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15 dias para a NBA: Memphis Grizzlies se empenha em manter alto nível após diversas saídas

Treinador, peça importante no elenco e até abordagem sobre o esquema tático. Muita coisa mudou no Memphis Grizzlies ao longo dos últimos meses. O plano ainda parece ser o de entrar na temporada 2025/26 da NBA mirando alto, mesmo em uma Conferência Oeste tão recheada de concorrentes poderosos. Mas se as coisas não derem certo, não seria improvável uma nova série de mudanças: desta vez, para implodir de vez o núcleo e partir para uma reconstrução total.

Como foram os Grizzlies na última temporada

  • Campanha: 48 vitórias e 34 derrotas

  • Classificação: 8° lugar na Conferência Oeste

  • Nos playoffs: Eliminado na primeira rodada para o Oklahoma City Thunder por 4 a 0 após perder para o Golden State Warriors e vencer o Dallas Mavericks no play-in

  • O que aconteceu: foram dois primeiros meses claudicantes, variando os 50% de aproveitamento. Nesse período, Desmond Bane e Ja Morant foram desfalques em vários jogos. Mas quando o astro voltou às quadras no fim de novembro, os Grizzlies iniciaram uma sequência que os deixou por muito tempo na segunda posição do Oeste, atrás apenas do Thunder. Mas a partir de março, tudo derreteu.

    O ataque diferenciado montado por Taylor Jenkins e comissão técnica parou de funcionar a ponto da franquia trocá-lo por Tuomas Iisalo ainda na temporada regular, Ja Morant voltou a desfalcar a equipe em muitos jogos, e rapidamente Memphis caiu da 2ª para a 8ª posição, obrigando-o a disputar o play-in. A derrota para os Warriors forçou um cruzamento com o Thunder logo na primeira fase dos playoffs, e os Grizzlies, mais uma vez sem Ja Morant, não tiveram a menor chance contra os futuros campeões da liga.

O elenco dos Grizzlies para a temporada 2025/26

  • Escolhas de Draft: Cedric Coward (ala, 11ª escolha), Javon Small (armador, 48ª escolha) e Jahmai Mashack (ala-armador, 59ª escolha)

  • Quem mais chegou: Ty Jerome (armador, Cleveland Cavaliers), Kentavious Caldwell-Pope (ala-armador, Orlando Magic), Olivier-Maxence Prosper (ala-pivô, Dallas Mavericks), Tyler Burton (ala-pivo) Jock Landale (pivô, Houston Rockets), PJ Hall (pivô, Denver Nuggets), Lawson Lovering (pivô )

  • Quem foi embora: Desmond Bane (ala-armador, Orlando Magic), Luke Kennard (ala-armador, Atlanta Hawks), Zyon Pullin (ala-armador), Jay Huff (pivô, Indiana Pacers)

  • Provável time titular: Ja Morant, Kentavious Caldwell-Pope, Jaylen Wells, Jaren Jackson Jr. e Zach Edey

  • Reservas: Scotty Pippen Jr., Javon Small (armadores), Ty Jerome, Cam Spencer, Vince Williams Jr., John Konchar (alas-armadores), Cedric Coward (ala), Brandon Clarke, Santi Aldama, GG Jackson, Olivier-Maxence Prosper, Tyler Burton (alas-pivôs), Jock Landale, PJ Hall e Lawson Lovering

  • Técnico: Tuomas Iisalo

O clima para a temporada

A troca no comando técnico ainda no final da última temporada não foi a única grande mudança que os Grizzlies decidiram fazer. Desmond Bane foi mandado para o Orlando Magic em troca de Kentavious Caldwell-Pope, Cole Anthony e quatro escolhas futuras de primeira rodada do Draft (2025, 2026, 2028 e 2030), além do direito de inverter as posições no Draft de 2029.

Foi uma movimentação intrigante, que deixou muita gente sem saber ao certo qual seria o próximo passo dos Grizzlies. Houve quem cogitasse que mais trocas envolvendo as principais peças seriam feitas e que a franquia partiria para a reconstrução total. Não foi o caso, pelo menos não até agora. O plano por enquanto parece ser deixar esse time ver o que consegue fazer tendo Caldwell-Pope na vaga de Bane no quinteto principal e com alguns outros ajustes pontuais.

A 11ª posição no Draft rendeu o ala Cedric Coward, que chamou a atenção como prospecto por parecer ser capaz de fazer um pouco de tudo em quadra, tanto na defesa como no ataque, com rendimentos impressionantes em catch and shoot (arremessos nos quais o jogador finaliza logo após receber um passe). Os quatro anos na universidade colaboraram para o nível de maturidade que ele demonstra ter como jogador perto dos demais prospectos. Por outro lado, existe uma dúvida se ainda existe muito mais margem para crescimento.

