Vice-campeão da temporada passada, o Indiana Pacers viu o sonho de ganhar a NBA pela primeira vez, adiado. A epopeia nos últimos playoffs terminou com o pior anti clímax possível, com a lesão de Haliburton no Jogo 7 contra o Thunder, que também o deixará fora da próxima temporada. Por isso, não parece que vai ser dessa vez que os Pacers sairão da fila.
Mas não há um cenário de terra arrasada. A grande força da equipe não foi se apoiar em um ou outro nome específico, mas em um elenco extremamente forte, intenso fisicamente, e de pouca variação de nível conforme as alterações aconteciam. É hora de colocar o modelo à prova, em circunstâncias ainda mais duras.
Como foram os Pacers na última temporada
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Campanha: 50 vitórias e 32 derrotas
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Classificação: 4° lugar na Conferência Leste
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Nos playoffs: vice-campeão ao perder para o Oklahoma City Thunder na decisão por 4 a 3 após vencer o New York Knicks (4 a 2), Boston Celtics (4 a 2) e Detroit Pistons (4 a 2) nas fases anteriores
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O que aconteceu: após um início preocupante, tanto coletivo, quanto de Tyrese Halliburton, os Pacers começaram a melhorar o desempenho na virada do ano, principalmente a partir da defesa. A campanha ficou positiva em meados de janeiro, e a quarta posição na Conferência Leste chegou naturalmente.
Nos playoffs, a equipe transcendeu. O estilo sufocante da defesa ficou ainda mais em evidência, com vitórias acachapantes sobre Bucks, Cavs e Knicks, com direito a uma série de viradas nos últimos períodos e game-winners marcantes. Na final, chegaram a ficar na frente do Thunder em duas oportunidades, mas a lesão no tendão de Aquiles de Halliburton no início do Jogo 7 sepultou as chances de um título inédito.
O elenco dos Pacers para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Kam Jones (ala-armador, 38ª escolha) e Taelon Peter (ala-armador, 54ª escolha)
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Quem mais chegou: Jay Huff (pivô, Memphis Grizzlies)
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Quem foi embora: Myles Turner (pivô, Milwaukee Bucks)
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Provável time titular: Bennedict Mathurin, Andrew Nembhard, Aaron Nesmith, Pascal Siakam, Isaiah Jackson
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Reservas: T.J. McConnell, RayJ Dennis (armadores), Ben Sheppard, Johnny Furphy, Kam Jones, Taelon Peter (alas-armadores), Obi Toppin, Jarace Walker (alas-pivôs), Jay Huff, Tony Bradley e James Wiseman (pivôs)
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Técnico: Rick Carlislie
O clima para a temporada
A lesão de Tyrese Halliburton no Jogo 7 das finais sepultou as chances de título na temporada passada e deu uma segurada nas aspirações dos Pacers para a próxima. O discurso interno é o de tentar competir ao máximo com quem está à disposição e ver o que acontece, mas todo mundo parece ciente do quanto as coisas serão bem mais complicadas sem o principal jogador à disposição.
Esse longo período sem Haliburton será usado por Rick Carlisle para alguns testes. O treinador já confirmou que pretende promover ao quinteto titular o ala Bennedict Mathurin, que intercalou alguns grandes momentos na temporada passada com outros mais atrapalhados. O plano é justamente fazê-lo evoluir nas tomadas de decisão com a bola nas mãos, algo que o treinador considera como um ponto fraco no jogo dele.
Outra ideia de Carlisle durante a ausência de Haliburton é concentrar as definições ofensivas nas mãos de Pascal Siakam, especialmente nas retas finais dos jogos, colocando-o em um papel um pouco mais semelhante ao que tinha em Toronto.
O que ainda parece um pouco mais indefinido é o dono da vaga que se abriu na posição de pivô, já que Myles Turner assinou como agente livre com o Milwaukee Bucks. Isaiah Jackson tem sido o escolhido durante a pré-temporada para iniciar os jogos, mas Carlisle já falou que Jay Huff também está vivo na disputa e que tem condições de assumir esse lugar ao longo da caminhada. Ofensivamente, Huff tem o jogo mais semelhante ao de Turner, principalmente pelo alto aproveitamento nos chutes do perímetro.
Disputar uma temporada inteira sem o seu melhor jogador e com uma baixa importante no time titular é uma realidade pela qual nenhum time gostaria de passar, mas os Pacers parecem dispostos a encarar esse desafio e usá-lo como uma oportunidade. Por isso, existe um certo otimismo e uma vontade de competir ao máximo e ver no que isso vai dar.
E no fim das contas, se der tudo errado, ao menos eles recuperaram a própria escolha de primeira rodada do próximo do Draft – que tinha sido enviada para o Toronto Raptors na negociação em que pegaram Siakam, acabou passando para o New Orleans Pelicans na troca que envolveu Brandon Ingram e voltou para Indiana às vésperas do recrutamento deste ano.
Abre aspas
“Dou ao Pascal Siakam todo o crédito do mundo. Ele é um grande líder deste time. Ele aceitou uma série de adaptações no jogo dele desde que chegou aqui, enquanto muitos outros veteranos teriam dito: ‘olha, você precisa me usar mais porque eu já fui all-star duas vezes.’ Agora, não há dúvida de que ficará com ele a missão de comandar o ataque nas retas finais dos jogos.”
A declaração é de Rick Carlisle, reconhecendo a importância de Siakam no sucesso que o time teve até aqui e admitindo que pretende explorá-lo mais para tentar compensar a ausência de Tyrese Haliburton.
