A farmacêutica Emanuela Medrades, envolvida no caso Covaxin durante a CPI da Covid, participou de processos licitatórios milionários no Ministério da Saúde, no governo Lula (PT), relativos à compra de insulina para o Sistema Único de Saúde (SUS). Os documentos são de 2024.
A informação é do jornal Folha de S. Paulo. Apesar de não aparecer como sócia da Star Pharma, empresa vencedora da disputa, Emanuela exerce funções técnicas desde 2023 e mantém ligação direta com a gestão da companhia.
A Star Pharma assinou dois contratos, totalizando R$ 127,4 milhões, para fornecimento do medicamento ao SUS, depois da concorrência que envolveu oito empresas.
Na mesma licitação, uma das concorrentes derrotadas, a Medicpharma, passou a ter como proprietário Matheus Scarlatte, advogado de Emanuela e da própria Star Pharma, poucos meses antes do certame.
Alvo de CPI da Covid incentivou funcionária a se passar por outra pessoa
A atuação de Emanuela nas duas concorrentes é reforçada pelo cruzamento de mensagens registradas pelas empresas em sistemas eletrônicos.
Mensagens anexadas a uma ação trabalhista mostram que Emanuela Medrades orientou uma funcionária da Star Pharma a se passar por representante da Medicpharma para pedir mais prazo ao Ministério da Saúde em uma licitação. Minutos depois, o pedido foi feito formalmente pela Medicpharma.
A lei proíbe empresas com vínculos de disputarem o mesmo certame. Emanuela, a Star Pharma e o advogado Matheus Scarlatte negam irregularidades, afirmando que as propostas foram independentes e representavam laboratórios diferentes.
A Star Pharma, que venceu a disputa, representava uma empresa portuguesa com insulina fabricada na China. Já a Medicpharma, desclassificada, ofereceu um produto egípcio. Os contratos, de R$ 63,7 milhões cada, foram assinados por Vitor Duarte, companheiro de Emanuela.
Embora não seja sócia formal, Emanuela aparece em mensagens coordenando pagamentos, contratações e reuniões com a Anvisa. Foi chamada de “CEO” por uma ex-funcionária.
Defesas e histórico


Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Scarlatte indaga a autenticidade das mensagens, que tramitam sob segredo de Justiça. O Ministério da Saúde afirma que seguiu as regras e obteve economia para o SUS. A pasta não pode investigar individualmente os representantes das empresas.
Relatórios mostram atrasos na entrega de insulina, atribuídos pela Star Pharma a ajustes no cronograma. Outros laboratórios foram incluídos nos contratos.
Emanuela também esteve à frente da Precisa Medicamentos, envolvida na negociação da Covaxin com o governo Bolsonaro durante a pandemia de covid-19. Foi alvo de investigações, mas nega crimes. Em 2025, seu nome foi retirado da dívida da empresa com a União.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste