Poucos times parecem tão imprevisíveis para a temporada 2025/26 da NBA quanto o Philadelphia 76ers. O elenco reúne estrelas e alguns jovens promissores, o que poderia sugerir uma briga pelo topo da Conferência Leste. Por outro lado, foram raras as vezes em que pôde colocar em quadra o que tem de melhor ao longo do último ano, o que justifica a campanha ruim. Veremos mais do mesmo ou uma nova história daqui para frente?
Como foram os 76ers na última temporada
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Campanha: 24 vitórias e 58 derrotas
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Classificação: 13° lugar na Conferência Leste
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O que aconteceu: as 15 derrotas nas primeiras 20 partidas derrubaram de imediato quem tinha esperanças de ver esse time brigando entre as potências da liga. Joel Embiid sofreu tanto com lesões no joelho esquerdo que entrou em quadra só 19 vezes. Paul George também teve problemas no joelho e, quando jogou, se mostrou pouco eficiente. O time até conseguiu um resultado ou outro que chamou a atenção ao longo do caminho, mas jamais ensaiou uma reação e ficou fora até de uma disputa por play-in.
O elenco dos 76ers para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: V.J. Edgecombe (ala-armador, 3ª escolha) e Johni Broome (ala-pivô, 35ª escolha)
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Quem mais chegou: Hunter Sallis (ala-armador), Trendon Watford (ala-pivô, Brooklyn Nets), Jabari Walker (ala-pivô, Portland Trail Blazers) e Dominic Barlow (ala-pivô, Atlanta Hawks)
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Quem foi embora: Jared Butler (armador, Phoenix Suns), Guerschon Yabusele (ala-pivô, Knicks), Ricky Council IV (ala-pivô) e Alex Reese (ala-pivô)
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Provável time titular: Tyrese Maxey, Jared McCain, Paul George, Kelly Oubre Jr. e Joel Embiid
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Reservas: Kyle Lowry, Igor Milicic (armadores), Eric Gordon, Lonnie Walker IV, Hunter Sallis (ala-armadores), V.J. Edgecombe, Justin Edwards, (alas), Johni Broome, Trendon Watford, Jabari Walker, Dominic Barlow (alas-pivôs), Adem Bona e Andre Drummond (pivôs)
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Técnico: Nick Nurse
O clima para a temporada
Depois de uma campanha imensamente decepcionante na temporada passada, os 76ers tiveram uma ajudinha da sorte na loteria do Draft. Afinal de contas, havia o risco de a escolha de primeira rodada ir para o Oklahoma City Thunder caso não ficasse entre as seis primeiras. O time não só a manteve como acabou subindo no sorteio para a terceira posição, na qual recrutou o armador V.J. Edgecombe.
Mas nem tudo foi animador para os 76ers na offseason. O ala-pivô Guerschon Yabusele, um dos poucos pontos de segurança no elenco ao longo do último ano, assinou com o New York Knicks. E até agora o ala-armador Quentin Grimes não acertou um novo contrato para retornar à equipe. Por outro lado, os veteraníssimos Kyle Lowry e Eric Gordon foram mantidos, apesar das críticas ao que mostraram recentemente e às dúvidas sobre o quando ainda são capazes de contribuir em alto nível.
Mas não tem jeito: as expectativas sobre os Sixers sonharem alto ou não no futuro próximo passam por Joel Embiid. O MVP da liga em 2023 sofreu demais com lesões depois disso. Na última temporada, apareceu em apenas 19 partidas. Culpa das lesões no joelho esquerdo, que tanto o atrapalharam e o fizeram passar por cirurgia. Para tentar superar esse problema e jogar com consistência daqui para frente, ele investiu tempo e esforço na offseason para mudar o porte físico. Emagreceu, apareceu bem mais leve e confiante de que assim poderá se machucar menos. O tempo vai dizer se funcionou.
