O novo acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA), firmado neste domingo, 27, gerou forte repercussão entre líderes políticos e empresários da Europa nesta segunda-feira, 28.
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O pacto prevê tarifa de 15% sobre a maioria das exportações do bloco para o país, fato o qual recebeu classificação de críticos como uma demonstração de fragilidade do conjunto de nações europeias.
O primeiro-ministro da França, François Bayrou, demonstrou insatisfação ao apontar o pacto como sinal de rendição. “O acordo Von der Leyen-Trump: é um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, que se uniram para afirmar seus valores e defender seus interesses, se resigna à submissão”, afirmou o líder, em postagem na rede X.
Reações políticas e empresariais na Europa


Líderes de partidos de direita na França e na Alemanha também criticaram duramente a medida, sob alegação de prejuízos ao bloco. Alice Weidel, colíder do Alternativa para a Alemanha (AfD), declarou em sua conta na X que o acordo “não é um tratado, mas um tapa na cara de consumidores e produtores da Europa!”
O setor industrial alemão, representado pela Federação das Indústrias Alemãs, sugeriu que o entendimento entre UE e EUA configura “um compromisso inadequado” e pode afetar negativamente as exportações do país. Por outro lado, a indústria automobilística europeia avaliou o acordo como positivo, de modo a destacar a redução das tarifas norte-americanas sobre carros europeus de 27,5% para 15%. No entanto, solicitou mais informações sobre os detalhes do acordo.


Sigrid de Vries, diretora-geral da Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis, afirmou que, “para o futuro, a UE e os EUA devem focar a redução dos obstáculos ao comércio automotivo transatlântico vital, abrindo caminho para laços econômicos mais fortes e prosperidade compartilhada”.
Na última sexta-feira, 25, o CEO da Volkswagen disse que a montadora pretende negociar um acordo próprio com Donald Trump. Mesmo com as críticas, o entendimento elevou os mercados de ações, já que investidores enxergam redução das incertezas no cenário global de comércio desde a ameaça de tarifas de 30% feitas por Trump para o bloco europeu, caso não houvesse consenso até 1º de agosto.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou no domingo que “o acordo cria certeza em tempos incertos, para cidadãos e empresas de ambos os lados do Atlântico”. Pelo pacto, a UE também concordou em destinar centenas de bilhões de dólares à aquisição de produtos energéticos e armamentos norte-americanos.