Renato Vargens – 18/03/2025 09h15

Paulo foi, sem sombra de dúvida, um dos maiores perseguidores do Cristianismo nos primórdios da Igreja Cristã. Antes de sua conversão, em Damasco ele fora um dos grandes inimigos da Igreja. Na morte de Estevão, por apedrejamento, ele esteve presente consentindo com sua chacina (At 8:1).
Paulo perseguia a Igreja de Cristo de forma implacável, não concordava com aqueles que eram do Caminho, tampouco acreditava que Jesus havia ressuscitado e estava vivo. A consequência direta disso era o ódio.
Entretanto, as Escrituras nos ensinam que, um dia, ao aproximar-se de Damasco, Paulo foi surpreendido por uma luz muito forte que brilhou ao seu redor, derrubando-o no chão. Naquele instante, ele ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”. Ele, prontamente, espantado, logo perguntou: “Quem és tu Senhor?”. Aquela luz brilhava nos seus olhos a ponto de Paulo não enxergar absolutamente nada. No mesmo instante, Paulo ouviu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At 9:1-18).
Caro leitor, após essa profícua experiência, Paulo, convencido pelo Espírito Santo de quem era Jesus, converteu-se a Cristo, tendo a sua vida transformada pelo Senhor, tornando-se assim, pela graça de Deus, um dos maiores cristãos de todos os tempos.
Pois é, a conversão de Paulo me faz entender que o Deus revelado pela Bíblia salva quem Ele quer independentemente da história ou do background da pessoa.
Paulo, do ponto de vista humano, era um individuo irreconciliável. Aliás, vale a pena ressaltar que se a salvação de alguém dependesse da nossa aprovação talvez vetássemos no “conselho divino” o perdão dos pecados de gente com o perfil do apóstolo aos gentios, até porque, nossa natureza caída é revanchista, desprovida de amor, compaixão e plenamente vingativa.
Em segundo lugar, a conversão de Paulo também me faz pensar nos “inimigos” da Igreja contemporânea. Às vezes, eu leio, nas redes sociais, alguns evangélicos dizendo: “O deputado Fulano de Tal, tem pacto com demônio”, ou “o artista Beltrano é encarnação do anticristo”, ainda, “Siclano é adversário de Deus, portanto precisa pagar por isso”. Nessa perspectiva, não são poucos aqueles que rogam ao Eterno juízo sobre os perseguidores do Evangelho e não misericórdia.
Prezado amigo, Cristo nos chama à pregação do Evangelho. Nosso Deus nos convida a rogar pelos perdidos, bem como a clamarmos ao Seu santo nome pela salvação até mesmo daqueles que nos perseguem (Mt 5:43-48; Rm 12:14).
Como seria por exemplo se recebessemos a notícia de que um adversário da fé cristã teve um encontro com Cristo, confessando seus pecados e convertendo-se a Deus? Celebraríamos sua conversão e o receberíamos como irmão? Ou seríamos tomados pela indignação de que Deus salvara um pecador?
Ora, isso me faz lembrar do episódio em que Ananias ao encontrar com Saulo, vendo que este tinha sido salvo por Cristo o chamou de irmão.
“E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: ‘Ananias!’ E ele respondeu: ‘Eis-me aqui, Senhor’. E disse-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver’. E respondeu Ananias: ‘Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome’. Disse-lhe, porém, o Senhor: ‘Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome’. E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: ‘Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo’. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado” (Atos 9:10-18).
Veja bem, Saulo foi um dos piores adversários da fé cristã, todavia, ao encontrar-se com Cristo, Deus o transformou por sua graça e misericórdia, tornando-o, Filho de Deus (Jo 1:12).
A atitude de Ananias em muito nos tem a ensinar. Esse irmão, desprovido de juízo infamatório e entendendo o maravilhoso amor de Cristo, estendeu suas mãos a Saulo recebendo-o e acolhendo-com amor.
E nós? Será que faríamos a mesma coisa com os nossos “desafetos”?
Prezado irmão, o Evangelho é maravilhoso não é mesmo? Cristo transforma o mais vil pecador em filho de Deus dando a este vida eterna. Saulo foi transformado e isso foi obra divina.
Isto posto, preguemos a Cristo, oremos por aqueles que nos perseguem (Mt 5:43-48), e roguemos ao Senhor que tenha misericórdia dos pecadores mudando suas vidas pelo poder do Evangelho.
Pense nisso!
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Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 32 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É membro dos conselhos do TGC Brasil e IBDR. |
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