grande de qualidade. Mesmo para o torcedor mais otimista dos Pistons, era difícil imaginar uma reviravolta desse tamanho.
O elenco dos Pistons para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Chaz Lanier (ala-armador, 37ª escolha)
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Quem mais chegou: Caris LeVert (ala-armador, Atlanta Hawks), Javonte Green (ala-armador, Cleveland Cavaliers), Colby Jones (ala-armador, Washington Wizards), Brice Williams (ala-armador, basquete universitário) e Duncan Robinson (ala, Miami Heat)
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Quem foi embora: Dennis Schroder (armador, Sacramento Kings), Lindy Waters III (ala-armador, San Antonio Spurs), Malik Beasley (ala, sem time) Tim Hardaway Jr. (ala, Denver Nuggets), Ron Harper Jr. (ala) e Simone Fontecchio (ala-pivô, Miami Heat)
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Provável time titular: Cade Cunningham, Jaden Ivey, Ausar Thompson, Tobias Harris e Jalen Duren
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Reservas: Marcus Sasser, Daniss Jenkins (armadores), Caris Levert, Javonte Green, Chaz Lanier, Colby Jones (alas-armadores), Ron Holland, Duncan Robinson (alas), Bobi Klintman, (ala-pivô), Paul Reed, Isaiah Stewart e Tolu Smith (pivôs)
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Técnico: J.B. Bickerstaff
O clima para a temporada
Há um clima para 2025/26. Essa é a grande diferença para 2024/25, quando os Pistons vinham de cinco temporadas consecutivas com no máximo 23 vitórias. Tudo mudou com a chegada do técnico J.B. Bickerstaff, o grande salto de qualidade de Cade Cunningham e Jaden Ivey e a chegada de chutadores veteranos para equilibrar a juventude do elenco.
Por isso, a estratégia para a próxima temporada é rigorosamente a mesma, apostando que 2024/25 não foi apenas um golpe de sorte, e a equipe tem qualidade o suficiente para permanecer sem questionamentos na briga pelos playoffs enquanto ajusta os detalhes necessários para entrarem na briga pelo título em anos futuros, quando todos estiverem mais maduros.
A polêmica envolvendo Malik Beasley, suspeito de envolvimento com manipulação de estatísticas para apostadores, além de estar atolado em dívidas, não parece ter abalado o ânimo da equipe, que trouxe Duncan Robinson e Caris LeVert para compor a rotação nas alas.
Dentre os que ficaram, há uma grande expectativa pelo desenvolvimento de Ausar Thompson, Jalen Duren, Marcus Sasser, Ron Holland e Bobi Klintman, dando a profundidade necessária para a franquia ser uma ameaça real aos principais elencos da liga. É muita gente boa que fazer a diferença, ao passo que J.B. Bickerstaff pode ter uma dor de cabeça ‘das boas’ na hora de escolher quem estará em quadra.
Abre aspas
“Do jeito que foram os treinamentos, posso dizer a vocês que não tem um único jogador aqui que não mereça jogar. Estou muito satisfeito com a profundidade do nosso elenco, mas isso nos coloca algumas decisões complicadas de serem tomadas.”
A declaração é do técnico J.B. Bickerstaff, extremamente animado com as opções à disposição no comando da equipe, mas já preocupado em como distribuir os minutos na rotação da maneira mais justa possível.
Uma esperança
Cade Cunningham ainda tem 24 anos, mesma idade de Isaiah Stewart. Jaden Ivey tem 23, Ausar Thompson, 22, Jalen Duren, 21 e Ron Holland, 20. O núcleo jovem dos Pistons é extenso, competente e ainda tem a mentoria de gente muito experimentada na Liga, como Tobias Harris (33), Duncan Robinson (31) e Caris LeVert (31).
Os Pistons já mostraram ser uma equipe extremamente perigosa na Conferência Leste, mesmo ainda estarem no ponto de brigarem pelo título No final das contas, o natural desenvolvimento de todo o grupo, principalmente se não sofrerem com lesões, será o grande passo da temporada.
Por ter um elenco com vários jogadores ainda em contratos de calouros, há espaço na folha salarial para movimentações de peso nesta e na próxima temporada, seja via agência livre, seja via trocas, com algumas das peças de muito valor de mercado que os Pistons têm, além de todas as próximas escolhas de primeira nos Drafts.
Um medo
Além da troca de técnicos e do crescimento de Cade Cunningham, o grande ponto de crescimento dos Pistons no último foi a adição de chutadores: Tim Hardaway Jr e Malik Beasley, além de Tobias Harris. Para 2025/26, a franquia perdeu os dois alas e o ala/pivô Simone Fontecchio, que foram repostos com Duncan Robinson e Caris LeVert.
