Campeonato novo, dúvida velha: quanto será que as lesões vão prejudicar a caminhada do Charlotte Hornets na temporada 2025/26 da NBA? Por mais que o elenco tenha passado por algumas mudanças e adicionado mais um jovem em escolha alta de Draft, LaMelo Ball e Brandon Miller pouco jogaram no último ano. Em qualquer projeção sobre o que essa equipe pode vir a fazer, nenhum fator é mais importante do que a frequência com que os dois principais jogadores entrarão em quadra.
Como foram os Hornets na última temporada
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Campanha: 19 vitórias e 63 derrotas
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Classificação: 14° lugar na Conferência Leste
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O que aconteceu: as cinco vitórias nos primeiros 12 jogos até poderiam sugerir um nível um pouco maior de competitividade dos Hornets em relação aos anos anteriores, mas não demorou muito para que qualquer esperança fosse embora. As lesões novamente deram as caras para afetar o elenco. LaMelo Ball entrou em quadra apenas 47 vezes. Brandon Miller, 27. Grant Williams, 16. Tre Mann, 13. Em meio a tantas ausências e algumas trocas de peças ao longo do campeonato, o time não conseguiu embalar. Teve o segundo ataque menos eficiente da liga e conquistou só 19 vitórias — pior campanha da franquia em 13 anos.
O elenco dos Hornets para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Kon Knueppel (ala, 4ª escolha), Liam McNeeley (ala, 29ª escolha), Sion James (ala-armador, 33ª escolha) e Ryan Kalkbrenner (pivô, 34ª escolha)
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Quem mais chegou: Collin Sexton (armador, Utah Jazz), Spencer Dinwiddie (armador, Dallas Mavericks), Antonio Reeves (armador, New Orleans Pelicans), Pat Connaughton (ala, Milwaukee Bucks), Drew Peterson (pivô, Boston Celtics) e Mason Plumlee (pivô, Phoenix Suns)
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Quem foi embora: Josh Okogie (ala, Houston Rockets), Jusuf Nurkic (pivô, Utah Jazz), Mark Williams (pivô, Phoenix Suns), Taj Gibson (pivô, sem time), Seth Curry (armador, sem time), Damion Baugh (ala-armador, sem time)
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Provável time titular: LaMelo Ball, Kon Knueppel, Brandon Miller, Miles Bridges e Moussa Diabaté
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Reservas: Collin Sexton, Spencer Dinwiddie, KJ Simpson, Tre Mann, Sion James e Antonio Reeves (armadores), Josh Green e Nick Smith Jr. (alas-armadores), Liam McNeeley, Pat Connaughton e DaQuan Jeffries (alas), Tidjane Salaun, Grant Williams e Drew Peterson (alas-pivôs), Mason Plumlee e Ryan Kalkbrenner (pivôs)
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Técnico: Charles Lee
O clima para a temporada
A melancólica campanha na temporada passada foi sucedida pelo azar na loteria do Draft. Os Hornets, que sonhavam pegar Cooper Flagg com a primeira escolha, caíram no sorteio e acabaram ficando com a quinta posição. O ala Kon Knueppel foi o selecionado. A esperança é que com ele a história seja diferente em relação ao ano anterior, quando Tidjane Salaun foi escolhido na primeira rodada e teve um ano de estreia decepcionante. Liam McNeeley também pode receber certo holofote. Era tido como uma escolha mais alta no Draft e ‘caiu no colo’ dos Hornets.
Outro marco importante da “offseason” dos Hornets foi a saída de Mark Williams. Depois de ter sido envolvido em uma troca com o Los Angeles Lakers durante a temporada passada e mandado de volta por não ter sido aprovado nos exames médicos, ele enfim encontrou um novo lar definitivo: o Phoenix Suns.
Por outro lado, chegaram Collin Sexton, Spencer Dinwiddie e Pat Connaughton. São jogadores mais experientes e que devem fazer parte da rotação. Se tudo der certo, podem dar retornos interessantes. Seja dentro de quadra, seja como moedas de troca em negócios posteriores.
Abre aspas
“Ganhar é sempre melhor do que perder. Foi um jogo competitivo, foi bom ter passado por essa experiência com meus colegas. Mas eu provavelmente não mereceria esse prêmio se fossem considerados todos os jogos da competição. O KJ Simpson foi o nosso melhor jogador no decorrer da campanha. Então palmas para ele. Ele me fez parecer bom.”
A declaração é de Kon Knueppel e foi dita logo depois de ele ter sido eleito o MVP da Summer League, que terminou com título dos Hornets em cima do Sacramento Kings. Foi curioso não só pela sinceridade do calouro, mas também pelo incentivo a um companheiro que ainda tem um contrato two-way com a equipe.
