Estamos a 30 dias do início da temporada 2025/26 da NBA. Significa que chegou a hora de o ESPN.com.br dar início a uma série de textos para apresentar cada um dos 30 times e deixar o fã de esporte por dentro do que a melhor liga de basquete do mundo pode nos reservar.
A programação desses textos todos respeitará uma ordem crescente de forças em relação ao que se viu na temporada anterior. O Oklahoma City Thunder, atual campeão, ficará por último. Isso quer dizer que quem abre os trabalhos por aqui é o Utah Jazz, que teve a pior campanha da liga.
Como foi o Jazz na última temporada
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Campanha: 17 vitórias e 65 derrotas
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Classificação: 15º lugar na Conferência Oeste
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O que aconteceu: o time perdeu os primeiros seis jogos e nunca mais se recuperou. O fato de Lauri Markkanen ter sofrido com problemas no joelho esquerdo e ficado fora por 35 jogos só piorou o que já não estava bom. A temporada serviu então de laboratório para o treinador Will Hardy, que fez muitas experimentações com jogadores e formações.
O elenco do Jazz para a temporada 2025/26
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Escolhas de Draft: Ace Bailey (ala, 5ª escolha), Walter Clayton (armador, 18ª escolha) e John Tonje (ala-armador, 53ª escolha)
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Quem mais chegou: Kyle Anderson (ala, Miami Heat), Kevin Love (ala-pivô, Miami Heat), Jusuf Nurkic (pivô, Charlotte Hornets) e Georges Niang (pivô, Atlanta Hawks)
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Quem foi embora: Collin Sexton (armador, Charlotte Hornets), Jordan Clarkson (ala-armador, New York Knicks), John Collins (ala-pivô, Los Angeles Clippers), Micah Potter (ala-armador, San Antonio Spurs), Johnny Juzang (ala-armador Minnesota Timberwolves) e Jaden Springer (ala-armador, New Orleans Pelicans)
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Provável time titular: Keyonte George, Ace Bailey, Lauri Markkanen, Taylor Hendricks e Walker Kessler
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Reservas: Walter Clayton, Isaiah Collier (armadores), John Tonje, Cody Williams, Elijah Harkless (alas-armadores), Brice Sensabaugh, KJ Martin, Svi Mykhailiuk, Kyle Anderson (alas), Oscar Tshiebwe, Georges Niang, Kevin Love (alas-pivôs), Kyle Filipowski e Jusuf Nurkic (pivôs)
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Técnico: Will Hardy
O clima para a temporada
A “offseason” do Jazz começou com a contratação de Austin Ainge para o cargo de presidente de operações. O novo chefe chegou a tempo de conduzir o processo de escolhas no Draft. Logo em seguida, bateu o martelo para definir as saídas de John Collins, Collin Sexton e Jordan Clarkson, deixando bem clara a orientação de encher o elenco de jovens jogadores, dar espaço para que eles se desenvolvam em quadra e estabelecê-los como fundação para o futuro.
É por essa razão que não parece muito provável vermos Kevin Love, que acabou chegando ao Jazz em uma dessas movimentações, permanecendo por lá por muito tempo. Não faria sentido tê-lo tomando minutos de gente mais nova na rotação.
Abre aspas
“O cenário em que nos encontramos é um sonho. Esses caras que selecionamos no Draft são jovens que tínhamos estabelecidos antes como nosso alvo. Eles têm muito potencial e um ótimo caráter, então não poderíamos estar mais animados. São jogadores capazes de jogar nos dois lados da quadra. Estamos ansiosos para encaixar a melhor combinação possível dessas habilidades todos que eles apresentam. Mas podemos dizer que são jogadores bem capazes de colocar a bola dentro da cesta.”
Foi isso o que disse Austin Ainge, novo gerente de basquete do Utah Jazz, a respeito dos três calouros adicionados ao time via Draft.
Uma esperança
Em uma entrevista que deu ao final da temporada passada, o técnico Will Hardy deu uma resposta bastante completa ao ser perguntado sobre pontos de melhora no elenco. Ele praticamente citou jogador por jogador e apontou as principais carências de cada um. Foi, de certa maneira, inusitado. Mas não deixa de ser também um sinal do quanto o comandante está por dentro do desenvolvimento das peças que tem em mãos.
