Em entrevista coletiva após a goleada por 5 a 0 sobre o Criciúma, neste domingo (15), pelo Brasileirão, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, voltou a falar sobre o “insano” calendário do futebol brasileiro e disse que está tentando aproveitar o momento em que pode focar apenas em uma competição.
Apesar de lamentar as eliminações na CONMEBOL Libertadores e na Copa do Brasil, o treinador salientou que está gostando do ritmo mais leve de trabalho, que permite descansar seu time e fazer mais sessões de treinamento antes de voltar a campo.
O português apontou, inclusive, que se tiver uma escala de trabalho mais “relaxada” como agora, pode ser convencido a ficar mais tempo no Palestra Itália, talvez até 2030…
No momento, seu contrato vai até dezembro de 2025, com a presidente Leila Pereira tentando convencê-lo a ampliar o vínculo até 2027 caso ela seja reeleita no final deste ano.
“Muitos fatores que justificaram o nosso baixar de rendimento (em agosto). E no futebol brasileiro, quer vocês queiram, quer não, eu não conheço nenhuma equipe que consegue estar todos os anos em máximo rendimento, também não conheço nenhum jogador que consiga. E desafio vocês a dizerem um jogador que consegue estar três, quatro anos no topo. Vou voltar a dizer: é um desgaste emocional muito, muito grande”, argumentou.
“Eu consigo ter vida (com o calendário mais tranquilo), assim eu consigo viver. Se calhar, assim se a Leila quiser, se jogarmos de semana a semana, eu consigo ficar aqui até 2027. Se calhar até 2030”, seguiu.
“Com a quantidade de jogos que temos atualmente, é um desgaste físico e emocional muito grande. Fazemos muitas viagens, o Brasil é um continente, jogos sem tempo de recuperação, e, se calhar, se nós tivéssemos uma organização que tomasse decisões difíceis, nós teríamos mais jogadores de qualidade a ingressar no futebol brasileiro e valorizar o futebol brasileiro”, acrescentou.
Abel ainda brincou que, com mais tempo livre, está conseguindo fazer coisas que gosta fora do futebol, como assistir a filmes, jantar fora e levar suas filhas à escola.
“Eu aprendi com vocês (brasileiros) a viver o presente, e vou ser sincero. Com vocês, brasileiros, aprendi uma coisa: vocês vivem muito melhor a vida do que os portugueses. Tenho ciúmes disso. Vocês realmente aproveitam a vida, quem pode aproveita da vida. Não vou criar essa ansiedade em mim mesmo (sobre a reta final do Brasileirão). Vi o filme ‘Divertidamente‘, já viram esse filme? Quando é esse jogo (contra o Botafogo)? Eu agora vou descansar, já mandei uma mensagem para uma mulher perguntando aonde a gente ia jantar hoje, falei que quem vai pagar a conta sou eu”, sorriu.
“Ela ficou a tratar de onde vamos jantar, ainda dá tempo de jantar, amanhã posso ser o taxista e levar as meninas na escola, buscá-las a seguir. Preciso viver também. Isso dá energia. Se calhar, fico mais leve, durmo melhor. Agora é descansar, viver, treinar com os jogadores, temos semana limpa para treinar e preparar jogo contra o Vasco, em Brasília, ótimo, campo neutro, vamos ver o que acontece. Enquanto isso, é um jogo de cada vez”, acrescentou.
“Faltam 12, mas é uma de cada vez. Não posso ter essa ansiedade. Não posso levar o futebol tanto a sério, futebol tem que ser parque de diversões, ir para campo e sentir que tem prazer e se divertir em campo, com atitude competitiva e esforço. O resto, é olhar para a forma como os brasileiros vivem a vida. Acho que por isso vocês têm a vida tão longeva e duram tanto tempo. Quero tirar esse ensinamento para mim. Também quero aprender a viver, desfrutar também com intensidade a minha vida pessoal”, finalizou.