Lawrence Maximus – 12/03/2025 12h16

O aumento da violência na Síria após a destituição de Assad, em dezembro de 2024, leva a uma crise humanitária ainda mais grave. As autoridades de segurança do novo governo, de orientação sunita, têm sido acusadas de atacar violentamente a minoria alauíta, que sempre foi leal a Assad e constitui uma parte importante da base de apoio do regime.
Esse ataque contra os alauítas, amplamente descrito como uma tentativa de “limpeza étnica”, resulta em massacres e em uma escalada de tensões sectárias. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora os abusos na região, reportou que mais de mil pessoas foram mortas em apenas três dias de combates. Essas mortes não se limitam apenas a combatentes, mas incluem civis, que são as principais vítimas dessa escalada de violência.
A reunião no Conselho de Segurança busca determinar os próximos passos, que podem incluir sanções, missões de observação ou até uma intervenção humanitária para lidar com a catástrofe. A pressão internacional sobre a Síria aumenta, com países ocidentais e organizações internacionais pedindo ações imediatas para proteger os civis e garantir a estabilidade na região.
O discurso do presidente interino sírio, durante o evento, pede pela paz e pela unidade nacional, prometendo investigar os massacres e punir os responsáveis. Esse apelo, no entanto, é recebido com ceticismo por muitos observadores internacionais, dado o histórico de violação de direitos humanos do governo sírio e a fragilidade do novo regime para garantir a justiça de forma eficaz.
A crescente violência e a instabilidade interna também têm repercussões regionais. A Síria, que já era um ponto de conflito geopolítico com envolvimento de potências como os Estados Unidos, Rússia e Irã, pode se tornar ainda mais volátil com essas novas tensões internas. Além disso, a crise humanitária causada por esses conflitos continua a gerar ondas de refugiados, afetando países vizinhos, como Turquia, Líbano e Jordânia.
Em suma, o aumento das tensões sectárias e os massacres em curso indicam que a Síria está longe de encontrar um caminho estável para a paz e a reconciliação.
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Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel. |
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