Dono da melhor defesa e de um dos piores ataques da última temporada, o Orlando Magic fez um dos grandes movimentos da offseason na NBA: enviou Kentavious Caldwell-Pope, Cole Anthony e quatro escolhas de primeira rodada em troca de Desmond Bane. No Draft, pegou um chutador nato no basquete universitário. Tudo isso para tentar dar mais dinamismo e espaçamento a um ataque engessado. Movimentos que fazem muito sentido e dão muita expectativa para o que a equipe poderá aprontar em 2025/26.
Como foi o Magic na última temporada
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Campanha: 41 vitórias e 41 derrotas
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Classificação: 7° lugar na Conferência Leste
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Nos playoffs: eliminado na primeira fase para o Boston Celtics por 4 a 1 após vencer o Atlanta Hawks no play-in
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O que aconteceu: o ótimo início, mantendo a terceira posição do Leste até o meio de dezembro, deu lugar a uma enxurrada de lesões dos astros do time. Primeiro Paolo Banchero, fora ainda em novembro, depois Mo Wagner, Franz Wagner e, por fim, Jalen Suggs. Todos perderam boa parte da temporada, e o Magic, mesmo caindo o aproveitamento, se manteve competitivo e segurou o posto de melhor defesa da NBA, embora um dos piores ataques. Quando todos voltaram, as vitórias acompanharam e a franquia conseguiu um lugar no play-in sem dificuldades. Nos playoffs, diante do Boston Celtics, apesar de muita luta, a subida era grande demais para uma equipe com baixa produção ofensiva.
O elenco do Magic para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Jase Richardson (ala-armador, 25ª escolha) e Noah Penda (ala, 32ª escolha)
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Quem mais chegou: Tyus Jones (armador, Phoenix Suns), Desmond Bane (ala-armador, Memphis Grizzlies), Lester Quiñones (ala-armador, New Orleans Pelicans), Jamal Cain (ala, New Orleans Raptors), Orlando Robinson (pivô, Toronto Raptors) e Colin Castleton (pivô, Philadelphia 76ers)
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Quem foi embora: Cole Anthony (armador, Milwaukee Bucks), Gary Harris (ala-armador, Milwaukee Bucks), Kentavious Caldwell-Pope (ala-armador, Memphis Grizzlies), Ethan Thompson (ala-armador, Miami Heat)
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Provável time titular: Jalen Suggs, Desmond Bane, Franz Wagner, Paolo Banchero e Wendell Carter Jr.
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Reservas: Tyus Jones, Anthony Black, Reece Beekman (armadores), Jase Richardson, Lester Quiñones(alas-armadores), Tristan da Silva, Noah Penda, Jamal Cain, Jett Howard (alas), Jonathan Isaac (ala-pivô), Mo Wagner, Goga Bitadze, Orlando Robinson e Colin Castleton (pivôs)
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Técnico: Jamahl Mosley
O clima para a temporada
As idas aos playoffs nas duas temporadas anteriores foram sinais animadores de crescimento deste jovem time. Na offseason, a direção entendeu que era hora de acelerar um pouco mais as coisas. Foi a partir dessa orientação que o Magic tirou Desmond Bane do Memphis Grizzlies.
O preço para isso: Kentavious Caldwell-Pope, Cole Anthony e mais um punhado de escolhas futuras de primeira rodada do Draft (quatro, mais uma pick swap, direito de inverter posições em uma outra edição). Movimentação que deixa claro o recado de que, para o Magic, o futuro chegou. É hora de investir no presente.
Bane é forte no que o Magic tem de bom e traz características que pode melhorar o que não funciona tão bem. Além dele, outra novidade interessante atende pelo nome de Tyus Jones, armador que pode ajudar bastante na rotação em uma posição carente de qualidade no elenco do Magic.