Abre aspas
“Eu gosto dele. Tem carisma, é um bom garoto e dá muito duro no trabalho. Ele faz perguntas e tem o desejo de ser um jogador bom de verdade. É por gente assim que você quer estar cercado. Jogadores que querem ser grandes, ganhar jogos, competir, fazer o que for preciso para ajudar a equipe a ter sucesso. Fomos abençoados em poder pegá-lo na terceira escolha e acho que ele vai justificar essa decisão. Acredito que a franquia vai realmente apreciá-lo.”
A declaração foi de Tyrese Maxey. E o alvo dos comentários recheados de otimismo por parte dele foi o ala-armador VJ Edgecombe, que chega aos 76ers sob muita expectativa por ter sido escolhido na terceira posição do Draft.
Uma esperança
Os 76ers praticamente não contaram com força máxima na temporada passada. Joel Embiid, Paul George e Tyrese Maxey só jogaram juntos 15 vezes. É muito pouco. E como se isso já não fosse o bastante, várias outras peças no elenco também foram desfalques por tempo considerável.
Se isso tudo foi um grande azar e realmente ficar no passado, os torcedores dos 76ers podem ficar animados. Além do trio de estrelas, o elenco tem Jared McCain voltando depois de causar ótima impressão nos primeiros jogos como novato e ainda conta com uma terceira escolha de um Draft cuja safra é considera promissora. Vale também colocar nessa equação a lembrança de que Nick Nurse é um técnico com boa reputação, especialmente para montar defesas versáteis, e que já foi campeão da NBA.
E tem ainda a constatação de que o Leste pode estar completamente aberto para uma nova força, visto que Indiana Pacers e Boston Celtics, campeões nos dois últimos anos, estarão sem seus principais jogadores (Tyrese Haliburton e Jayson Tatum, respectivamente) pelos próximos meses.
É prudente ter cautela, claro. Mas há razões para se acreditar.
Um medo
A frequência de Joel Embiid disponível para os 76ers será fundamental para o sucesso ou fracasso do time. Mas para além do MVP de duas temporadas atrás, Tyrese Maxey e Paul George também são peças chave no desempenho da equipe. E apesar da temporada 2024-25 ter sido caótica como um todo, é possível dizer que individualmente eles não funcionaram. E nem em dupla.
PG13 e Maxey dividiram a quadra em quase 900 minutos no último ano, com saldo negativo. A cada 100 posses de bola, os 76ers perderam por 2,2 pontos quando estavam em quadra. Adicionando Embiid à análise, em apenas 294 minutos, o saldo segue negativo, mas menos pior: 0,6 pontos abaixo dos adversários.
Por isso, há a necessidade de que Paul George e Maxey aumentem o rendimento quando dividirem a quadra. Até porque, ainda que Embiid esteja saudável, é de se esperar uma quantidade razoável de jogos em que o pivô será poupado. Mesmo em seu ano mais ‘inteiro’, atuou por 68 jogos.
O lado bom é que a dupla de alas tem talento de sobra e há certa segurança em esperar um ano mais coeso dos outros pilares do Big3 de Philadelphia. Mas se isso não acontecer, o futuro dos Sixers será tenebroso.
O contrato de Joel Embiid tem mais quatro temporadas de duração. O de Paul George, mais três. E os salários de ambos estão na casa dos US$50 milhões anuais. Não precisa ser nenhum grande gênio da matemática para entender que é muita grana por bastante tempo. A dupla morde uma parcela considerável fatia da folha salarial.
Se a temporada não for bem sucedida, os planos da franquia para o futuro estarão seriamente comprometidos. Ficaria muito complicado montar time competitivo dentro das regras salariais da NBA enquanto tanto dinheiro estaria sendo desperdiçado.
O cara
Em condições normais de temperatura e pressão, ou seja, quando consegue jogar regularmente, Joel Embiid é um dos maiores talentos da NBA na atualidade. O problema é justamente o quanto isso tem sido difícil nos últimos tempos. O histórico de lesões não é pequeno.
Depois de ter sido MVP da liga em 2023, o pivô voltou para a temporada seguinte com números ofensivos ainda mais impressionantes: 34,7 pontos por partida e aproveitamento de 38,8% nas bolas de três, marcas mais altas da carreira. Tudo isso com médias de 11,0 rebotes e 5,6 assistências por partida. O pivô parecia imparável naquele momento. Quem o segurou foram as lesões, que o limitaram a apenas 39 jogos naquele campeonato.
