Juliana Leite – 05/05/2025 09h05

Desde que Jojo Todynho se assumiu de direita, a esquerda gourmet, essa mesma que posta textão no Instagram sobre empatia, não para de atirar palavras que escorrem racismo por baixo da unha. É o mesmo povo que se ajoelha diante de hashtags bonitas e discursos prontos sobre diversidade, mas que não admite que uma mulher preta, gorda, periférica e bem-sucedida ouse pensar fora do cardápio progressista. Porque o problema nunca foi o discurso — foi sempre o controle.
É curioso, para não dizer nojento, ver como o amor incondicional pregado nas timelines vem com manual de instruções. “Ame, mas só se amar como eu amo”. A turba afetiva que cita bell hooks e compartilha vídeos da Angela Davis como quem distribui flores no sinal, vira fera assim que alguém do seu zoológico ideológico resolve saltar o muro. E aí, o que sobra é a verdade mais velha do mundo: o amor, quando condicionado, é só uma forma elegante de dominação.
O que Jojo faz é ferir o script. Ela não pede licença para existir, nem permissão para pensar. E isso, na real, incomoda mais do que qualquer preferência política. Porque amor de verdade, senhores e senhoras da lacração, é generoso — não exige espelho, nem clone. Amar só quem te reafirma é um amor míope, histérico e burguês. E disso, francamente, o mundo já está cheio.
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Juliana Moreira Leite é jornalista especialista em cultura, escritora e curiosa. Nesse espaço vai falar sobre assuntos da atualidades sob a sua visão. |
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