Listados no Guinness Book of Records como a dupla de maior sucesso na história da música do Reino Unido, Neil Tennant e Chris Lowe não são somente os maiores nomes do synthpop dos anos 80, mas o grupo de homens mais inteligentes do pop da história.

Com impressionantes 44 hits no top 40 do Reino Unido, incluindo músicas icônicas e definidoras de era, como West End Girls, It’s a Sin, Domino Dancing, Left to My Own Devices e Go West, por quase 40 anos, a dupla serviu comentários sociais e electro-pop contagiantes.

Chris é um expert em sintetizadores e produções eletrônicas, reconhecido por sua presença contida durante as apresentações e sua abordagem minimalista. Ele opta por permitir que a música expresse sua essência sem interferências. Sua imagem pública reservada é tão sutil que ele consegue caminhar por Londres sem chamar a atenção de ninguém. Ele tem conseguido fazer isso desde o começo dos anos 1980, o que é mais uma prova de que os Pet Shop Boys sempre estiveram alguns passos à frente de todos nós. Hoje, Lowe completa 65 anos e, como forma de celebrá-lo, mergulharemos na trajetória maravilhosa que tem sido construída ao longo da metade de sua vida.

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Existe um espaço ocupado pelos Pet Shop Boys que é só deles e assim permanecerá para sempre. Ninguém fez algo parecido com o que eles fizeram e não fará. Eles continuam sendo uma força musical única, mantendo uma dualidade de uma relevância extremamente atual e uma mística de pertencerem a eras diferentes. Existe uma abordagem ao sucesso quase imparcial dos cantores, que não clamam por atenção em mídias digitais mas permanecem latentes no imaginário coletivo.

Feche os olhos e imagine os Pet Shop Boys. Muito provavelmente a imagem observada será a de Chris e Neil parados lado a lado, talvez usando acessórios chamativos e, definitivamente, o tecladista usará óculos escuros. Não é à toa que essa imagem vem à tona: novamente, o espaço construído pela dupla permanece intacto.

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Os músicos vivenciaram um período glorioso no final da década de 1980 e no começo da década de 1990, emplacando 12 faixas na Billboard Hot 100 dos Estados Unidos. Eles alcançaram ainda mais destaque na lista Billboard Dance Club Songs, na qual ocupam a quinta posição entre os atos de maior sucesso de todos os tempos, perdendo apenas para Madonna, Janet Jackson, Rihanna e Beyoncé. Portanto, são os primeiros homens na classificação.

De fato, desde que ganharam fama com “West End Girls”, que atingiu o topo das paradas nos Estados Unidos e no Reino Unido em 1986, Tennant e Lowe mostraram uma notável capacidade de mesclar críticas sociais e sátiras políticas em suas cativantes faixas de electro pop. Eles conseguiram atingir uma fusão de imenso êxito comercial com uma perspectiva astuta ao produzir música pop que constantemente refletia sobre o contexto cultural da época.

Suburbia, single de 1986, é um exemplo de canção que se encaixa na definição acima. Ela foi parcialmente influenciada pelos distúrbios de Brixton e Toxteth em 1981, ao abordar o crescimento da inquietação social em áreas urbanas que antes eram prósperas. Outros sucessos dessa época, como “Opportunities (Let’s Make Lots of Money)” e “What Have I Done to Deserve This?”, um dueto com Dusty Springfield, expressam a ênfase na busca por lucro pessoal durante os anos de Thatcher e Reagan. “Você sempre desejou um amante, eu apenas queria um trabalho”, canta Tennant na última. O repertório dos Pet Shop Boys está cheio de referências que a grande maioria dos grupos pop nunca consideraria adicionar.

Além disso, a trajetória de Tennant antes da fama como jornalista musical na revista Smash Hits é fundamental para compreender o estilo de composição da dupla. O fato de Neil ter essa habilidade natural com as palavras, somada à sua paixão pela linguagem, foi algo que se refletiu em suas letras de maneira direta. A dupla possui uma qualidade que seria ideal para qualquer músico que queira fazer uma história notável: um ouvido atento à comercialidade atrelado à vontade de trazer aspectos mais intelectuais para suas criações.

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Além disso, como em qualquer grande parceria, uma parte complementa a outra. Chris Lowe sempre teve uma forte conexão com a cultura de baladas e, sem dúvida, é um pouco subestimado na maneira como conseguiu manter a música da dupla com um som fresco e relevante para uma nova geração de admiradores.

A paixão de Lowe pela cultura jovem e de clubes se manifesta em “Paninaro”, de 1986, uma das raras canções dos Pet Shop Boys em que ele assume a maior parte dos vocais. Este sucesso voltado para as pistas de dança foi inspirado pelos ‘paninari’, uma subcultura juvenil italiana dos anos 1980 caracterizada por seu amor por marcas de grife e um estilo de vida ostentatório e de alto consumo.

Ao longo de 35 anos de carreira, os Pet Shop Boys representaram a essência da música pop de qualidade – algo que pode ser apreciado superficialmente ou, em um nível mais profundo, se o ouvinte decidir aprofundar. É difícil argumentar contra essa afirmação. Não é necessário saber que “Being Boring“, uma canção que alcançou apenas um sucesso moderado nas paradas quando foi lançada em 1990, mas que hoje é amplamente considerada uma das melhores do grupo, foi inspirada por uma citação da socialite americana Zelda Fitzgerald, ou que Tennant escreveu a letra em memória de um amigo que faleceu em decorrência da AIDS.

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No entanto, ao descobrir esses detalhes, sua melodia impecável e produção sutil tornam-se ainda mais emocionantes. É um exemplo clássico de como Tennant e Lowe conseguem condensar uma rica gama de sentimentos em uma música pop magistralmente elaborada. Nas palavras do crítico de pop do “FT” Ludovic Hunter-Tilney, eles são “os eternos insiders-outsiders da música pop britânica, ao mesmo tempo provocadores e sofridos, dançáveis e literários, indiferentemente distantes, mas ainda assim comprometidos — nenhuma banda dominou a mistura de frivolidade e seriedade de Oscar Wilde tão completamente quanto os Pet Shop Boys”.

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