Na temporada passada, o joelho esquerdo deu ainda mais trabalho. Embiid esteve presente em apenas 19 dos 82 jogos da campanha dos 76ers. E quando entrou em quadra, foi apenas sombra do que já fez em seus melhores dias. As médias de 23,8 pontos e 8,2 rebotes por partida e o aproveitamento de 44,4% nos arremessos em geral representam números bem discretos em comparação ao que registrou em anos anteriores.
Além de recuperar o joelho lesionado, o pivô passou os últimos meses treinando para ficar mais leve. A ideia é que esse novo porte físico o permita estar mais vezes em quadra daqui por diante. Fica a expectativa agora para saber se a aposta vai funcionar.
Também vale a pena ficar de olho
Tyrese Maxey foi uma das poucas boas notícias para os 76ers na temporada passada. Enquanto outros grandes jogadores do elenco decepcionaram e não conseguiram ajudar tanto quando entraram em quadra, o armador assumiu a condição de líder em muitas ocasiões e emplacou 26,3 pontos por jogo, a melhor da carreira até agora, além de 6,1 assistências e 1,8 roubo de bola por partida. A eficiência nos arremessos deu uma caída, o que até chega a ser compreensível diante da necessidade de concentrar um maior volume de finalizações em um time que se mostrou pouco competitivo.
Vale ficar de olho em como Maxey equilibrará maior participação ofensiva com rendimento? Sem dúvida. É justo também citar Jared McCain, líder em pontos por jogo entre os novatos na temporada passada e que só não entrou na disputa pelo prêmio de melhor calouro porque se machucou e disputou só 23 jogos.
Mas talvez um fator ainda mais determinante que os futuros de Maxey e McCain para os rumos dos 76ers atenda pelo nome de Paul George. A defesa de alto nível e as características ofensivas que o tornam um fácil encaixe em esquemas táticos dos mais diversos o renderam um contrato salgado com a equipe: US$ 212 milhões por quatro anos de acordo.
Até agora, o retorno está bem aquém do que foi investido. A temporada passada de George foi bastante decepcionante. Ele sofreu com lesões e participou de apenas 41 jogos, mas mesmo quando esteve em quadra não rendeu o esperado. Sofreu para fazer cestas com a eficiência de outros tempos e também não ajudou tanto defensivamente.
Se conseguir superar as lesões, voltar à velha forma e encontrar o melhor entrosamento com as outras estrelas do elenco, George vira um grande trunfo para os 76ers e pode até permitir que a equipe sonhe bem alto. Mas se o que vimos na temporada passada for o novo normal, aí esse contrato assinado por ele será uma âncora para qualquer ambição da equipe.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
3,5 (médio para alto) – O time tem Tyrese Maxey, um novato escolhido em uma posição alta do Draft e a volta de um outro jovem que certamente estaria na briga pelo prêmio de melhor calouro da temporada passada se não tivesse se machucado. São elementos que despertam uma curiosidade, vale a pena dar uma olhada nisso sempre que possível. Se Paul George e Joel Embiid forem capazes de entrar em quadra com frequência e tornar os 76ers competitivos de verdade no Leste, essa nota aumenta ainda mais.
Palpite para a temporada 2025/26 dos 76ers
No cenário mais otimista: finais de conferência ou até mesmo o título do Leste? Não seria exagero pensar nos 76ers brigando tão lá no alto assim se todas as peças estiverem saudáveis, rendendo mais ou menos o que podem. Não há garantia de que isso vai acontecer, ou mesmo de como será o encaixe de todo mundo, mas potencial existe.
No cenário mais pessimista: uma campanha mais ou menos como a da temporada passada, com alguns lampejos de brilho cercados de grandes frustrações. Talvez seja até o bastante para entrar em uma briga por play-in em um Leste possivelmente enfraquecido, mas bem aquém do que o torcedor esperava quando viu esse elenco se formar.
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