Lula voltou do telefonema com Donald Trump dizendo que não nasceu apenas uma “química”, mas uma “indústria petroquímica”. A frase é boa, tem ritmo e humor, parece saída de um marqueteiro em dia inspirado. Mas também revela o desejo de transformar cordialidade em investimento, conversa em acordo e simpatia em negócio.
O problema é que, por enquanto, essa “indústria” ainda está no PowerPoint. O mundo real exige mais do que frases combustíveis: requer projetos concretos, tecnologia e, claro, redução de tarifas que hoje encarecem a carne, o café e até o etanol brasileiros nos Estados Unidos.
Se essa brincadeira diplomática render frutos, ótimo: o Brasil pode sair do campo das palavras para o das exportações. Se não, continuaremos produzindo o que temos de sobra, discursos inflamáveis e declarações que evaporam mais rápido que gasolina em dia de sol.
No fim das contas, talvez Lula tenha razão: com Trump, não pintou química, pintou mesmo foi um barril de expectativas. Só esperamos que ele venha com selo “livre de tarifas” e que, dessa refinaria de metáforas, saia pelo menos tarifas… nem que seja de piadas diplomáticas.


*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
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