Raphinha nasceu no samba. Foi criado no samba. Tudo isso na Restinga, bairro popular de Porto Alegre. E ainda hoje, já “transformado” depois de ter encontrado a sua alma gêmea, encontra no samba o seu refúgio.
Foi mergulhado na música – e na família – que o atacante do Barcelona digeriu a última eleição da Bola de Ouro, quando tinha a expectativa de ficar entre os três melhores do mundo, mas acabou na quinta colocação.
Ora no “surto”, ora no “êxtase”, o brasileiro defende os seus com unhas e dentes. Defende também os próprios sonhos, como rejeitar Arsenal, Chelsea, Manchester United e Bayern de Munique para vestir a camisa do Barça.
Por falar em camisa (de peso), o objetivo com a amarelinha é muito claro, algo que promete levar, se preciso, até ao último dia da sua carreira: ajudar o Brasil a conquistar o hexacampeonato da Copa do Mundo.
Veja a entrevista completa com Raphinha:
O link da bio do seu perfil no Instagram é a sua playlist, sendo “Alma Boêmia” a primeira música. Um dos refrões deste samba é “Amor, me perdoa se às vezes surto”. Como é o Raphinha quando surta?
“É bom ninguém estar por perto. Sou um cara muito explosivo. Tenho um autocontrole muito alto, mas, quando as coisas fogem um pouco do meu controle, chego ao meu limite. A minha reação é bem complicada”.
Acontece mais dentro de campo ou fora de campo?
Hoje não acontece tanto, mas tempos atrás acontecia muito mais dentro de campo do que fora dele. No campo, me vejo hoje muito mais centrado, seguro as minhas reações, tenho um entendimento melhor. Antigamente, dentro de campo era mais complicado, ter a cabeça fria para reagir a certas situações. Hoje, me vejo muito mais maduro, controlo muito melhor isso.
Outra passagem da “Alma Boêmia” é “A minha doce alma gêmea”. Vai ao encontro perfeitamente desta minha pergunta: sinto que existe um Raphinha pré-casamento e outro Raphinha pós-casamento. A sua esposa (Natália) te mudou tanto assim?
Ela me transformou. Transformou a minha vida. Me fez uma pessoa melhor, me fez também um jogador melhor. Me ajudou a entender o meu valor, quem eu sou, aquilo que eu posso fazer, onde posso chegar. Obviamente, já sabia de algumas coisas, mas ela deixou isso muito mais forte em mim. Ela muitas vezes acredita mais em mim do que eu mesmo. Me mudou como homem e como profissional.
E, para fechar, mais um refrão: “Morro dos Prazeres, que você me dá”. Onde fica o seu “Morro dos Prazeres”? E o que ele te deu?
A Restinga é o meu bairro (em Porto Alegre), a Restinga é tudo. Significa tudo. Onde nasci, onde cresci, tudo aquilo que passei na minha infância, as minhas amizades, as ruas, os campos, tudo isso diz quem eu sou. Lembro sempre das minhas raízes, foi lá que aprendi todos os meus valores.
Já ouvi algumas vezes que você “cresceu no samba e por meio do samba”. É mesmo por aí?
A grande maioria dos brasileiros não vive sem música. Eu, particularmente, até por vir de uma comunidade do samba, do funk, do pagode, isso tudo está enraizado em mim. O meu pai também é músico, então nasci no meio do samba e cresci no meio do samba. Não tinha como o samba não fazer parte da minha vida.
Leva jeito para o samba?
(Risos) Levo, levo. Quebro um galho nos instrumentos de percussão.
Raphinha: brasileiro, infância complicada, cresceu no meio do samba e da essência da música brasileira, encontrou no futebol o ganha pão… É um grande exemplo a ser seguido?
Todo mundo precisa saber o seu lugar, tem que saber a forma como influenciar certas pessoas. Nós, que estamos sempre na mídia, temos que saber a nossa importância na vida das outras pessoas. Assim como tive os meus ídolos de infância, acredito que hoje sou referência para muitas crianças. Isso me motiva cada dia mais. Ser uma pessoa melhor, um homem melhor, um profissional melhor. Sempre trabalhei muito duro para conquistar o que conquistei.
Mergulhou muito na música depois da eleição da última edição da Bola de Ouro? Foi o seu refúgio?
A música é um refúgio, sim. De várias maneiras. Uso a música para me concentrar, uso a música quando estou estressado, uso a música quando estou feliz, uso a música para tudo. A Bola de Ouro, na minha opinião… Eu, particularmente, sou muito grato por tudo, por chegar aonde cheguei. Sair de onde saí, chegar até lá, estar entre os cinco melhores do mundo, isso é motivo de maior orgulho. Aquilo que pude fazer durante a temporada, eu fiz. Dei o meu melhor. Fiz gols, dei assistências, ajudei o meu time a ganhar títulos. A partir do momento que um prêmio individual foge ao meu controle, não tenho mais o que fazer. Como disse: aquilo que pude fazer, eu fiz. O maior prêmio que tenho é ver a minha família bem, feliz, meus amigos felizes, todos eles orgulhosos de mim. Não é um prêmio individual que vai ditar quem eu sou ou quem eu deixo de ser.
