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Relembre a atuação de Kamala Harris como vice-presidente dos EUA

Em 20 de janeiro de 2021, Kamala Harris se tornou a primeira mulher negra e descendente de asiáticos a assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos.

Na época, o entusiasmo pelo o que esse marco representa foi grande, mas a figura de Kamala foi apagada durante os anos de governo Joe Biden. Seu período na Casa Branca, que ainda não acabou, foi marcado por temas espinhosos como imigração e aborto.

Após a desistência de Biden, Kamala tenta agora chegar ao posto mais alto na Casa Branca.

Relembre os principais momentos da vice-presidência de Kamala Harris:

Protagonista na campanha, coadjuvante no governo

Ao escolher Kamala Harris como companheira de chapa, Joe Biden marcou a história dos Estados Unidos.

Kamala é a terceira mulher a ser escolhida para compor uma chapa presidencial na história do país, além de ser a primeira mulher negra e filha de dois imigrantes.

A seleção de Kamala foi vista na época como um símbolo de mudança para a política americana.

Biden e Kamala participam das comemorações do Dia da Independência, na Casa Branca • 04/07/2024 REUTERS/Elizabeth Frantz

A trajetória da democrata, inclusive, é vista como não tradicional e relembra o caminho traçado pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama.

“O caso de Kamala Harris é, no entanto, peculiar. (…) Harris era uma senadora de primeiro mandato da Califórnia com pouca experiência em Washington D.C. antes de ser eleita vice-presidente. Jamais foi uma líder nacional de seu partido. Tal trajetória lembra a de Barack Obama, jovem senador de Illinois e candidato presidencial vitorioso em 2008”, destaca Lucas de Souza Martins, professor da Temple University.

Esse entusiasmo se perpetuou durante toda a campanha presidencial. O vídeo em que Kamala dizia: “Nós conseguimos, Joe” rodou o mundo e marcou o dia em que Joe Biden venceu as eleições.

Por causa da idade avançada de Biden, que na época tinha 77 anos, muitos viam Kamala como uma sucessora natural no Partido Democrata.

Mas, todo esse entusiasmo e brilho foram apagados logo nos primeiros meses de governo Biden.

Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional e professora da Universidade Católica de Brasília e da Ambra University explica que tradicionalmente o vice-presidente dos EUA assume uma posição de bastidor.

“O vice-presidente fica sim ofuscado pela figura do presidente. Tanto é verdade que a gente tende a não lembrar dos vice-presidentes pós-campanha. (…) A Kamala ficou com alguns temas muito problemáticos e que não tem solução. Por exemplo, a fronteira sul dos EUA. Dizem que ela foi pouco enérgica, mas não tem como ela ser mais enérgica, pois na figura dela está ofuscada pelo presidente”, disse Caneparo.

A questão da imigração, que será detalhada adiante, foi o calcanhar de aquiles de Kamala. 

Em 2021, Kamala foi perguntada por Lester Holt, da NBC, por que ela não visitou a fronteira entre os EUA e o México, enquanto lidava com a crise. A vice-presidente demonstrou dificuldade em responder o questionamento e acaba dizendo que não visitou a Europa enquanto estava no cargo.

A entrevista gerou duras críticas a Kamala e segundo observado pelo analista de Internacional da CNN Brasil, Lourival Sant’Anna, a vice-presidente acabou se recolhendo e sumindo dos holofotes.

Para Martins, a pouca exposição pode ser um problema, mas também uma virtude para a candidata: “Harris naturalmente sofre pela tradicional pouca exposição midiática de vice-presidentes. Por outro lado, ela se beneficia por representar um fator de novidade na política americana em um cenário de cansaço na aposta em figuras já carimbadas”.

“Czar” da fronteira

Uma das primeiras missões que Joe Biden deu a Kamala Harris foi resolver o problema da imigração. O pedido veio depois que o número de travessias disparou, reflexo das medidas anti-imigração aplicadas durante o governo de Donald Trump.

Segundo dados da Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA de 2021, 173.348 migrantes foram detidos ao tentar cruzar a fronteira sem documentos, o maior número em 20 anos.

