Nome de destaque da música pesada contemporânea, Jinjer precisou de autorização das autoridades para voltar a realizar shows em meio a invasão russa
Nos próximos dias, o Brasil receberá pela terceira vez uma das bandas de metal mais aclamadas dos últimos anos. O Jinjer, que veio ao país em 2018 e 2022, retornam para sua turnê mais longa no país, com seis shows ao lado do Heaven Shall Burn.
Porto Alegre (30/11, Opinião), Curitiba (01/12, Tork’n Roll), Belo Horizonte (03/12, Mister Rock), Brasília (05/12, Toinha), Rio de Janeiro (07/12, Circo Voador) e São Paulo (08/12, Terra) recebem os grupos. Ingressos podem ser adquiridos neste link.
O Jinjer, em especial, tem uma história de superação. A banda de metalcore, que também alia elementos do groove metal e do progressivo, foi formada em 2008, em Donetsk, na Ucrânia, e estava em franca ascensão quando ocorreram duas situações de grande entrave.
A primeira, que afetou todo o planeta, foi a pandemia de covid-19, impedindo que Tatiana Shmayluk (voz), Roman Ibramkhalilov (guitarra), Eugene Abdukhanov (baixo), Vladislav Ulasevich (bateria) se apresentassem ao vivo. A segunda, mais específica de onde eles moram, é a invasão russa à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Devido ao conflito, o quarteto foi impedido de deixar o país por meses. Somente em junho os músicos foram liberados pelas autoridades para deixar o local. Acabaram se tornando embaixadores da Ucrânia em uma turnê que percorreu a Europa, antes de seguir para outros destinos — como o Brasil, em data única realizada em outubro daquele ano.
Testemunhando o horror
Em entrevista de 2022 ao Chaoszine (via Blabbermouth), Eugene Abdukhanov celebrou o retorno aos palcos, pois era o único momento em que poderia se esquecer da guerra. Ele também descreveu as primeiras semanas de guerra como os momentos mais horríveis de sua vida.
“Mesmo se estivéssemos fora da Ucrânia quando a guerra começasse, não poderíamos tocar, porque naquelas primeiras semanas, houve tantas mortes, tanto sofrimento, tanto horror, que não poderíamos tocar.”
O músico estava bem próximo da área de conflito: ele estava dirigindo quando explosões começaram a acontecer ao seu redor. Quando percebeu, estava no meio de um bombardeio.
“Tentei sair de lá, dirigindo 180 km em uma estrada muito estreita. Vi coisas que, antes disso, só via em filmes: grandes explosões com todos esses pedaços voando ao redor. E eles estavam caindo bem na minha frente, com toda a fumaça ao redor. Eu estava voltando para Kiev, estava apenas tentando chegar em casa o mais rápido possível. Havia engarrafamentos por pessoas tentarem sair da cidade. […] Todos ficaram em casa e a cada meia hora havia uma sirene. […] Bombas caíam a 5 ou 10 km, o que não é perto em nossa realidade, mas a terra tremia. Foi quando o cerco de Kiev começou.”
Embora o conflito continue, a situação dos membros do Jinjer parece controlada. Tanto que, além dos shows, a banda lançará em 7 de fevereiro seu quinto álbum de estúdio: Duél. Em meio aos compromissos na estrada, eles abriram a etapa europeia da turnê de despedida do Sepultura, “Celebrating Life Through Death”.