Mas sente que tinha espaço entre os três melhores?
Sim.
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A sua esposa Natália publicou a seguinte frase, logo depois da eleição da Bola de Ouro: “As ruas jamais vão esquecer dessa temporada”. Há aqui alguma mensagem subliminar?
Aquilo que ela escreveu, foi aquilo que ela estava sentindo no momento. Acredito que muita gente sentiu o mesmo. Foi a melhor temporada da minha carreira. Obviamente, não vou me acomodar nela. Essa temporada mostrou, e não só para mim, até onde posso chegar, que posso estar brigando por prêmios individuais e coletivos. Mas o meu objetivo principal, em todas as temporadas, é ganhar títulos com o meu time. Quando você ganha com o seu time, os prêmios individuais acontecem. Sou muito grato pela temporada passada.
Quais as diferenças do Dembélé do Barcelona para o Dembélé do PSG? Jogaram juntos no Barça…
Acho que um jogador nunca muda a sua maneira de jogar, o jogador segue o mesmo. Eu, particularmente, sigo o mesmo. O que muda é tática do time, os companheiros te conhecerem melhor, a maneira como o treinador vê o jogo… Sempre vi muito potencial absurdo nele, tudo aquilo que ele fazia nos treinos e nos jogos. Infelizmente, aqui no Barcelona, ele não conseguiu atingir o melhor nível, até por conta também das lesões. Hoje, no PSG, vejo ele muito mais maduro, na recuperação, no foco. O potencial dele sempre esteve aí, precisava apenas ter a continuidade no trabalho, e sem lesões, para mostrar tudo.
Avaí, Vitória de Guimarães, Sporting, Rennes, Leeds United e, agora, Barcelona. Degrau em degrau. É raro ver uma carreira assim. Dá para fazer uma série da sua carreira com tantos obstáculos e desafios? Seguramente, com vários episódios…
Acho que sim. A gente até brinca aqui em casa, que, se fizermos uma série, ela teria muitos capítulos. Seriam muitas temporadas. Daria uma série legal. Todo profissional constrói uma carreira única, cada um tem a sua maneira de levar. Sempre tive um foco, sempre acreditei no meu potencial. Obviamente, quando ainda estava no Avaí, não me imaginava no Barcelona, mesmo sendo isso um sonho. Sempre pensei degrau em degrau, um dia após o outro, uma temporada após a outra. Sempre busquei dar o meu melhor.
(Risos) Já tem um nome para a série?
(Risos) Não, não. Ainda não. É um projeto mais para frente. Quem sabe…
Ter passado por tantos clubes, tantos degraus, isso mais te ajudou ou mais te atrapalhou? Há, claro, os prós e contras…
O “degrau por degrau” me ajudou muito como jogador, para ter o melhor entendimento dentro de campo e também como profissional. Compreender que o meu corpo é a minha ferramenta de trabalho. Entendi melhor o futebol em cada time que passei, consequentemente me ajudou a chegar ainda mais longe. Foi o melhor que poderia ter acontecido na minha carreira. Às vezes, começar muito em grande, em um local muito grande, talvez faça você pensar que não precisa evoluir, não precisa trabalhar, não precisa se cuidar. Penso diferente. Começar do nada, sonhar muito alto…
Tem algum arrependimento?
Tudo o que passei, eu tinha que passar. Momentos bons, momentos ruins, não tiro nada. Precisei disso tudo para melhorar e evoluir. Sou mesmo muito grato por tudo.
E qual foi a sua grande vitória nesse processo todo?
A minha família. É tudo para mim. A minha esposa, o meu filho… eles são a minha maior motivação para estar bem no futebol. Se eles não estiverem bem, olha… esquece! Comigo é muito oito ou oitenta. Ou estou muito bem ou estou muito mal. E a minha família é o ponto mais importante nesse processo todo. Podem mexer comigo, mas não mexam com eles.
Você chegou ao Sporting a pedido do Jorge Jesus. Infelizmente, ele saiu ainda antes da sua chegada. Ficou aquele gostinho de ter trabalhado com ele?