A lista de novidades ainda contemplou Ty Jerome, armador que se destacou como reserva do Cleveland Cavaliers na temporada passada. As médias de 12,5 pontos e 3,4 assistências por jogo, além do aproveitamento de 43,9% nas bolas de três, foram os números mais altos da carreira dele até agora.

Em que pesem essas novidades todas, as principais questões envolvendo os próximos passos dos Grizzlies serão respondidas por quem já estava lá ao final da última temporada. Qual esquema tático Tuomas Iisalo vai implementar? E Ja Morant vai ficar satisfeito com a resposta?

Abre aspas

“Minha meta é simplesmente ficar saudável. Quero disputar os 82 jogos da temporada regular. Sei que falo isso todo ano, mas nesta offseason eu foquei bastante no meu corpo, tentei fazer algumas coisas para ver como ele respondia a determinados estímulos. Procurei ver tudo para saber o que preciso fazer para estar pronto para o desafio.”

As palavras foram de Ja Morant, estrela dos Grizzlies e que ainda aparece como um dos jogadores mais empolgantes da NBA em condições normais, mas que tem lidado bastante com lesões. Nas duas últimas temporadas regulares, ele esteve presente em apenas 59 das 164 partidas da sua equipe.

Uma esperança

O caso dos Grizzlies é quase um medo em pele de esperança. Na temporada 2024/25 a equipe teve o sexto ataque mais eficiente da NBA, com 117,8 pontos a cada 100 posses de bola, além do segundo com mais pontos totais. E não para por aí. Ficaram no top10 de rebotes, assistências, roubos, bloqueios e em 11° em aproveitamento e acertos totais do perímetro.

Mas muito disso se deve a ótima primeira metade da temporada, quando Memphis brigava para liderar o Oeste com uma estratégia nada convencional: fazer pouquíssimos pick’n rolls, quando comparado com outras equipes. O ataque baseado totalmente na ocupação de espaços, sem a necessidade de bloqueios e cortes fora da bola foi um sucesso. Até deixar de ser.

Quando Thomas Iisalo ascendeu ao posto de técnico principal já nas rodadas finais da temporada regular, o ataque de Memphis já estava ficando ‘mais tradicional’, com Ja Morant chamando o pick’n roll em diversas situações.

Mas isso não quer dizer que tudo foi em vão. Afinal, Iisalo era assistente na comissão que implantou o ‘jogo sem pick’n roll’. Além disso, sua trajetória na Europa ficou conhecida a partir de times de pace (número de posses de bola por partida. Em geral significa ter posses mais curtas e e m maior quantidade) muito mais alto que seus adversários, o que convenhamos, casa muito bem com Ja Morant e companhia. E claro, muitos dos jogadores que conseguiram emplacar um ataque tão eficiente seguem em Memphis.

Portanto, ainda que a equipe perca algumas posições nos rankings de eficiência, o nível do ataque dos Grizzlies tende a seguir muito alto.

Um medo

Nas negociações da offseason os Grizzlies perderam três dos quatro principais chutadores do perímetro do elenco: Desmond Bane, Luke Kennard e Jay Huff. Juntos, combinaram para 5,4 acertos por partida, com quase 41% de aproveitamento. Isso sem contar Jake LaRavia, que apesar de um volume menor nos arremessos, chutou para 44%.

Em seus lugares chegaram Ty Jerome e Kentavious Caldwell-Pope. Pelos Cavs, Ty Jerome teve excelentes 44% de aproveitamento, embora num volume bem menor que Desmond Bane. Já KCP chutou acima de 40% em três das últimas cinco temporadas, mas vem do pior ano da carreira, com apenas 34% de acerto.

Quanto às características, algumas foram preservadas, outras não. Tanto Desmond Bane quanto Ty Jerome eram ‘armadores secundários’ de suas equipes, enquanto Kennard e KCP são especialistas em chutes do canto da quadra (não apenas zona morta) em situações de catch and shoot. Mas meio que para por aí. E claro, Jay Huff não foi substituído por alguém com o mesmo estilo de jogo.

A esperança reside em Cedric Coward, calouro selecionado na 11ª posição do Draft, especialista em catch and shoot no basquete universitário. Mas quanto disso irá se traduzir em alto volume e aproveitamento de arremessos já na temporada de novato?

A forma dos Grizzlies atacarem irá mudar consideravelmente, para além de voltarem a fazer pick’n roll. A maneira como o time terá que espaçar a quadra será um desafio para Iisalo e Ja Morant. Num Oeste tão concorrido, talvez não haja tempo para ajustes.

