O Toronto Raptors definitivamente não vive mais do título da NBA de 2018-19. A franquia cortou os últimos laços remanescentes da equipe campeã e larga de um patamar superior ao de equipes na mesma faixa da tabela. O processo de reconstrução iniciado de maneira mais tímida temporadas atrás resultou em um elenco competente, que pode ser a base de um time competitivo, ou, em último caso, atraentes peças de troca. Se a temporada passada foi irregular e cheia de lesões, 2025/26 tende a ser de afirmação e melhor desempenho.
Como foram os Raptors na última temporada
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Campanha: 30 vitórias e 52 derrotas
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Classificação: 11° lugar na Conferência Leste
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O que aconteceu: os Raptors tiveram a pior campanha da NBA até o meio de novembro. Exceto Quickley, ninguém foi desfalque por tanto tempo, mas o time nunca esteve completo. Scottie Barnes pouco jogou em novembro. Quickley só atuou consistentemente a partir de fevereiro. Poeltl ficou fora em parte de dezembro e fevereiro. Gradey Dick se machucou em março. RJ Barrett teve várias curtas ausências ao longo de todo o ano.
O pós All-Star Game foi bem melhor, com 13 vitórias e 14 derrotas, perto dos 50% de aproveitamento que colocariam a equipe no play-in. Mas já era tarde. Nesse meio tempo, trocou Bruce Brown e Kelly Olynyk por Brandon Ingram, lesionado, já visando a temporada 2025/26. Após o Draft, nova mudança: Masai Ujiri deixou o cargo de presidente dos Raptors. Por enquanto, o comando está com Bobby Webster, que acumula o cargo de gerente-geral da franquia.
O elenco dos Raptors para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Collin Murray-Boyles (ala-pivô, 9ª escolha) e Alijah Martin (ala-armador, 39ª escolha)
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Quem mais chegou: Chucky Hepburn (armador), David Roddy (ala-pivô, Houston Rockets), Sandro Mamukelashvili (pivô, San Antonio Spurs), Olivier Sarr (pivô, Oklahoma City Thunder)
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Quem foi embora: Jared Rhoden (ala), Chris Boucher (pivô, Boston Celtics), Colin Castletlon (pivô)
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Provável time titular: Immanuel Quickley, Gradey Dick, Brandon Ingram, Scottie Barnes e Jakob Poeltl
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Reservas: Jamal Shead, Chucky Hepburn (armadores), Garrett Temple, Ja’Kobe Walter, Alijah Martin (alas-armadores), RJ Barrett, Ochai Agbaji, AJ Lawson, Jamison Battle (alas), Collin Murray-Boyles, Jonathan Mogbo, David Roddy, (alas-pivôs), Sandro Mamukelashvili, Olivier Sarr e Ulrich Chomche (pivôs)
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Técnico: Darko Rajakovic
O clima para a temporada
As saídas do pivô Chris Boucher e, principalmente, do presidente Masai Ujiri, selam o fim de todas as ligações dos atuais Raptors com o time campeão de 2018/19. O sentimento é de que o time, finalmente, precisa andar para frente. Ao contrário das últimas temporadas, em que Toronto só andou de lado.
Rodeado de um elenco com bons nomes, Scottie Barnes irá para a quinta temporada NBA enquanto ainda se espera o grande salto que o firmará como uma grande estrela da liga. Da mesma maneira, o treinador Darko Rajakovic terá seu terceiro ano como técnico principal, ainda sem conseguir mostrar muitas coisas.
Olhando o elenco, é de se esperar uma campanha melhor, ainda mais considerando o enfraquecimento do leste na próxima temporada. Barnes (24), Quickley (26), Barrett (25), Poeltl (29) e Ingram (28) ainda têm uma longa carreira pela frente, enquanto Dick (21), Walter (21), Mogbo (23) e Murray-Boyles (20) têm demonstrado potencial.
Abre aspas
“Jakob Poeltl se desenvolveu em um dos melhores pivôs da liga nos dois lados da quadra. Assinar um novo contrato com ele era uma prioridade para a gente nesta ‘offseason’. Além de todo o valor que tem como jogador, nós realmente apreciamos a liderança que ele exerce no elenco e toda a experiência fora das quadras. Jakob é alguém que tem as mesmas metas que a gente. É alguém que busca vencer tanto quanto nós. Estamos animados pelo fato de ele ser um Raptor por muitas temporadas que virão.”
A declaração é de Bobby Webster, novo gerente-geral dos Raptors, a respeito do pivô titular da equipe canadense. Poeltl, que irá completar 30 anos de idade em outubro, virou agente livre ao final da última temporada, em que teve médias de 14,5 pontos e 9,6 rebotes em pouco menos de 30 minutos por partida. O novo contrato assinado o renderá US$104 milhões por quatro anos.
Uma esperança
Apesar dos vários problemas que enfrentou e das derrotas que acumulou ao longo da última temporada, os Raptors tiveram a 15ª defesa mais eficiente da liga, cedendo em média 113,6 pontos a cada 100 posses de bola dos adversários.
