A aposta alta em um trio de estrelas não deu certo para o Phoenix Suns. A campanha decepcionante no último ano deixou bem claro que era hora de virar a página, o que rendeu uma série de mudanças no grupo de jogadores e no comando para a temporada 2025/26 da NBA. O que será que Devin Booker, as novas peças ao redor dele e um técnico estreante poderão fazer em uma Conferência Oeste extremamente concorrida?
Como foram os Suns na última temporada
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Campanha: 36 vitórias e 46 derrotas
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Classificação: 11° lugar na Conferência Oeste
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O que aconteceu: o começo de campanha até pareceu promissor, com oito vitórias nos nove primeiros jogos, mas logo a coisa degringolou. O sistema defensivo nunca passou perto de parecer minimamente ajustado, enquanto no ataque as principais peças simplesmente não se encaixaram. O então técnico Mike Budenholzer chegou a tentar algo um pouco mais drástico, deslocando Bradley Beal para a reserva. No fim das contas, nada parecia funcionar. As nove derrotas nos dez últimos jogos enterraram qualquer chance de beliscar ao menos um play-in, mas naquela altura dos acontecimentos, nem dá para dizer que tenha sido uma surpresa.
O elenco dos Suns para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Khaman Maluach (pivô, 10ª escolha), Rasheer Fleming (ala-pivô, 31ª escolha) e Koby Brea (ala-armador, 41ª escolha)
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Quem mais chegou: Jared Butler (armador, Philadelphia 76ers), Jalen Green (ala-armador, Houston Rockets), Jordan Goodwin (ala-armador, Los Angeles Lakers), Dillon Brooks (ala, Houston Rockets), CJ Huntley (ala), Nigel Hayes-Davis (ala-pivô, Fenerbahce/Turquia), Isaiah Livers (ala-pivô) e Mark Williams (pivô, Charlotte Hornets)
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Quem foi embora: Kevin Durant (ala-pivô, Houston Rockets), Bradley Beal (ala-armador, Los Angeles Clippers), Tyus Jones (armador, Orlando Magic), Mason Plumlee (pivô, Charlotte Hornets), Vasilije Micic (armador, Hapoel Tel Aviv/Israel), TyTy Washington (ala-armador) e Cody Martin (ala)
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Provável time titular: Devin Booker, Jalen Green, Grayson Allen, Dillon Brooks e Mark Williams
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Reservas: Collin Gillespie, Jared Butler, (armadores), Jordan Goodwin, Koby Brea (alas-armadores), Royce O’Neale, Ryan Dunn, CJ Huntley (alas), Rasheer Fleming, Nigel Hayes-Davis, Isaiah Livers, Oso Ighodaro (alas-pivôs), Nick Richards e Khaman Maluach (pivôs)
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Técnico: Jordan Ott
O clima para a temporada
Depois da campanha decepcionante da temporada passada, ficou claro que a experiência com o trio de astros não tinha dado certo e que definitivamente não havia mais como insistir nela. Era de se esperar, então, uma offseason de mudanças para os Suns.
A primeira delas aconteceu no comando da equipe: Mike Budenholzer, que teve problemas com algumas peças do elenco ao longo do campeonato, foi demitido apenas um ano após sua contratação. O escolhido para substituí-lo foi Jordan Ott, que era assistente do Cleveland Cavaliers. Aos 40 anos, o novo treinador chega aos Suns com uma reputação de ser alguém de forte comunicação com os jogadores, além de extremamente estudioso, capaz de dedicar bastante tempo da rotina para estudar novas tendências do jogo e a aplicabilidade delas ao que tem em mãos para trabalhar.
Passado esse processo, veio a hora de definir o que fazer com as outras duas estrelas, visto que a permanência de Devin Booker era um ponto de partida. Kevin Durant foi trocado com o Houston Rockets por Dillon Brooks, Jalen Green e Khaman Maluach, escolhido na 10ª posição do Draft deste ano.
Em seguida, uma decisão mais ousada: dispensar Bradley Beal por meio de um strecht, mecanismo que permite a uma equipe pagar tudo o que ainda deve a um determinado jogador com quem tem contrato ao longo de uma quantidade de tempo bem maior. Ou seja: ao invés de aproximadamente US$ 50 milhões, Beal custará aos Suns pouco menos de US$ 20 milhões na temporada 2025/26.
Será que toda essa repaginada vai bastar para competir em alto nível em uma Conferência Oeste tão concorrida? O tempo vai dizer. Mas pelo menos os Suns não vão mais ficar reféns de uma aposta alta que rendia resultados cada vez piores. Além disso, não é como se a franquia partisse para uma reconstrução total, sem nenhuma qualidade. Tal qual nos outros, há bom material humano.
Abre aspas
“Fiquei impressionado com a maneira como ele vê o jogo evoluindo e mudando. A capacidade de fazer isso não se resume apenas a observar seu time e quem você está enfrentando. Inclui também observar o restante da liga e perceber as nuances e os detalhes que os outros times estão usando para ter sucesso.”
Foi essa a resposta que Devin Booker deu quando perguntado sobre as primeiras impressões a respeito de Jordan Ott, novo técnico dos Suns. Não é garantia de nada, claro, mas iniciar essa caminhada com uma manifestação pública de apoio da principal estrela do elenco é um ótimo sinal.