O cara

Ja Morant teve médias de 23,2 pontos, 7,3 assistências e 4,1 rebotes por jogo na última temporada. São números que ainda o colocam como principal jogador do time, mas que estão abaixo do que já entregou em momentos melhores. Os 3,7 desperdícios de bola por partida são a marca mais alta da carreira dele neste fundamento, o que também ajuda a mostrar que o armador já foi mais eficiente em outros tempos.

Parte dessa queda se explica pelas lesões que foram minando a continuidade de Morant em quadra nestes últimos anos. Mas também é importante apontar a insatisfação com o esquema tático da equipe, que tinha como princípio usar mais movimentações de jogadores sem bola e diminuição drástica dos pick and rolls, que o armador tanto gosta para produzir ofensivamente.

Por isso, fica fácil entender o motivo da insatisfação dele sobre o estado das coisas no time. Principalmente porque estava jogando mais sem a bola nas mãos do que gostaria.

Ainda antes de ser demitido, Taylor Jenkins, então treinador dos Grizzlies, tentou mudar um pouco isso e deixou a bola mais nas mãos de Morant. Os resultados não foram tão melhores assim. Jenkins acabou demitido, o finlandês Tuomas Iisalo assumiu pouco antes dos playoffs e agora terá a oportunidade de trabalhar com o time desde o começo do campeonato. Fica então a pergunta: como ele vai buscar aproveitar Morant no ataque?

Em meio a essa discussão toda sobre permitir mais vezes ou não que o armador explore o pick and roll para produzir ofensivamente, vale trazer à luz um dado interessante: ele nunca foi uma arma tão eficiente assim nesse tipo de jogada até agora desde que chegou à NBA.

Morant tem média de apenas 0,99 pontos por posse de bola em jogadas nas quais parte para definir depois de receber um corta-luz de alguém. Isso o coloca apenas na 39ª posição em um grupo de 56 jogadores que executaram esse tipo de jogada pelo menos 5000 vezes desde a temporada 2019/20.

Então parece que um time não querer depender dos pick and rolls de Morant faz bastante sentido. Criam-se então grandes expectativas a partir disso. Os Grizzlies vão continuar tentando o que irritou Morant? Ou irão priorizar o bem-estar dele, ainda que as estatísticas avançadas mostrem que os resultados não são tão brilhantes?

Também vale a pena ficar de olho

Jaren Jackson Jr teve médias de 22,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,0 assistências e 1,5 toco por partida na última temporada. Além disso, registrou aproveitamento de 37,5% nas bolas de três, o que representa um aumento em relação aos anos anteriores — apesar de não ter sido a melhor marca da carreira. Esses números, aliados à boa campanha que os Grizzlies tinham naquela altura do campeonato, o levou ao All-Star Game.

Enquanto Desmond Bane foi envolvido em uma negociação que rendeu alguns ativos futuros para os Grizzlies, Jackson recebeu uma extensão de contrato com a equipe: US$ 239,9 milhões por quatro anos. Como ele ainda tem mais um ano para cumprir do atual acordo, essa extensão só vai valer a partir da temporada 2026/27.

Garantia de que ele ficará em Memphis até 2030? Não necessariamente. O próprio Bane foi trocado depois de também ter assinado uma longa extensão de contrato, então não dá para saber o futuro. De qualquer jeito, seja como um pilar para os próximos anos ou como moeda de troca, Jackson é uma peça de valor enorme para os Grizzlies.

Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5

4 (alto) – Enquanto Ja Morant estiver em quadra tentando enterrar por cima de quem aparecer pela frente e dedicado a provar que pode conduzir um ataque do jeito que bem entender, esse time tende a ser muito legal de se acompanhar. Não precisa nem dar tão certo. Basta o armador querer tentar que já vai valer a atenção do fã de basquete nos Grizzlies.

Palpite para a temporada 2025/26 dos Grizzlies

No cenário mais otimista: Ja Morant tem a melhor temporada da carreira, briga pelo prêmio de MVP e faz os Grizzlies brigarem por mando de quadra na primeira rodada dos playoffs do Oeste. Aí o cruzamento diria o quanto mais esse time poderia avançar, mas nem com muito otimismo daria para pensar em avançar se do outro lado aparecesse o Oklahoma City Thunder.

No cenário mais pessimista: mais desentendimentos, frustrações dos jogadores com o esquema tático e derrotas, que se acumulam ao ponto de tirar os Grizzlies até mesmo do play-in e que colocam em dúvida o futuro de Ja Morant por lá.

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