Circula nas redes sociais um vídeo que satiriza a guinada autoritária do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A animação, produzida pelo cartunista André Guedes, retrata um encontro do magistrado de hoje com sua versão mais jovem — distinguida no vídeo por ainda ter cabelo. 

Durante a visita do Moraes atual ao seu “eu do passado”, os dois desenvolvem um diálogo no qual a versão jovem do magistrado quer saber como estão as coisas no futuro. O ministro do STF, então, responde que está preocupado com perder tudo o que conquistou durante sua carreira. 

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“Mas o que houve? Já sei, a esquerda vai nos derrubar no futuro”, diz o jovem Moraes. “Na verdade, no futuro nós seremos ídolos da esquerda”, responde o juiz do presente. “Peraí, de quem? Do pessoal do ‘Fora Temer’ que chama a gente de fascista?”, rebate a versão do passado. 

O Moraes atual, então, explica que o motivo da reviravolta é o “Bozo” — em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro. 

A conversa prossegue, com o atual Moraes explicando que os Estados Unidos, “aliados do Bozo”, estão tentando derrubá-lo. Ele diz à versão do passado que o governo norte-americano já cassou seu visto e está na iminência de aplicar sanções baseadas na Lei Magnitsky contra ele. 

“Aquela que é aplicada em terroristas e ditadores que violam direitos humanos?”, questiona o jovem Moraes, que também pergunta o que sua versão mais velha fez para merecer tal tratamento. O ministro do STF responde que censurou e prendeu “um pessoalzinho aí” e acrescenta que nenhum dos sentenciados era inocente. 

“Tá, e quem investigou”, questiona o Moraes com cabelo. “A gente”, responde o atual. A conversa prossegue:

• “E quem julgou?”; 
• “A gente”. 
• “E quem condenou?”;
• “A gente.”
• “E quem é a vítima?”;
• “A gente.”

O jovem Moraes, abismado, declara: “O que nos tornamos?”. O ministro do presente, então, afirma que todas as suas atitudes são justificadas, pois “era preciso parar o golpe de Estado do Bozo”. 

A reviravolta: o maior inimigo de Alexandre de Moraes é ele mesmo

Quando a versão do passado questiona se não era possível impedir o suposto golpe de “outra forma, juridicamente mais precisa”, o vídeo chega ao clímax: o Moraes do passado voltou no tempo para impedir que a “maldita voz interior do jovem estudante de Direito que fica com reflexões jurídicas profundas e demagógicas” atrapalhe seus projetos. 

“Não é a esquerda que está me derrubando no futuro, é o senhor. Por isso, Moraes do passado, o senhor está censurado”, diz o ministro do STF. “Autocensura, o ápice da democracia”, conclui o vídeo. “Publique-se, registre-se, cumpra-se.”