Todos os anos a BBC promove um concurso de intérpretes de música clássica, o BBC Proms. O Boléro, de Maurice Ravel, vai ser tocada pela 57a vez no festival. É quase uma unanimidade entre os especialistas como a composição clássica mais repetitiva e tediosa de todos os tempos. E, talvez por isso mesmo, uma das mais populares. O próprio Ravel reconheceu com um tom de ironia: “Eu escrevi só uma obra prima. Infelizmente não há música nela”.
O comentarista Neil Fisher, do jornal britânico The Times, lembra que o francês Ravel era obcecado por mecanismos repetitivos como o relógio. “Em Boléro‘, observa Fisher, “ele pegou uma ideia minúscula, apenas dois temas, e a ampliou em um crescendo repetitivo e mecânico; esses dois temas se repetem 18 vezes, com a orquestração ficando mais exuberante a cada vez (o percussionista não para, tocando o mesmo ritmo 169 vezes — uma receita empolgante para uma Lesão por Esforço Repetitivo).”
A peça original de Ravel era a trilha sonora de um balé mostrando uma mulher seduzindo vinte homens. Nessa era woke o coreógrafo Maurice Béjart transformou o balé num espetáculo gay:


Existe “salvação” para a repetitividade do Boléro? O músico americano Frank Zappa transformou a peça num reggae com suingue e variações de ritmo e instrumentação:

