John Hughes (1950-2009) foi o cineasta mestre da adolescência nos anos 1980. Depois ele partiu para uma linha mais ampla de comédias e um dos seus maiores sucessos foi Esqueceram de Mim (1990).
Mas sua obra prima continua sendo Curtindo a Vida Adoidado (“Ferris Bueller Day Off”), de 1986. É inacreditável que Hughes tenha escrito um roteiro tão rico e redondo em menos de uma semana. Mas conta também a perfeição com que o filme foi dirigido e editado. Ele funciona com precisão rítmica, muito ajudado pela trilha sonora.
Ferris Bueller (Matthew Broderick, no papel que o lançou para o estrelato) é um jovem mimado de família de alta classe. Um dia ele acorda e decide que a vida é muito curta e precisa ser aproveitada com intensidade. Inventa uma doença e falta no colégio. Ferris é tão charmoso que seus pais caem na sua conversa. Não só. Tem início uma campanha de solidariedade (“save Ferris”) que se espalha pela cidade.
Ferris chama para seu dia de folga sua namorada (Mia Sara) e seu melhor amigo (Alan Ruck, de Succession). O filme mostra esse dia em que os três se divertem em vários pontos de Chicago. Mas algumas das melhores partes acontecem no high school. Hughes revela com muito bom humor a chatice do sistema educacional tradicional, o tédio que provoca em alunos que pensam em qualquer outra coisa menos na aula em que estão assistindo. E isso na era pré celular.
O professor de Economia (Ben Stein) que repete “alguem sabe?” para uma classe de zumbis se tornou um ícone da falência da educação.


Outro que brilha no filme é Jeffrey Jones (de Amadeus) no papel de Ed Rooney, o diretor linha-dura e trapalhão do high school. Sua cena no ônibus escolar, ao som de “Oh Yea”, derrotado, tendo que tendo que engolir anos de arrogância no poder e enfrentando as vítimas de sua opressão é um clássico em si.


Ferris Bueller’s Day Off está disponível pela Amazon Prime.

