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Agora fora do São Paulo, Belmonte esclarece vendas da base, lamenta lesões e projeta 2026: ‘Estarei na torcida’

Responsável pelo futebol do São Paulo nos últimos anos, Carlos Belmonte, que deixou o clube na última semana, vinha sendo muito criticado pelos torcedores por algumas questões. Uma delas, e talvez a que mais incomodava os fãs, é em questão a questões financeiras.

O clube viu a sua dívida explodir nos últimos anos e, em 2025, certamente bateria na casa de R$ 1 bilhão. A estratégia montada pela diretoria para impedir isso foi conter alguns gastos e, sobretudo, vender jogadores.

Com isso, vários jovens, alguns deles ainda praticamente sem jogar no time principal, foram “liquidados”. Nessa, saíram atletas como William Gomes, Matheus Alves, Lucas Ferreira, entre outros. Todos eles mostravam grande potencial, mas como a palavra de ordem dentro do São Paulo era pela necessidade de dinheiro, todos por valores considerados baixos.

Em entrevista exclusiva à ESPN, Belmonte explicou o posicionamento, dizendo que foi uma decisão conjunta, mas descartando que cada um deles pudesse ser vendido por valores maiores.

“Tomou-se uma decisão no início do ano. O regime é presidencialista. Isso não quer dizer que eu não concorde. O presidente tomou uma decisão no começo do ano de que não iríamos fazer contratações e teríamos de dar superávit. Essa foi a decisão tomada. O único jeito de dar superávit era vendendo atletas. Segui uma determinação do presidente. Todas as vendas que fizemos são coletivas. Eu participei de todas. Não estou dizendo que o presidente queria vender e eu não queria. Se eu fizesse isso, estaria sendo mentiroso. A decisão é coletiva. Não foi do Julio Casares. Pensamos juntos e vendemos. Sobre valor, é uma discussão tola. É uma lei de oferta e procura. O mercado chega com uma proposta. Claro que o mercado, ao saber que o São Paulo está em um momento financeiro mais difícil, a proposta vem menor. É natural. Buscamos o máximo possível e fazemos a venda. Se é baixo ou alto, é uma discussão que não cabe. Cabe proposta que tem e necessidade que tem de venda. Precisávamos correr atrás de superávit. Essa foi a decisão. Aí você pode entrar em questão de conceito. É assim que tem de ser? Não é? Aí é uma outra dicussão. Eu posso ter um pensamento, o presidente outro. Diante do pensamento que foi colocado, de ter superávit neste ano, o único jeito era vendendo atletas”, iniciou, deixando claro que apesar da estratégia, sempre foi contra a chamada “venda da base”, em uma possível parceria que o clube poderia fazer com o empresário Evangelos Marinakis, que investiria dinheiro nas categorias de base, em troce de percentual no passe dos atletas.

“Conceitualmente, sou contra vender parte da base. Cotia é nossa mina de ouro. Vendi 230 milhões este ano, quase tudo da base. Por que entregar percentual por 250 milhões? Não concordo.”

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‘Tirar o foco da derrota’: Belmonte explica relação com o grupo do São Paulo e como reagiram com saída

Carlos Belmonte falou com exclusividade à ESPN

Questionado se no próximo ano o São Paulo poderá segurar mais jogadores da base, Belmonte disse que tudo isso faz parte de um processo de revitalização financeira.

“Para falar a verdade: querer vender, não queria vender nenhum. Acho que todos poderiam evoluir e dar mais ao São Paulo. É claro que depois que vão fica mais fácil olhar. Mas sempre achamos que o William seria um jogador que teria um crescimento maior ainda aqui. Eu gostaria, o Julio gostaria, Muricy Ramalho, Rui Costa, todos gostariam que esses meninos ficassem dois, três, quatro anos conosco e a gente pudesse maturar mais. Mas é uma situação financeira, que tem de buscar recursos para manter o clube. Você acaba não conseguindo que eles fiquem mais tempo. Isso tem de mudar. Há uma questão que me incomoda muito, que é uma coisa pessoal, que o São Paulo passou a falar só de dívida. Isso quer dizer que acho que a dívida não é importante? Claro que não. Mas temos de falar mais em receita, como conseguir mais receita, como gastar menos no dia a dia. É só no futebol? Não tem outras áreas para gastar menos? Não tem de fazer alguns processos para arrecadar mais? Não temos de investir mais no futebol para também arrecadar mais? São pensamentos. Esse debate vai surgir mais adiante. Mas para o quatro atual não tínhamos outro caminho que não fosse esse para ter superávit.”

