
O mercado mundial de açúcar deve registrar um superávit de 1,625 milhão de toneladas na safra 2025/26, revertendo o déficit do ciclo anterior, segundo o novo relatório trimestral da Organização Internacional do Açúcar (ISO). A revisão marca uma inflexão após anos de balanços apertados, embora a entidade destaque que os estoques seguem historicamente baixos.
A organização também reduziu o déficit estimado para 2024/25 para 2,916 milhões de toneladas, contra projeção anterior de 4,879 milhões. Mesmo com a melhora, o nível de estoques continua crítico: o índice estoque/uso deve cair a 52,74% em 2025/26. A demanda global deve avançar 0,56% na safra, para 180,142 milhões de toneladas, após o recorde de 181,207 milhões em 2023/24. O consumo resiliente limita o alívio esperado a partir do superávit.
Apesar da virada para superávit do açúcar, os preços internacionais continuam enfraquecidos. A média mensal de novembro (até o dia 11) do contrato mais negociado na Bolsa de Nova York ficou abaixo de 14 cents/lb, menor nível em 57 meses. Entre maio e julho, o açúcar bruto em dólar recuou 6%, movimento amplificado pelo dólar mais fraco. No Brasil, o açúcar cristal caiu ao menor preço em três anos. A OIA mantém visão neutra para os próximos três meses, citando a combinação de superávit, sazonalidade de moagem e ampla disponibilidade exportável.
Etanol global cresce, Brasil recua
O superávit de açúcar também influencia o mercado de biocombustíveis. A produção global de etanol deve subir para 120,6 bilhões de litros em 2025 (+1,7%), enquanto o consumo alcançará 120,5 bilhões (+2,6%). Segundo a OIA, os EUA devem atingir 61,5 bilhões de litros, novo recorde. Além disso, o Brasil deve recuar para 32,7 bilhões, ante 33,7 bilhões, devido à priorização do açúcar. Já a Índia deve avançar de 7,2 para 9,5 bilhões de litros, impulsionando a meta de mistura de 20%.

