
Um novo levantamento da Associação Brasileira do Amendoim (Abeex-br) revela um cenário inédito para o setor. A cadeia do amendoim movimentou R$ 18,6 bilhões entre 2024 e 2025, triplicou sua produção na última década e se consolidou como um dos segmentos agroindustriais de maior impacto socioeconômico no país.
Os dados integram o livro Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro, lançado em Ribeirão Preto, São Paulo. O estudo apresenta um raio-x completo do setor, do produtor ao exportador, e traz números inéditos da safra 2024/2025.
Crescimento na produção
Segundo coordenador da Abeexbr, Luís Antônio Vizeu, o salto do amendoim brasileiro começou no início dos anos 2000, quando o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) desenvolveu variedades com maior teor de ácido oleico, mais resistentes a pragas e adequadas à colheita mecanizada e às exigências dos mercados interno e externo.
“Com essas variedades, houve avanço do plantio, das exportações e um forte investimento privado no beneficiamento e no processamento”, explica o coordenador.
Hoje, o Brasil exporta amendoim em grão, óleo e outros derivados, além de ampliar gradualmente o consumo interno, ainda considerado baixo.
São Paulo segue líder, mas demais estados avançam
Segundo Vizeu, tradicional desde a década de 1960, a produção paulista representa um número expressivo no mercado.
“O estado de São Paulo sempre concentrou a produção, que sempre foi em torno de 90% a 93%. Nos últimos anos começou migrar um pouco essa produção para outros estados, como o Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro, Mato Grosso e Paraná”, explica.
De acordo o coordenador, atualmente, São Paulo ainda mantém sua posição como líder com cerca de 87% da produção nacional. No estado, os municípios de Tupã, Mogiana e Médio Tietê se destacam pelo dinamismo no campo e na indústria.
Setor gera emprego, renda e arrecadação
Vizeu explica que o impacto econômico do amendoim surpreende quando comparado à área plantada, são cerca de 340 mil hectares, mas com movimentação financeira de R$ 18,6 bilhões, evidenciando o alto valor agregado da cadeia.
O estudo mostra ainda que:
- A massa salarial gerada pelo setor chega a R$ 1,4 bilhão;
- A arrecadação tributária ultrapassa R$ 3,9 bilhões;
- A cadeia é altamente intensiva em atividade, especialmente na etapa industrial.
Desafios para o futuro
Entre os principais desafios, Vizeu destaca dois pontos centrais. O primeiro são mais pesquisas para novas variedades, adaptadas ao clima mais quente e seco. O segundo, é o aumento do consumo interno, hoje muito reduzido.
“O brasileiro consome apenas 800 g de amendoim por pessoa ao ano. Cerca de 75% da produção vai para exportação. Precisamos incentivar o consumo do amendoim e do óleo de amendoim, ambos excelentes para a saúde”, reforça.
Com produção crescente, mercado externo aquecido e maior profissionalização da indústria, o amendoim brasileiro se posiciona como um dos setores mais promissores do agro nacional. A combinação entre tecnologia, expansão territorial e alta competitividade deve manter o país entre os grandes exportadores mundiais.