Em uma temporada sem grandes pressões por resultado, e em um momento no qual a aposta nos jovens jogadores está tão escancarada, contar com alguém que saiba como desenvolvê-los e fazê-los chegar em suas melhores versões seria uma enorme vitória para o Jazz. É claro que existe uma distância enorme entre dar uma declaração como essa e conseguir promover esse desenvolvimento de fato. Mas o primeiro passo parece animador.
Um medo
Tudo nesse time passa pelos jovens. Gente mais experiente foi negociada para abrir espaço na rotação por quem está dando ainda os primeiros passos no basquete profissional. Então é natural que o medo seja: e se essa garotada não for tão boa assim? E se toda a empolgação de Austin Ainge com quem acabou de chegar for resultado de uma leitura equivocada sobre o potencial desses jovens? E se o Jazz, por vários motivos, acabar não proporcionando o ambiente ideal para esse tipo de desenvolvimento?
O cara
Não há dúvidas de que Lauri Markkanen é o melhor jogador deste time. Durante a temporada passada, as lesões no joelho esquerdo, que apareceram em diversos momentos, o limitaram a apenas 47 partidas. As médias de 19,0 pontos, 5,9 rebotes, 1,5 assistência em cerca de 31 minutos por jogo, bem como o aproveitamento de 34,6% nas bolas de três, foram os números mais baixos que ele teve desde que chegou ao Jazz.
Mas qualquer receio sobre a forma física e até técnica dele depois de lidar com esse problema no joelho esquerdo evaporou ao longo das últimas semanas, na medida em que Markkanen foi liderando a seleção da Finlândia até as semifinais do EuroBasket — tendo deixado pelo caminho a Sérvia, de Nikola Jokic. O altíssimo nível das atuações não passou batido nem por fãs de basquete e certamente não foi ignorado por olheiros e dirigentes de equipes mais competitivas, que podem tentar obtê-lo por meio de uma troca com o Jazz.
Também vale a pena ficar de olho
Antes do Draft, Ace Bailey recusou-se a passar por avaliações de alguns times interessados em selecioná-lo. Um deles era o Utah Jazz, que mesmo assim o pegou na quinta posição. Não fosse por esse comportamento, o ala de 2,03m poderia ter sido escolhido ainda antes. Para muitos olheiros e especialistas em basquete universitário, o talento dele nunca esteve em questão.
Mas depois que se apresentou ao Jazz, a situação parece que se acalmou. Porque Bailey disse se sentir abençoado por estar na situação em que se encontra, afirmou confiar que as “incontáveis horas” que dedica aos treinos vão dar resultado e mostrou-se determinado a provar que o Jazz tomou a decisão correta ao selecioná-lo.
O talento ofensivo e a capacidade de converter arremessos de diversos cantos da quadra, diante de diferentes tipos de oponentes, foram pontos elogiados simplesmente por Kevin Durant, um dos melhores jogadores de ataque da história da NBA e um dos preferidos de Bailey. Ainda há questões a serem desenvolvidas, claro, como as tomadas de decisão com a bola nas mãos e leitura defensiva, mas nada que não seja normal para um novato.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
2 (baixo) – Até tem material humano aí nesse elenco que merece atenção vez ou outra. Ace Bailey parece ser um calouro curioso de se acompanhar e Lauri Markkanen vem de ótima fase no EuroBasket com a seleção da Finlândia. Mas nada que faça o Jazz se destacar muito na disputa com outros times pela atenção do fã de NBA.
Palpite para a temporada 2025/26 do Jazz
No cenário mais otimista: os jovens se desenvolvem, se enchem de confiança, conseguem formar um time coeso e conquistam algumas vitórias que antes pareciam improváveis. Nada ainda que renderia uma briga por playoffs, ou mesmo play-in, em uma Conferência Oeste de concorrência pesadíssima, mas que ao menos indicaria uma direção animadora para o futuro.
No cenário mais pessimista: bagunça, confusão e jovens erráticos, combinação que acabaria por render um caminhão de derrotas, sensação de que o projeto não está indo para lugar algum e, claro, muita frustração.
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