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À ESPN, Samir Xaud vê motivação política em operação da PF na sede da CBF

Em entrevista exclusiva à ESPN, Samir Xaud, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), se disse “bem mais tranquilo” após a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Roraima, que determinou a suspensão das investigações sobre o dirigente.

Em despacho, ao qual a ESPN teve acesso, o desembargador Jesus Rodrigues do Nascimento assinou a decisão alegando “constrangimento ilegal”.

Xaud foi um dos alvos da “Operação Caixa Preta”, deflagrada na manhã de quarta-feira (30). A ação tem como objetivo investigar suspeita da prática de crimes eleitorais em Roraima.

De acordo com a decisão, apesar de ser citado nominalmente em áudios investigados pela operação, não há indícios de participação de Xaud em nenhum ato ilícito, fazendo com que a ação de busca e apreensão realizada na última quarta (30) seja declarada nula.

“Eu recebi essa notícia [mandado de busca e apreensão] com bastante preocupação. Não entendia o que estava acontecendo naquele momento, mas sempre me mantive calmo. Até porque não devo nada. Quando me falaram o motivo, basicamente, eu fiquei muito surpreso, até porque não participei do pleito eleitoral de 2024. Fui candidato em 2022, então não tenho qualquer ligação com compra de votos de 2024”, disse Samir Xaud à ESPN.

“O meu nome foi arrolado no processo por uma fala, por um comentário que uma pessoa faz com o meu nome. Por aquela fala, o Ministério Público viu que não tinha nenhuma ligação e decidiu pelo não indiciamento do meu nome, para tirar o meu nome desse processo. Mas mesmo assim, o Juiz, com uma decisão arbitrária, deu o autorizo de busca e apreensão. Mas fiquei muito tranquilo por tudo que estava acontecendo. Sabia que não era comigo”.

“Aí vem a questão da imagem da pessoa arrolada num processo que tenta denegrir a imagem, mas acredito que a Justiça prevaleceu. Ontem recebemos o habeas corpus de paralisação do processo de investigação com o meu nome. A justiça se fez. A gente não controla o que as pessoas falam sobre a gente em grupos de WhatsApp. As pessoas julgam e falam sem saber. É ruim para a nossa imagem ter esse tipo de decisão arbitrária que acaba colocando em risco a imagem da pessoa. Então, mantive o meu foco, o meu trabalho à frente da CBF, até porque o futebol brasileiro precisa disso, e fiquei aguardando com bastante tranquilidade a decisão judicial. Hoje estou bem mais tranquilo, não parei de trabalhar e estou aqui focado no futebol brasileiro”.

De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos dez mandados de busca e apreensão nos estados de Roraima e Rio de Janeiro, além do bloqueio judicial de mais de R$ 10 milhões nas contas dos investigados.

O dirigente da CBF é suplente por quociente eleitoral da deputada federal Helena Lima (MDB-RR), que está no centro da investigação que teve início em 2024 após Renildo Lima, empresário e marido de Helena Lima, ser preso com R$ 500 mil às vésperas das eleições municipais.

“A Helena Lima eu conheci na campanha de 2022. Fomos adversários. Ela acabou ganhando a eleição, eu perdi, fiquei na primeira suplência do partido, do MDB. E a Helena é uma pessoa pública, como tenho relação com outros políticos também. Em 2024, a empresa Asatur, que é uma das empresas dela, comprou o naming rights da competição. Foi parceria particular, privada, de uma compra de imagem do campeonato, ela usou o nome, foi o Campeonato Asatur Roraimense de 2024. Então essa é a única ligação que nós temos. Como eu falei, não tem qualquer outra ligação. O fato que aconteceu em 2024, que envolvia o marido dela, não tem qualquer ligação comigo, então a nossa relação é somente essa”, afirmou Xaud à ESPN, garantindo não ter relação com o dinheiro em espécie que foi encontrado com o marido de Helena Lima, sendo que parte dele escondido na cueca.

“Isso eu nem sabia. Não estava nem por dentro. Estava focado no trabalho aqui da CBF, nesses dois meses aqui que estamos num momento de paz e estabilidade aqui. Então isso vai continuar. As pessoas aqui dentro sabem o que nós estamos fazendo, de trabalho, de mudança, então continuei aqui no meu foco de trabalho. Para mim é uma página virada”.

A reportagem teve acesso aos documentos que fundamentaram o pedido de inclusão de Samir Xaud entre os investigados.

Seu nome aparece em uma conversa de Renildo com Vavá do Thianguá, então candidato a vereador na cidade, mencionando a indicação do dirigente para cargo político.

Questionado sobre ter sido nominalmente citado em áudios que são parte da investigação, Samir Xaud não descartou “movimentação política” como motivação no caso.

“Acredito que por estar aí na mídia por conta desse trabalho da CBF, por tudo que aconteceu na CBF, acredito que tem pessoas que querem sempre se aproveitar. Meu Estado é um Estado muito político. Não posso afirmar, quem sou eu para afirmar. Mas, pelo cenário, me pareceu alguma movimentação política. E que nesse momento nem faz parte da minha vida. Minha vida está focada na CBF, no futebol brasileiro”.

“Estou indo hoje para a América Feminina, amanhã se Deus quiser vamos ganhar o nosso primeiro título na nova gestão. Estou indo ver as meninas, acompanhar de perto, torcer, e preparar a nossa seleção Canarinho para o ano que vem, para 2026, que a gente espera que a gente chegue em mais uma final de Copa e a gente consiga trazer a sexta estrela aqui para o Brasil novamente. Estou muito focado no trabalho, para mim esse assunto é uma página virada, acredito que Deus sabe de todas as coisas e a Justiça não falha. Acredito muito nisso, e vou continuar aqui focado no trabalho e no futebol brasileiro”.

Veja a nota oficial divulgada pela CBF após a decisão

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informa que o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima proferiu decisão suspendendo as investigações em relação ao presidente Samir Xaud.

O vice-presidente do TRE-RR destacou que “não restaram demonstrados elementos concretos de autoria e materialidade delitiva capazes de associar a participação do paciente na prática de crime eleitoral”.

Ressaltou, ainda, “grave constrangimento ilegal na decretação de busca e apreensão” e “desproporcionalidade da medida” contra o presidente da CBF.

“Sei de onde eu vim, sei quem eu sou e mantive a tranquilidade nos últimos dias, apesar da injustiça cometida e da grave exposição negativa da minha imagem. Seguirei trabalhando com foco, fé e honestidade em prol do futebol brasileiro”, declarou Samir Xaud.

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