Eu já estava há dois anos e meio em Portugal (no Vitória de Guimarães), já vinha acompanhando o trabalho dele no Sporting, mesmo sem saber que poderia ir para o Sporting. Quando soube do desejo do Sporting, me apresentaram o projeto e tal, me falaram que era um desejo muito grande do treinador. Foi muito legal. O Sporting queria que me apresentasse antes da janela de inverno, mas o Vitória não aceitou essa opção. Falei com ele (Jorge Jesus) brevemente, inclusive joguei contra ele no último dia da janela. Tive até conversas com funcionários do Sporting, que me falavam para arrumar uma dor, fingir alguma coisa para não jogar, e eu disse que o meu profissionalismo estava acima de tudo. Eles logo entenderam com quem estavam lidando. Falei depois com o mister, falou que queria contar comigo então na temporada seguinte, mas infelizmente não aconteceu. Cheguei lá depois, e ele já não era mais o treinador.
Conversaram depois da saída dele do Sporting?
Tenho carinho por ele, nos encontramos algumas vezes depois. Ficou mesmo aquele gostinho de ter trabalhado com ele. É um dos melhores treinadores, fez trabalhos incríveis por onde passou, e eu particularmente gosto de trabalhar com os melhores. Acompanhei muito o sucesso dele no Brasil também. Fica aquele gostinho de como poderia ter sido…
Não trabalhou com o “louco” do Jorge Jesus, mas acabou depois de ser treinado por outro louco: Loco Bielsa no Leeds. Qual foi o impacto dele na sua carreira?
Foi o responsável por realizar um dos meus sonhos, que era jogar na Premier League. Me colocou num time histórico da Inglaterra. Foi algo muito grande para mim. Sou muito grato ao Bielsa. Sempre que nos cruzamos, sempre agradeço a ele por tudo o que fez por mim. Me tornou um melhor jogador, sobretudo melhor do ponto de vista tático. Me fez competir com e contra os melhores.
O Leeds é um histórico, mas aí surge o Barcelona no seu caminho. O ápice para qualquer jogador. Como define esse episódio na sua futura série?
Era um sonho vestir a camisa do Barcelona. Acompanho o Barça desde pequeno, principalmente desde os tempos do Ronaldinho, e depois também com a chegada do Neymar. Era mesmo um sonho, jogar no Camp Nou, ganhar títulos e, quem sabe, escrever o meu nome na história do clube. Trabalhei todos os dias para chegar aqui. Dei sempre o meu melhor. Quando surgiu a oportunidade, não pensei duas vezes. Vi também que estavam dando o melhor deles por mim, então também dei o meu melhor para retribuir.
Recusou muito coisa para jogar no Barcelona?
Recusei muita coisa. Recusei muitas coisas interessantes. Prefiro sempre seguir os meus sonhos…
O que exatamente acabou por rejeitar?
Tinha o Manchester United, o Arsenal, o Chelsea, o Bayern, tinha também o Tottenham, teve mesmo muitos clubes da Inglaterra. Todos me apresentaram projetos legais, mas sempre fui muito claro com todos eles: o meu sonho estava em primeiro lugar.
Se houvesse aqui, agora, uma máquina do tempo, você voltaria ao passado para jogar no Barcelona ao lado do Ronaldinho ou do Messi?
Ronaldinho.
Mais do que um ídolo, o Ronaldinho também é hoje um amigo, certo? São colegas…
Ele foi o primeiro cara que me encantou. As coisas que ele fazia, a magia que ele levava para dentro de campo. Foi a minha primeira inspiração no futebol, e até hoje continua sendo. Gosto muito de assistir aos vídeos dele no Barcelona, no PSG, também aos vídeos dele no Grêmio. Ele também me inspira como pessoa. A gente acabou tendo mais contato ao longo da minha carreira. É uma pessoa que admiro muito, dentro e fora de campo. Se pudesse voltar no tempo, voltaria para jogar com ele.
Já falou algumas vezes no desejo, se tudo correr bem, de encerrar a Barcelona no carreira. Se não acontecer, gostaria de encerrar a carreira no Brasil? Em algum clube específico?
Tenho um desejo de disputar o Campeonato Brasileiro. Era um objetivo. Acredito que todo jogador brasileiro tem como objetivo principal jogar na primeira divisão do nosso país. Agora, para encerrar a carreira em algum clube brasileiro, aí só quem pode responder é a máquina do tempo, e infelizmente não temos a máquina do tempo.
Já que o assunto é Campeonato Brasileiro, o que tem achado do Memphis Depay no Corinthians? Estiveram juntos no Barcelona…
Foi um dos caras que me recebeu super bem aqui no Barcelona. A gente teve uma amizade. Porém, como ficamos pouco tempo juntos, o contato não foi assim tão grande. Mas chegamos a ficar juntos, foi legal. Me recebeu bem, me deixou tranquilo para executar o meu trabalho. Vê-lo no Brasil, dando visibilidade para o nosso futebol, tudo isso é muito legal. É legal que está conseguindo desempenhar o futebol dele. O futebol é uma roda gigante, às vezes vai melhor, às vezes vai pior. É assim na vida, é assim no futebol. Vejo ele muito bem no Corinthians.