A candidata democrata à presidência e vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, visita o muro da fronteira com um agente da Patrulha da Fronteira, perto de Tucson, Arizona, EUA • 27/09/2024 REUTERS/Kevin Lamarque

A primeira viagem internacional que Kamala fez no cargo foi para a Guatemala e para o México. A visita buscava tentar conter o fluxo migratório dos países do chamado Triângulo Norte da América Central – composto por Guatemala, El Salvador e Honduras – para a fronteira sul dos Estados Unidos com o México.

Entre as medidas anunciadas, estava o investimento de bilhões de dólares nos setores privados desses países que tinham o maior êxodo de pessoas para os Estados Unidos. Os incentivos eram destinados a empresas, com o objetivo de gerar mais empregos e mudanças a longo prazo.

Com isso, o governo Biden buscava combater os fatores que forçam as pessoas a se dirigir para os EUA, como insegurança alimentar, mudança climática, desastres naturais e violência.

O projeto, no entanto, não teve sucesso e 2023 marcou um dos piores anos para a crise na fronteira. Segundo o Departamento Nacional de Segurança dos EUA, 8.600 pessoas cruzaram a fronteira em apenas um dia em setembro do ano passado.

Os recordes geraram críticas duras ao governo Biden e principalmente a Kamala Harris.

“Qualquer questão que gere uma crise migratória na fronteira sul vai sim impactar as eleições. Dizem que ela poderia ter feito mais em relação aos americanos que se posicionam de uma forma mais conservadora e contrária às imigrações. Quando olhamos os progressistas, dizem que ela foi muito dura com as pessoas que chegaram aos Estados Unidos”, afirma Caneparo.

Os republicanos, inclusive Donald Trump, chegaram a chamar Kamala de “Czar da fronteira”. O termo “Czar” é utilizado na política americana para chamar alguém que foi incumbido pelo presidente para resolver determinado assunto.

A oposição tentou responsabilizar Kamala pelo alto fluxo de imigrantes que entram no país e culpa a democrata pela crise na segurança.

“A narrativa republicana que vincula imigração com a questão da violência nas cidades parece ecoar no americano residente dos subúrbios, regiões e bairros tradicionalmente mais ricos no país. Para quem busca soluções imediatas para estes dois temas, Harris não surge como alguém capaz de oferecer políticas imediatas para conter tais tendências. Neste ponto, a oposição leva vantagem”, afirma Martins.

Em seus eventos de campanha, Kamala Harris tem enfatizado a importância de uma abordagem que equilibre a segurança na fronteira e o atendimento dos imigrantes indocumentados que já residem nos Estados Unidos.

Kamala ataca Donald Trump ao dizer que ele travou um projeto bipartidário de imigração no Congresso, simplesmente pelo fato de que o sucesso da medida seria prejudicial para a campanha do republicano.

Kamala visita centro de aborto

Depois que a Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu a decisão conhecida como Roe vs Wade, que garantia o direito ao aborto a nível nacional, Kamala Harris lançou uma campanha chamada “Fight for Reproductive Freedoms” (“Lute pelos Direitos Reprodutivos”, na tradução livre para o português).

Após as sucessivas críticas em relação a imigração, Kamala assumiu um papel de protagonismo na defesa da saúde da mulher.

A democrata foi a primeira vice-presidente dos Estados Unidos a visitar uma clínica de aborto. “A razão pela qual estou aqui é porque esta é uma crise de saúde”, disse Kamala em agenda na clínica Planned Parenthood em Minnesota.

No início do ano, a democrata fez uma turnê para tratar do assunto por estados considerados decisivos nas eleições presidenciais. O objetivo era mobilizar os eleitores considerados moderados. Na época, Kamala ainda era pré-candidata à vice-presidência na chapa de Joe Biden.

Para Caneparo, no entanto, a posição de Kamala em relação ao aborto não irá, hoje, impactar diretamente o eleitor e principalmente o eleitor indeciso.

“Não acredito que ela ter visitado um centro de aborto vai impactar o eleitor indeciso. O eleitor indeciso tende a ser impactado por perspectivas econômicas e crises reais, como é o caso da fronteira sul, do que efetivamente do aborto”, disse Caneparo.

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