Uma esperança
Collin Sexton acertou 40,6% das bolas de três que tentou na última temporada e tem um aproveitamento ao longo da carreira nesses arremessos que não fica muito longe disso: 38,7%. Kon Knueppel veio do Draft depois de ter chamado a atenção dos olheiros pelo desempenho nos chutes de longa distância no basquete universitário e o potencial de transferir essa virtude para a NBA. São duas novidades no elenco dos Hornets que devem receber minutos consideráveis na rotação da equipe.
Na temporada passada, os Hornets tiveram o terceiro pior desempenho em arremessos de três pontos da NBA: o aproveitamento foi de 33,9%, superior apenas aos de Washington Wizards (33,5%) e Orlando Magic (31,8%). Foi uma deficiência que acabou colaborando bastante que a equipe tivesse o segundo ataque menos eficiente da liga, com média de 106,7 pontos a cada 100 posses de bola — só à frente dos 105,8 dos Wizards nessa estatística.
Sexton e Knueppel podem ajudar o time a melhorar bastante em algo que foi uma deficiência grave no ano passado. Isso para não falar de LaMelo Ball e Brandon Miller, que também podem colaborar bastante nesse sentido se estiverem saudáveis, agora com mais peças que podem ajudar a levar a bola e criarem o próprio arremesso.
Um medo
Não tem como não apontar as lesões aqui. Foi muita gente sofrendo ao mesmo tempo ao longo do último ano. Esse afastamento das principais peças do elenco fez com que a rotação fosse preenchida por uma série de jogadores que definitivamente não teriam espaço em condições normais.
Ainda que os Hornets estejam mirando mais o futuro do que o presente, a fundação para um sucesso lá na frente seria bastante prejudicada no caso de o departamento médico voltar a ficar cheio de jogadores importantes. O técnico Charles Lee precisa ter as principais peças à disposição para começar a construir alguma coisa.
O cara
LaMelo Ball teve média de 25,2 pontos por jogo na última temporada, o que representa um recorde na carreira até agora. Além disso, registrou 7,4 assistências, 4,9 rebotes e 1,1 roubo de bola por partida. Em uma derrota dos Hornets para o Milwaukee Bucks, emplacou o que deve ter sido sua melhor apresentação ao longo de cinco anos de trajetória profissional: anotou 50 pontos e ainda distribuiu 10 assistências. Isso sem contar o show para os fãs com jogadas acrobáticas e o já característico arremesso em uma perna só.
O problema é que participou de apenas 47 das 82 partidas que os Hornets disputaram no campeonato. Mais uma vez, as lesões foram uma questão. O armador passou por cirurgias no tornzelo direito e no punho direito. Na única temporada da carreira em que conseguiu jogar com mais consistência, a segunda, em 2021-22, LaMelo foi all-star e liderou os Hornets ao play-in. Não é difícil entender, portanto, porque há esperança nesse time se ele estiver disponível. Resta saber até que ponto isso vai acontecer neste próximo campeonato.
Também vale a pena ficar de olho
Segunda escolha no Draft de 2023, Brandon Miller teve um bom ano de estreia e foi selecionado para o quinteto ideal de calouros da liga. Na segunda temporada, teve médias de 21,0 pontos, 4,9 rebotes e 3,6 assistências por jogo, mas uma lesão no ligamento do punho direito o forçou a passar por cirurgia e o limitou a apenas 27 partidas.
Existe uma expectativa em torno desse retorno do ala. Se apresentar um salto de qualidade em relação ao ano de estreia, algo relativamente comum no caso de atletas que chegam à liga tão jovens, os Hornets ganham uma promissora carta na manga para a construção do futuro. A combinação de altura e envergadura, a boa noção de posicionamento defensivo e o potencial para se mostrar um ótimo pontuador fazem alguns especialistas enxergá-lo como alguém que pode um dia virar all-star.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
2 (baixo) – A nota só não é menor porque LaMelo Ball entrega um certo nível de entretenimento quando entra em quadra. Mas nem dá para saber com que regularidade isso vai acontecer na temporada, então o mais provável é que mais um ano passe sem que o fã de NBA dedique tanta atenção a essa equipe.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Hornets
No cenário mais otimista: o departamento médico fica consideravelmente menos cheio do que nos anos anteriores, os principais jogadores conseguem jogar com consistência, o time dá uma encorpada, chega na casa das 30 e poucas vitórias e entra na briga por uma vaga no play-in, especialmente se Kon Knueppel tiver bom desempenho.
No cenário mais pessimista: as lesões voltam a atrapalhar as principais peças do elenco, o time sofre para construir uma identidade, acumula derrotas tal qual nos dois anos anteriores, vira saco de pancadas no Leste e passa os próximos meses se contentando em torcer pela primeira escolha do Draft de 2026.
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