Embora as imagens rurais sejam as mais associadas ao agronegócio, o setor não se restringe ao lado de dentro da porteira. Nem mesmo o mais simples arroz vai direto para a panela. Antes de bater à porta, o agro abastece a indústria.
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As linhas de produção transformam as safras no mix que tirou o homem da vida selvagem. Facilidades como carne limpa, leite seguro viraram padrão. Mas a lista não para nisso. A variedade lota as prateleiras de todos os tipos de lojas, com itens como manteiga, massas, chocolates, óleos, bebidas, camisetas de algodão e até as embalagens para transportá-los simplesmente não existiriam sem a ponte entre o agro e a indústria.
Quando o agro passa pela indústria
A distância entre a roça e a mesa varia de grão em grão e de animal para animal. O arroz, por exemplo, pode ser branquinho, integral, vermelho ou para risoto. Em todas as variações, passa por um processo de beneficiamento feito com máquinas e operários. A fórmula pode ir do simples descascamento ao polimento do alimento mais sofisticado. Só depois disso, o alimento vai para as embalagens com rótulo, prazo de validade e especificações de origem.


Para a embalagem, porém, o caminho tem mais curvas. As caixas de papelão, geralmente, vêm da celulose extraída das plantações de árvores como eucaliptos e pinheiros — algo feito dentro de uma indústria, com caldeiras para aquecer a biomassa e tratamentos para conseguir o material. Depois, essa matéria-prima vira todos os tipos de papel — desde os da cozinha até os do quarto, da sala e do banheiro.
O ciclo roça, indústria e gente é vital para a sociedade como a conhecemos. Muito pouco do consumo humano escapa dele. Em um churrasco, por exemplo, apenas a churrasqueira e os utensílios de metal ficam de fora.
O alimento da agroindústria
Picanha, linguiça ou qualquer outro corte: a carne vem de um açougue alimentado por um frigorífico que vende a carne extraída dos animais comprados de uma propriedade rural. Isso vale para todas as espécies, incluindo a maioria dos peixes e muitos frutos do mar que passaram a ser cultivados, em vez de pescados. Quer um exemplo? O camarão, hoje, é grande negócio para os criadores do Nordeste.
O carvão é outro que não escapa. A origem é de árvores plantadas, cuja lenha torra em grandes fornos. O álcool para acender o braseiro é outro produto que começa na roça. Vem de grãos, como o milho, ou da cana-de-açúcar, triturada para extrair o caldo.
Depois de fermentado e aquecido, o líquido pode ir por três caminhos: combustível — alimento também dos motores —, o açúcar e a cachaça — que, depois de adoçada e misturada com o limão vira caipirinha para refrescar tanto o churrasqueiro quanto os convidados.
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Há ainda grandes chances de as roupas dessa gente toda dependerem dos produtores rurais para existir. Se for couro legítimo, veio da criação que passou pelo frigorífico. Mas, se for fibra vegetal, como o algodão, foi colhida na plantação e tecida na fábrica antes de virar toalha, camiseta, calça, meia, jaqueta ou roupão. Nem o calçado de borracha foge à regra. A borracha vem do látex, que é extraído nas plantações de seringueiras, e as fábricas a transformam em calçados, bolas, utensílios de saúde e tudo o que for lucrativo.
Todo esse mix faz parte da agroindústria — nome do segmento que dá nova roupagem às matérias-primas do campo. Trata-se de uma das riquezas do agronegócio, que está entre as principais fontes de dólares para o Brasil.
Ao longo de 2024, por exemplo, as exportações renderam US$ 340 bilhões. Praticamente metade desse valor veio do agronegócio. A agropecuária pura, dos grãos in natura e os animais antes do abate, rendeu US$ 72 bilhões. Todo o resto (outros US$ 74 bilhões) é da indústria abastecida pelo agro.