Você prometeu e cumpriu: cruzou de joelhos o estádio do Barcelona, assim que conquistou a LALIGA. Tem promessa para o título da Copa do Mundo?
Também cruzar o estádio, de ponta a ponta.
Como são as suas noites a pensar na Copa do Mundo? É um sonho diário?
Não tem como ser diferente. Se você não pensar na Copa do Mundo, não pensar em representar o seu país e ganhar a Copa, então não tem nem porque vestir a camisa da seleção. O primeiro objetivo tem que ser ganhar a Copa. Esse é o meu objetivo desde que vesti pela primeira vez a camisa da seleção, e vai ser o meu objetivo até o último dia.
Como foi o primeiro encontro na seleção entre o Raphinha, craque do Barcelona, e o Ancelotti, ídolo do Real Madrid? Houve faísca? Tudo numa boa?
A gente sempre teve uma boa relação, depois dos jogos (na Espanha) havia sempre muita conversa. Foi um cara que sempre deixou a rivalidade de lado. Já me xingou muito, já puxou a minha orelha durante os jogos, mas tudo normal. Tudo dentro de campo, cada um defendendo o seu lado. E a chegada dele à seleção demonstrou exatamente isso. Me recebeu super bem, até brincou dizendo que deixei as coisas mais complicadas para ele na última temporada no Real Madrid. Tudo normal, sacanagens do futebol. A gente brinca mesmo. Ele tem tudo para levar a gente a atingir o nosso objetivo principal
Ele é o homem certo, no lugar certo?
Acho que é o homem certo, no lugar certo… e na hora certa.
O Ancelotti disse recentemente que a seleção brasileira pode “jogar bonito”. Defina, por favor, o que é “jogar bonito”.
Acho que a gente tem tudo para voltar a jogar bonito, a encantar, e fazer o que para a gente é mais importante, que é o nosso torcedor voltar a vestir a camisa da seleção e torcer pela gente.
Cansa toda hora ser perguntado, ler ou ouvir: e o Neymar? Vai estar pronto ou não vai estar pronto? Conta ou não conta? Incomoda?
Não, particularmente não me incomoda, porque para mim não é uma discussão. Ao meu ver, o Neymar, bem fisicamente, ele tem que estar na seleção sim ou sim. É um cara que é importante não só dentro de campo, como dentro do vestiário também. Então, não incomoda, porque não chega a ser uma discussão. A única discussão é se ele vai estar bem ou mal fisicamente, porque potencial ele tem para estar junto com a gente no campo.
Mas vocês conversam sobre o Neymar ali dentro ou não?
Não, porque a gente sabe o lugar dele ali dentro da seleção. Ele é um ídolo não só para mim, acredito que para a maioria dos jogadores também, ou mesmo para todos. A nossa única discussão é se ele vai estar bem para voltar a vestir a camisa da seleção.
Independentemente de ter o Neymar ou não, o Raphinha, até pela temporada passada, pode ser “o cara” da seleção na Copa do Mundo?
Acho que a gente tem muitos “caras” para a Copa do Mundo. A nossa seleção está repleta de jogadores de alto nível. Todos que vestem a camisa da seleção têm potencial para ser “o cara” da seleção. No fundo, o mais importante é o trabalho de grupo, é o trabalho em conjunto, e todo mundo está focado em dar o melhor para alcançarmos o nosso principal objetivo.
Como você acha que o torcedor brasileiro te enxerga? O fato de nunca ter jogado no Brasil, não ter uma identificação com um clube brasileiro, tem peso nas avaliações?
Acho que muita gente se baseia somente pelos jogos da seleção. Infelizmente, a gente apenas tem oito ou dez jogos por ano, mais ou menos, com a seleção, então muita gente se baseia nisso, não vê o restante da temporada. É natural muita gente te olhar negativamente, muita gente falar que você não tem potencial para jogar na seleção. É o pensamento de cada um. Não posso influenciar a cabeça de ninguém. O que possa fazer? Dar o meu melhor sempre que vestir a camisa da seleção, independentemente do que pensam de mim. Eu sei aquilo que sou, o que posso entregar, e também sou o primeiro a me criticar quando estou mal. O meu principal objetivo é fazer o torcedor brasileiro feliz, principalmente na Copa do Mundo.
Abri a entrevista perguntando como é o Raphinha quando está “surtado”. Termino, então, perguntando: como é o Raphinha em êxtase?
É um sentimento que não tem como explicar. Tento aproveitar da melhor maneira possível, junto com as pessoas que gosto, a minha família, os meus amigos. Não sou de me expor muito, tento me blindar ao máximo. Quando estou em êxtase, busco aproveitar ao máximo com as pessoas que me acompanham.