‘Quantas vezes pudemos colocar esses quatro jogadores em campo simultaneante?

E se os jovens foram saindo, o time do São Paulo foi, por outro lado, se reforçando com veteranos, sobretudo em fim de contrato. E o que aconteceu foi uma série de lesões na maioria deles.

“Não gastamos em transferências. É uma decisão que tomamos no início do ano. Nenhuma exceção. Não podemos contratar nenhum jogador pagando transferência. Luva paga para qualquer atleta. Mesmo quando paga transferência, paga luva. Qualquer atleta tem luva. São coisas diferentes. Contratamos jogadores visando equilíbrio do time. Alguns renderam, outros não renderam. O Oscar se machucou, depois teve questão da saúde, perdemos um grande nome para a temporada. Perdemos Calleri, André, Ryan. Tivemos problemas do Lucas. Se todos os jogadores da temporada que perdemos por problemas estiverem no próximo ano, teremos um time mais forte. Aí talvez com dois, três, quatro reforços… Não conseguimos ver todos os jogadores simultaneamente. Tivemos um jogo contra o Corinthians com Calleri, Luciano, Oscar e Lucas, fizemos uma partida brilhante. Quantas vezes pudemos colocar esses quatro jogadores, que eram a base do time que imaginávemos, em campo simultaneante? Vamos ver na próxima temporada como vai ser. Estarei na torcida para que dê tudo certo.”

As lesões, segundo ele, “não aconteceram por azar”: “Nunca digo que é azar. Mas tivemos muitas lesões por trauma, tivemos alguns problemas por doença. Não é azar ou sorte, é do futebol. Os números que tenho de lesões musculares são semelhantes aos de outras temporadas, não houve acréscimos. Tivemos mais [lesões por] traumas dessa vez. Isso acabou desfalcando um pouco mais nosso time. E um problema sério do Lucas, que acabou não se resolvendo. Não por ineficiência de ninguém, mas por ser um problema que acabou ficando um pouco mais difícil. Mas tenho certeza que ele na próxima temporada vai nos ajudar demais. É um jogador fantástico e muito comprometido com o São Paulo.”

E se com Lucas a expectativa é que esteja à disposição logo no início da temporada que vem, o mesmo talvez não acontece com Oscar. Principal reforço do São Paulo para 2025, o meia se machucou algumas vezes ao longo do ano. Como se não bastasse, já na reta final, teve um problema de saúde ainda mais grave, com o diagnóstico de síncope vasovagal, sofrido enquanto fazia testes físicos.

Apesar do camisa 8 já ter recebido alta hospitalar e estar bem, ele ainda está em repouso e ninguém sabe ao certo se seguirá atuando profissionalmente. Nem mesmo Belmonte.

“Não conversei com o Oscar a respeito disso. Acho que é uma indelicadeza neste primeiro momento conversar isso com o atleta. Tem de deixá-lo tranquilo, buscar a recuperação. Eu gostaria imensamente que o Oscar voltasse a jogar. Nos ajudaria demais. Se ele estivesse nesta temporada, teria nos ajudado muito. É um jogador extra série, muito comprometido, muito trabalhador. Gostaria muito que voltasse. Mas também gostaria que ele tomasse a decisão que é melhor para a vida dele. A decisão que ele tomar cabe ao São Paulo apoiar. Se decidir parar de jogar, o São Paulo tem de apoiar, agradecer, porque veio aqui, se dedicou, buscou ao máximo. Se ele voltar a jogar, gostaria de tê-lo no elenco, porque nos ajudaria muito, não tenho dúvida.”

O São Paulo ainda entra em campo mais duas vezes na atual temporada. A primeira delas já nesta quarta-feira (3), dia em que recebe o Internacional na Vila Belmiro.

Próximos jogos do São Paulo:

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