Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Alckmin espalha fake news ao dizer que homeschooling é ‘racista’

O vice-presidente Geraldo Ackmin afirmou, na última terça-feira, 5, que a educação domiciliar de crianças é “racista”. Em discurso na cerimônia de reativação do Conselho do Desenvolvimento Econômico Sustentável, ele disse que o homeschooling “surgiu na América do Norte, quando a Suprema Corte disse ‘branco e negro têm que estar na mesma escola’” e celebrou que crianças estejam em creches ao invés de estudarem em casa.

A fala de Alckmin estava inserida em um contexto de esclarecimento sobre os “tempos de fake news” pelos quais o Brasil estaria passando. Ironicamente, a afirmação não poderia estar mais distante da verdade. 

+ Leia mais notícias do Brasil em Oeste

De acordo com Gaba Costa, diretora executiva do Classical Conversations Brasil, programa de tutoria para educação domiciliar, o vice-presidente ignora tanto as evidências históricas quanto a diversidade atual do movimento homeschooling. Enquanto educar crianças em casa é uma prática milenar, é a escola a invenção recente. 

“A educação domiciliar moderna ressurge em maior número de praticantes nos Estados Unidos no final da década de 1970, não como reação à segregação racial, mas como crítica à ineficiência do sistema escolar estatal, à perda de liberdade educacional e ao fracasso das reformas escolares”, explica. 

O arcabouço teórico em defesa do homeschooling aponta o colapso da escola como instituição de aprendizagem significativa e também se fundamenta em princípios de liberdade e críticas ao autoritarismo estatal. Assim, questões de racialidade não tem nenhuma relevância, ressaltou Gaba. 

Até mesmo a ONU reconhece o vínculo direto entre homeschooling e liberdade. Em um relatório de maio deste ano, a Relatora Especial para o Direito à Educação, Farida Shaheed, afirma que “a educação domiciliar faz parte da liberdade educacional, com as famílias mantendo a liberdade de garantir a educação de seus filhos em casa, inclusive com o objetivo de assegurar sua segurança.”

Nos EUA, famílias negras adotam homeschooling para fugir do racismo

Além da ausência de vínculo direto com a segregação racial, a educação domiciliar se tornou justamente um meio de fugir do preconceito. Em 2019, 41% dos adeptos do homeschooling nos EUA eram negros, hispânicos, asiáticos ou pertencentes a outras minorias, segundo dados do Departamento de Educação do governo do país. 

Segundo uma reportagem da BBC, de 2012, houve um aumento expressivo de famílias negras que optam pelo homeschooling motivadas pela busca de um ambiente mais seguro, pela falta de representatividade nos currículos, pela discriminação nas escolas e por um ensino mais personalizado e livre do racismo institucionalizado.

De acordo com um estudo de 2015, conduzido por Brian Ray, presidente do Instituto Nacional de Pesquisa em Educação Domiciliar, os alunos negros educados em casa pontuaram nos testes de desempenho acadêmico entre 23 e 42 pontos porcentuais acima de seus colegas negros das escolas públicas.

“Portanto, longe de ser um projeto racista, o homeschooling tem sido um instrumento de liberdade e equidade educacional para inúmeras famílias de diferentes etnias, crenças e realidades sociais”, conclui Gaba Costa.

Além do trabalho no Classical Conversations Brasil, Gaba é mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio e idealizadora do Simeduc, plataforma de formação de pais e educadores nos temas homeschooling, autodidatismo e alta cultura. Ela também atua como board member da Global Home Education Exchange, organização não governamental que atua globalmente em defesa da liberdade educacional. 

+ Felipe Ribeiro: “O sequestro invisível da educação brasileira“


Compartilhe:

Veja também: