O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na manhã desta quinta-feira, 24, uma nova fase dos interrogatórios sobre a suposta tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. As oitivas começaram às 9h, por videoconferência. Os depoimentos envolvem réus dos núcleos 2 e 4 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
No período da manhã, prestaram depoimento dois integrantes do núcleo 4. A PGR acusa esse grupo de militares e agentes da segurança pública de participarem de ações contra o processo eleitoral. Segundo a denúncia, eles promoveram desinformação e ataques virtuais a autoridades e instituições.
Um dos primeiros a falar foi Marcelo Araújo Bormevet, policial federal que atuou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele negou qualquer vínculo com Bolsonaro.


“Foi publicado pela imprensa que eu era braço direito de Bolsonaro, que fui eu que indiquei Ramagem [Alexandre] à direção-geral da Abin”, disse Bormevet. “Mas isso é mentira, queria deixar bem claro que eu não conheço Bolsonaro, nunca me encontrei com ele, só conheço pela televisão. Não tenho nem o contato dele, nunca recebi nenhuma demanda.”
O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, coordenou os trabalhos
Outro nome do núcleo, o major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros negou ter articulado com o general Braga Netto qualquer ação para pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a aderir a um suposto plano de golpe. O militar afirmou que as mensagens enviadas pelo general pareciam “choradeira de quem perdeu”. Ele também negou ter feito “ataques aos militares” que, segundo a acusação, não teriam aderido ao plano.
Além de Bormevet e Barros, também devem ser ouvidos:
- Ângelo Martins Denicoli (major da reserva),
- Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente),
- Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel),
- Reginaldo Vieira de Abreu (coronel),
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
O gabinete do ministro Alexandre de Moraes coordenou os trabalhos. Todos os réus têm o direito de permanecer em silêncio. As perguntas são feitas por representantes da PGR e da equipe do ministro.


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Também nesta quinta-feira, o STF deve ouvir nomes do núcleo 2. Entre os mais aguardados está Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro, e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal.
Outros integrantes do núcleo 2 também prestarão depoimento:
- Marcelo Câmara (ex-assessor de Bolsonaro),
- Mário Fernandes (general do Exército),
- Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal),
- Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto de Segurança do Distrito Federal).
Os réus respondem por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio público.
A denúncia foi dividida em quatro núcleos. O primeiro, que inclui Bolsonaro e outros sete réus, já passou pela fase de interrogatórios. Essa etapa segue para as alegações finais. O julgamento deve ocorrer em setembro. O núcleo 3 será ouvido na próxima segunda-feira, 28.