Uma esperança
Apesar das pesadas ausências de Haliburton e Turner, que incluem também a mudança na armação da equipe, os Pacers podem se vangloriar de ter um estilo de jogo que pouco ou nada variava com a rotação da equipe. Há um sistema em que todos podem exercer relativamente com a mesma capacidade, partindo de uma intensidade defensiva comparável apenas à do Oklahoma City Thunder na última temporada. Não à toa, os dois finalistas.
Isso não quer dizer, claro, que a presença de Halliburton não fazia diferença. Pelo contrário. Mas ao longo de 82 partidas da fase regular, em um Leste enfraquecido, há a possibilidade real de, na prática, os Pacers pouco mudarem. Por mais que nos playoffs o sarrafo suba muito, as possibilidades são muito interessantes.
Ter uma identidade tão definida permite a Indiana fazer testes mais específicos, de encaixes em um universo já bem estabelecido, sem precisar fazer grandes ajustes em torno de uma ou outra peça. Em suma, melhorar o que já deu certo temporada passada, mas contando basicamente a mesma história.
E a grande minutagem deixada por Haliburton e Turner dá mais oportunidades para aprimorar as habilidades de quem já estava por lá, mas sem tanto espaço. É o caso de Mathurin, Isaiah Jackson, Jarace Walker e Johnny Furphy, por exemplo.
Pode parecer um lugar comum, um jargão já muito batido, desgastado e genérico. Mas que de certa forma funciona muito bem para os Pacers em 2025/26: ou vencem, ou melhoram. Salvo novas lesões devastadoras de peças importantes, é difícil imaginar um resultado em que a equipe termine a temporada insatisfeita, independente da classificação alcançada.
Um medo
Qualquer time que começa uma temporada sem dois dos cinco titulares de uma campanha que culminou em um vice-campeonato já teria motivos para temer o futuro. Até porque Tyrese Haliburton, o motor ofensivo, e Myles Turner, pilar defensivo, saíram por nada. Não chegou ninguém em troca deles, o que torna consideravelmente mais difícil a missão de substituí-los.
Se encontrar essas respostas para tentar manter a identidade do time já é um medo considerável, a incógnita com relação ao futuro de Haliburton é ainda mais. Porque diz respeito não só à próxima temporada, mas a todas as outras que vierem depois enquanto ele for um jogador ativo.
Ruptura do tendão de Aquiles é sempre preocupante. Por mais que a medicina tenha avançado em torno disso, a recuperação ainda desperta incertezas. Qualquer fã de basquete gostaria que o melhor jogador dos Pacers consiga voltar sem qualquer tipo de limitação física. Mas infelizmente isso está longe de ser uma garantia.
O cara
Sete jogadores dos Pacers tiveram média de dois dígitos em pontos por jogo na última temporada. Quem liderou a turma foi Pascal Siakam, com 20,2, produzidos com um índice de ótimos 57,2% de eficiência nos arremessos e com um aproveitamento de 39% nas bolas de três. Além disso, emplacou 6,9 rebotes e 3,4 assistências por partida.
Siakam já vinha sendo quem mais definia os ataques dos Pacers, com média de 15,2 arremessos por jogo. Conforme o técnico Rick Carlisle já adiantou, a ausência de Tyrese Haliburton deve mudar um pouco o estilo do sistema ofensivo e colocá-lo mais sobre os ombros do camaronês.
Na prática, a tendência é que ele tenha mais a bola nas mãos para criar no um contra um, em um papel um pouco mais parecido com o que chegou a exercer nos tempos de Toronto Raptors.
Também vale a pena ficar de olho
Bennedict Mathurin teve médias de 16,1 pontos, 5,3 rebotes e 1,9 assistência em cerca de 30 minutos por partida na temporada passada. Nos playoffs, usado a partir do banco de reservas, teve algumas grandes atuações. Talvez a principal delas tenha sido no Jogo 3 das finais, em que colaborou com 27 pontos para a vitória dos Pacers, que àquela altura abria 2 a 1 na série. Por outro lado, nos Jogos 5 e 6 combinados, somou 9 pontos e apenas três arremessos certos em 17 tentados.
É seguro dizer que Mathurin ainda demonstra irregularidade, e parte disso está atrelado a uma certa deficiência em tomadas de decisão no ataque com a bola nas mãos. Ainda assim, o técnico Rick Carlisle não hesitou em confirmá-lo como dono da vaga que se abriu no quinteto principal com a lesão de Tyrese Haliburton. O motivo é justamente para lapidá-lo e fazê-lo render melhor nessas situações.
Pode dar certo, pode dar errado. Mas o fato é que esse teste vai acontecer, então já existe aí uma história curiosa sobre a temporada que está por vir para os Pacers.
Mais ou menos nessa mesma linha de oportunidades, vale mencionar por aqui Isaiah Jackson. O pivô tinha apresentado alguns flashes promissores no início de carreira, mas lesionou o tendão de Aquiles logo no início da última temporada. Agora ele voltou e logo ganhou a chance de assumir a titularidade, depois da saída de Myles Turner. Será interessante acompanhar como ele vai responder a esse chamado – tanto tecnicamente como fisicamente.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
3,5 (médio para alto) – É muito provável que os Pacers não sejam tão legais de se ver como eram com Tyrese Haliburton na temporada passada. Ainda assim, aquele estilo sufocante que dificulta a vida de muitos adversários e que tem lá a sua beleza deverá continuar dando as caras.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Pacers
No cenário mais otimista: briga por playoffs durante toda a temporada acima da zona de play-in, se classifica com mando de quadra e, com alguma sorte nos cruzamentos, consegue até chegar à segunda rodada.
No cenário mais pessimista: cai alguns degraus na escala de competitividade do Leste e se vê naquele bolo de times que lutam por play-in, longe tanto do topo da tabela, quanto de uma boa escolha de Draft.
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