Mas nada disso tira os holofotes de cima de Paolo Banchero e Franz Wagner. Se não há dúvidas de que os dois têm talento, ainda precisa ficar claro que os dois podem jogar juntos em um sistema ofensivo eficiente. Para um Magic ansioso por respostas, fica a expectativa para ver como os dois respondem na tentativa de tirar Orlando da incômoda marca de não vencer uma série de playoffs desde a temporada 2009/10.
Abre aspas
“Na medida em que o tempo for passando e nós continuarmos a jogar juntos, acho que toda a liga e todo mundo que acompanha basquete vai perceber não só que ele foi uma das melhores aquisições da ‘offseason’, mas que eu e ele podemos nos tornar uma das melhores duplas de armação da NBA por causa da nossa versatilidade em todos os aspectos. Em algumas coisas, nós dois somos jogadores de elite. Mas nas que não somos, um é capaz de cobrir essa lacuna do outro com excelência. Estou muito animado para jogar basquete com e e com todos os outros companheiros.”
A declaração é de Jalen Suggs, referindo-se a Desmond Bane e projetando, com bastante otimismo, o que os dois podem fazer juntos em quadra pelo Magic.
Uma esperança
Os movimentos do Orlando Magic foram feitos com uma direção clara: melhorar o espaçamento e as ameaças da equipe no perímetro sem abrir mão da defesa. Para isso, a grande contratação foi Desmond Bane. A lógica é simples. Banchero tem 23 anos, Franz Wagner e Suggs, 24. O futuro, em tese, já está garantido, o que permitiu abrir mão das quatro escolhas de primeira rodada pelo ala dos Grizzlies.
Em Memphis, Bane teve quase 40% de aproveitamento em alto volume, superior a seis tentativas por jogo. Além disso, diante das ausências dos armadores no elenco, também se mostrou um organizador de jogo competente quando necessário. Sua chegada é um acréscimo ao nível apresentado por Caldwell-Pope, com potencial para mudar a hierarquia do ataque de Orlando, uma vez que KCP era, no máximo, a quarta opção ofensiva do time.
Para a segunda unidade, pegaram o armador Tyus Jones, que chutou para 41% nos três pontos em cinco tentativas por jogo no Phoenix Suns, também um upgrade em relação a Cole Anthony.
Além dele, no Draft a escolha foi por Jase Richardson. O ala, filho de Jason Richardson, que jogou em Orlando de 2010 a 2012, teve 40% de aproveitamento do perímetro no basquete universitário e também chega para ajudar a espaçar o elenco do Magic. O pai, Jason, também era um destaque nos chutes longos: teve 37% de acerto no período que ficou na Flórida.
Tudo isso para ajudar a dinamizar um ataque que tem suas duas principais estrelas ocupando lugares semelhantes na quadra. Ter um várias boas opções do perímetro, em tese, deve ajudar a tirar o peso das costas de Banchero e Franz Wagner de finalizarem a todo momento, além de até ajudá-los na busca por espaços mais perto da cesta.
Um medo
Lesões são um medo para qualquer elenco. Mas no caso do Orlando Magic, a temporada 2024/25 foi, no mínimo, peculiar. Paolo Banchero e Franz Wagner foram afastados de várias partidas com a mesma incomum enfermidade: uma lesão no oblíquo, músculo do abdômen, que impedia a movimentação e mudança de direção dos astros. Uma lesão tão rara acontecer duas vezes na mesma temporada gerou suspeitas sobre a intensidade dos treinamentos feitos por Orlando.
Jalen Suggs, por sua vez, precisou tirar um pedaço da cartilagem para tratar uma lesão na junção do joelho com o fêmur. Já Mo Wagner foi mais ‘comum’, mas não menos grave: rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. São duas lesões que causam apreensão no retorno às quadras e que precisam de muita atenção para não piorar a situação ainda mais.
O ponto todo é que Orlando precisará segurar a empolgação de ter um elenco poderoso em um Leste teoricamente acessível e garantir um retorno gradual para Suggs e Mo Wagner, além de garantir que lesões repetitivas como as de Banchero e Franz Wagner não voltem a se repetir.