A posição é de meio de tabela, mas o resultado pode ser visto com bons olhos considerando a campanha geral. Primeiro que Los Angeles Lakers e Denver Nuggets, que tiveram 50 vitórias e foram aos playoffs, terminaram abaixo nesta estatística de defesa. E outra: todas as 14 equipes que superaram os Raptors tiveram pelo menos 11 vitórias a mais.
Essa diferença toda indica que há indícios de que pelo menos uma coisa parece funcionar razoavelmente neste time, que ainda não é competitivo e busca seguir se desenvolvendo, mas que pode estabelecer a defesa como ponto de partida para voos mais altos.
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Veja os melhores lances defensivos do Toronto Raptors na temporada 2024-25 da NBA (🎥 Youtube Toronto Raptors)
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Um medo
Se a defesa é a esperança dos Raptors, o ataque é o maior temor. Ter o sexto ataque menos eficiente da liga, com apenas 110,5 pontos a cada 100 posses, é alarmante, claro, mas ainda condizente com a campanha irregular na última temporada.
Mas a maneira como o ataque é construído, bem como a seleção de arremessos, são mais preocupantes. Na era dos três pontos, os Raptors foram o segundo time que menos acertou arremessos longos, com apenas 11,8 conversões por partida. O aproveitamento também não foi bom, com apenas 34,8%.
Individualmente, vários jogadores tiveram os piores números da carreira. Barnes chutou para apenas 27%. Barrett teve 35%, uma queda considerável em comparação aos quase 40% do ano anterior. Quickley também caiu, de quase 40% para 37,8%.
Por outro lado, foi a terceira equipe que mais chutou para dois pontos, com 57 tentativas por jogo. 30 delas na área restrita, sob a cesta, segundo maior índice de arremessos na região. E o pior aproveitamento: 62,1%. No geral, em todos os tipos de chutes de dois pontos, teve apenas 52,3% de acertos, o 5ª menor número em toda a NBA. Ou seja, os Raptors apostaram no pior tipo de arremesso possível que a conseguiram construir ao longo de toda a temporada.
Em 2025/26, com mudanças na armação (saída de Davion Mitchell e retorno de Immanuel Quickley saudável), o treinador Rajakovic terá a missão de reorganizar as ações ofensivas e tornar os Raptors uma equipe mais equilibrada.
O cara
Existem duas maneiras de analisar Scottie Barnes. Pelo copo meio cheio, é um jogador extremamente versátil, que começou sua carreira na NBA dividindo a criação dos Raptors com Fred VanVleet, e nos últimos anos tem jogado entre os mais altos do time, ajudando no espaçamento e com um corte agressivo em direção a cesta.
Pelo copo meio vazio, é a quarta escolha do Draft de 2021, que causou impacto logo de cara na liga, mas não chegou a ter uma grande evolução desde então. Ainda foi All-Star em 2024, mas não manteve o mesmo nível de atuações na última temporada. Foi um jogador de alto volume de arremessos, mas baixo aproveitamento.
Em seu quinto ano na liga, Barnes terá o escrutínio da comissão e da torcida, que esperam o salto final para saber se ele, de fato, pode ser a grande estrela e a cara do time. Em 2024/25, ele naturalmente foi um dos destaques. Quase todas as estatísticas dos Raptors eram melhores com ele em quadra. Mas não pareceu o suficiente.
Talvez com a companhia constante e saudável de Quickley, Barrett, Poeltl e Dick, Scottie volte a ser um All-Star e lidere a melhor campanha canadense dos últimos anos.
Também vale a pena ficar de olho
RJ Barrett ou Brandon Ingram? Qual dos dois ficará fora do quinteto titular dos Raptors? Com a recuperação da lesão de Ingram, e considerando que Gradey Dick se firmou como titular da equipe, Darko Rajakovic precisará escolher qual dos dois fará parte da primeira rotação, num papel inédito na carreira de ambos. Com idades semelhantes, Ingram ainda tem um All-Star e médias levemente melhores no currículo e chegou para aumentar a profundidade do elenco canadense.
RJ não chegou a virar a estrela esperada quando foi a terceira escolha do Draft em 2019 (nem Ingram, é verdade), mas se tornou um atleta consistente, com várias temporadas de média maior que 20 pontos e sempre titular.
Agora tende a ser parte de uma segunda unidade dos Raptors, ajudando os jovens bancários a terem mais consistência e não baixarem o nível das partidas quando estiverem em quadra.
Também existe a possibilidade de um dos dois alas serem envolvidos em trocas ao longo da temporada, uma vez que podem ser valiosos para equipes disputando o título da NBA.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
2,5 (baixo para médio) – Não é que quem parar para ver os Raptors ao longo da temporada deverá ter uma experiência ruim. Não chega a tanto. Só que esse time ainda está em uma fase de desenvolvimento, em que busca entender a melhor maneira de usar as peças que tem à disposição e, naturalmente, bate um pouco de cabeça durante o processo.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Nets
No cenário mais otimista: o time consegue melhorar um pouco o sistema ofensivo em relação à temporada passada, vence mais vezes e belisca uma vaga no play-in. E se os cruzamentos forem bem camaradas, de repente chega até a ficar com uma das vagas finais nos playoffs do Leste.
No cenário mais pessimista: mais um ano confuso, sem tanto desenvolvimento dos mais novos e com performances erráticas de quem é mais experiente, deixando os Raptors entre os piores do Leste.
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