Uma esperança
Os Suns agora têm Dillon Brooks, algumas novas opções para distribuir os minutos na posição de pivô e um novo treinador com a reputação de ser um grande estudioso sobre as tendências táticas do basquete. São elementos que podem dar esperança de uma melhora significativa no sistema defensivo.
Na temporada passada, o time ficou em quarto lugar no ranking das piores eficiências defensivas da NBA, com média de 117,7 pontos sofridos a cada 100 posses de bola. Só Utah Jazz (119,4), New Orleans Pelicans (119,1) e Washington Wizards (118,0) tiveram rendimento inferior nesta estatística.
Quando se olha para a formação que mais tempo permaneceu junta em quadra, a coisa fica ainda pior. Nos 119 minutos em que os Suns tiveram Devin Booker cercado de Kevin Durant, Bradley Beal, Tyus Jones e Jusuf Nurkic, a média de pontos sofridos a cada 100 posses de bola foi de impressionantes 120,9. Esse mesmo quinteto foi um desastre também ofensivamente, com 103,9 pontos anotados em média a cada 100 ataques.
Dos cinco, só Booker permaneceu. Como fica difícil imaginar alguma coisa pior do que essa experiência, o simples fato de ela não poder mais ser replicada já pode ser encarado como uma esperança de dias melhores.
Um medo
Por mais que a offseason tenha sido movimentada para enterrar a experiência com o trio de astros e dar uma reformulada no elenco, as possibilidades de futuro não são tão vastas assim. Os Suns não terão controle sobre suas escolhas de primeira rodada até o Draft de 2032, o que significa que perder de propósito pensando em vencer a loteria não é uma possibilidade pelos próximos anos. Além disso, a flexibilidade financeira é limitada.
Diante disso tudo, os Suns precisam quem as peças que agora estão ao redor de Devin Booker no elenco se desenvolvam e contribuam da melhor maneira possível, o que será um desafio e tanto.
Por mais que tenham mostrado coisas boas em suas respectivas carreiras até agora, Jalen Green e Mark Williams também têm carências a serem trabalhadas. Ryan Dunn causou boa impressão na defesa como novato, mas nem tanto participando do ataque. Khaman Maluach pode até vingar lá na frente, mas mostrou-se bastante cru na Summer League.
São muitas questões que precisam gerar boas respostas. Porque se os Suns não encontrarem um caminho com o que têm hoje em mãos, vai ficar muito difícil planejar qualquer coisa mais ambiciosa pelos próximos anos.
O cara
Devin Booker, é claro. A estrela remanescente de toda a mudança que os Suns passaram após a última temporada e que ainda assinou uma extensão de contrato: US$ 145 milhões por dois anos a mais em relação ao atual acordo. O que na prática significa que ele não será agente livre antes de 2030.
Os 25,6 pontos por jogo na temporada passada representam uma queda em relação aos anos anteriores. O aproveitamento de 33,2% nas bolas de três também. Por outro lado, as 7,1 assistências por partida foram um recorde na carreira.
A julgar pelas saídas de Kevin Durant e Bradley Beal e pela chegada de Jalen Green, tudo indica que Booker atue ainda mais como armador nesta nova fase dos Suns. O técnico recém-contratado Jordan Ott já o elegou como o “dono do time”. Nesse contexto, será interessante observar como ele irá responder à missão de envolver as peças ao redor ao mesmo tempo em que permanece como principal pontuador da equipe.
Também vale a pena ficar de olho
Dillon Brooks traz para os Suns uma forte defesa de perímetro e um aproveitamento que beira os 40% nas bolas de três, notícias muito animadoras para esse time. Mas a grande questão envolvendo o pacote que veio de Houston em troca de Kevin Durant atende pelo nome de Jalen Green, que teve médias de 21,0 pontos, 4,6 rebotes e 3,4 assistências por jogo na última temporada.
Não foram raros os momentos em que Green deu ótimas demonstrações da capacidade de pontuar com a bola nas mãos. O problema é que também se mostrou frequente uma certa dificuldade de encaixe ao lado de Alperen Sengun no sistema ofensivo do Houston Rockets. Não seria exagero dizer que sua melhor versão apareceu mais vezes nos momentos em que não teve a companhia do turco em quadra.
O esquema tático não será o mesmo nos Suns, e Devin Booker não tem características idênticas às de Alperen Sengun no que diz respeito à forma de organizar o ataque. Ainda assim, haverá uma grande expectativa para ver o quanto de impacto Green poderá causar em sua nova casa.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
3 (médio) – Há talento e histórias o bastante em torno deste time para fazê-lo não passar totalmente despercebido pelo fã de NBA ao longo da temporada. Então não é que os Suns irão frustrar quem decidir vê-los em ação. Não será uma perda de tempo. Mas tem coisa melhor.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Suns
No cenário mais otimista: Devin Booker voa como líder absoluto do elenco, alguns outros jogadores conseguem aproveitar bem o maior espaço que encontram na rotação, a defesa melhora e os Suns beliscam uma das últimas vagas do Oeste nos playoffs.
No cenário mais pessimista: mais uma temporada alguns degraus abaixo das forças do Oeste, fora dos playoffs e sem tanta convicção de que as decisões tomadas nesta offseason levarão a algum lugar.
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