O cara
Na temporada passada, a terceira da carreira na NBA, Paolo Banchero teve médias de 25,9 pontos, 7,5 rebotes e 4,8 assistências por partida. Essa produção ofensiva representa mais um salto do ala, que já chegou a ser all-star. E que poderia ter sido novamente em 2025 se uma lesão no músculo abdominal não tivesse o tirado de ação por 36 jogos da campanha do Magic.
Embora o talento e o potencial dele pareçam evidentes, isso não quer dizer que não existam alguns pontos de preocupação com relação ao seu desenvolvimento como jogador, especialmente para quem busca se colocar um dia no primeiro escalão de estrelas da liga.
A maior preocupação é a seleção de arremessos. Na última temporada, Banchero diminuiu o volume de finalizações perto da cesta e aumentou o número de tentativas de bolas de três. O problema é que o aproveitamento nesses chutes de longa distância, que já não era bom no ano anterior, sofreu uma queda: de 34% para 32%.
Também vale a pena ficar de olho
Quem é o segundo melhor jogador do Magic? Essa pergunta não parece ter uma resposta tão óbvia neste momento.
Até alguns meses atrás, era Franz Wagner, que na última temporada elevou sua produção ofensiva e teve médias de 24,2 pontos por jogo, além de 5,7 rebotes, 4,7 assistências e 1,3 roubo de bola por partida, com um estilo que se assemelha em vários momentos ao de Paolo Banchero: um ala alto, que se sente confortável em ter a bola nas mãos para criar o ataque, exercendo muitas vezes a função de armador na prática, que gosta de partir para cima da defesa e que tem uma deficiência nos chutes de longe. No Eurobasket também fez bonito: foi campeão com a seleção alemã, anotando médias de 20,8 pontos, 5,9 rebotes, 3,4 assistências e 1,1 roubo.
Só que agora o elenco conta também com os serviços de Desmond Bane. A grande novidade do Magic para a temporada 2025/26 vem de um campeonato em que teve médias de 19,2 pontos, 6,1 rebotes, 5,3 assistências e 1,2 roubo de bola por jogo, além de um aproveitamento de 39% nas bolas de três. O que já é bom, mas que chegou a ser ainda maior em outros momentos da carreira. E do outro lado da quadra, ele entrega uma defesa de bom nível, que tem tudo para se encaixar no forte sistema coletivo da sua nova equipe.
Mas existe um outro jogador que merece ser citado por aqui: Jalen Suggs, mais um ótimo defensor que o Magic tem à disposição e que já mostrou potencial para ser um bom arremessador de longa distância, mas que no último ano não foi bem: o aproveitamento foi de apenas 31,4%, o que representa uma queda e tanto em relação aos 39,7% da temporada anterior.
Para provar que tem razão ao dizer que a dupla com Bane pode ter tanto sucesso assim, Suggs vai precisar voltar a arremessar melhor. Seria fundamental para uma tão necessária evolução da eficiência ofensiva do Magic.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
3 (médio) – O quanto você gosta de defesa? A resposta para essa pergunta é o que vai ditar seu interesse pelo Orlando Magic. Toda a base do elenco foi mantida, o que nos permite dizer que o estilo de defesa e fisicalidade tende a ser o mesmo. A diferença, agora, é que o ataque deve ser mais interessante, com mais possibilidades e um novo candidato a astro do time: Desmond Bane.
Palpite para a temporada 2025/26 do Magic
No cenário mais otimista: a defesa se mantém impenetrável, e o ataque finalmente fica mais fluido. A franquia consegue um ano estável e, com os playoffs garantidos, passa a disputar as primeiras posições do Leste com Cleveland e companhia.
No cenário mais pessimista: mais do mesmo. Uma grande defesa, sem um ataque bom o suficiente para acompanhar. Orlando segue uma pedra no sapato de todos os times da NBA, mas sem capacidade para vencer quatro jogos em uma série de playoffs.
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