Em termos de aproveitamento recente, ambos dão conta do recado: tanto Duncan quanto LeVert ficaram perto dos 40% de aproveitamento nos últimos anos. Com a bola na mão, também conseguem ajudar Cunningham e Ivey a organizar o time se necessário.
Porém, não vêm em boa fase. Ambos os alas estavam em declínio no último ano e chegam em um Detroit cheio de expectativas para a temporada. É bem verdade que THJ e Beasley também eram jogadores escanteados antes dos Pistons contratá-los, mas o momento da franquia é outro.
Ainda, com o retorno de Jaden Ivey, desenvolvimento de Marcus Sasser e a estreia ‘de verdade’ de Bobi Klintman, que perdeu praticamente toda a última temporada por lesão, talvez os novos alas não sejam exatamente o que a equipe mais precisa neste momento.
O cara
Muito da impressionante ascensão dos Pistons na última temporada passa pelo desempenho de Cade Cunningham. As médias do armador pularam para 26,1 pontos, 9,1 assistências, 6,1 rebotes e 1,0 roubo de bola por partida, com aproveitamento de 35,6% nas bolas de três e de 46,9% nos arremessos em geral.
Os números representaram o que pode ser interpretada como uma mudança de status. Se até então Cunningham era visto como um jovem talentoso e cheio de potencial, o que se viu nos últimos meses foi um jogador mais maduro, consistente e preparado para liderar com qualidade uma equipe competitiva.
A lista de conquistas ao longo do caminho ilustra bem tudo isso. Cunningham foi all-star pela primeira vez, beliscou uma vaga no terceiro quinteto ideal da NBA e chegou em sétimo lugar na corrida pelo prêmio de MVP – empatado com Anthony Edwards, do Minnesota Timberwolves.
Também vale a pena ficar de olho
No primeiro dia de 2025, Jaden Ivey quebrou a perna esquerda durante uma partida contra o Orlando Magic. Foi o fim prematuro de uma temporada promissora. Nos 30 jogos que fez até então, o ala-armador teve médias de 17,6 pontos, 4,1 rebotes e 4,0 assistências. Mas o que mais chamou a atenção foi o ótimo aproveitamento atrás da linha de três pontos: 40,9%, índice expressivamente superior em relação aos dois primeiros anos dele na liga.
É claro que Ivey não vinha sendo só um arremessador. Em muitos momentos em que o time estava sem Cade Cunningham em quadra, fazia as vezes de criador de jogadas. É um papel importante que ele cumpra, claro, mas esse rendimento em chutes longos tende a ajudar demais o espaçamento ofensivo e certamente facilitaria a vida da principal estrela da companhia.
Por todos esses fatores, será muito curioso acompanhar como Ivey voltará a jogar. Mas um outro jogador que merece menção por aqui, por questões de jogo semelhantes, é Duncan Robinson, uma das novidades dos Pistons para a temporada 2025/26.
Ao longo de sete anos na NBA, ele tem um aproveitamento médio em bolas de três de 39,7%. É um ótimo número, mas é interessante notar que recentemente Robinson parece estar um pouco mais confiante sob outros aspectos ofensivos, cortando para a cesta quando acionado e até fazendo bons passes para quem aparece livre, a partir da leitura que faz em tempo real da defesa adversária.
São dois jogadores com características que podem se encaixar muito bem em torno de Cunningham. Se renderem mais ou menos o que já mostraram que podem em seus melhores dias, o sistema ofensivo dos Pistons ganhará duas armas interessantes.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
4 (alto) – Cade Cunningham tem sido um jogador muito interessante de se observar nos últimos tempos, mesmo na época em que os Pistons estavam longe de competir pelos playoffs. Agora que ninguém duvida que ele é um all-star, e o time parece bom o bastante para até sonhar com mais vitórias do que na temporada passada, muito disso por como o armador opera o ataque, dá para prestar atenção nos Pistons sem medo de se arrepender.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Pistons
No cenário mais otimista: mais um capítulo da história de renascimento iniciada na temporada passada, ritmo de vitórias mais ou menos parecido e mando de quadra na primeira rodada dos playoffs. Dá até para pensar em passar para a fase seguinte, dependendo de quem estiver do outro lado.
No cenário mais pessimista: ao invés de seguir melhorando, esse time dá uma estacionada e não consegue repetir a campanha do ano passado. Até consegue voltar aos playoffs sem grandes sustos, mas com menos força do que em 2025.
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