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Antonio Risério volta a criticar Lula: ‘Governo perdido’

O escritor e antropólogo Antonio Risério, de 71 anos, voltou a criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao site Poder360, divulgada neste domingo, 7, Risério disse que a administração federal está sem rumo.

“Na política externa, parece uma barata tonta de esquerda”, afirmou o escritor. “Na política interna, uma barata tonta de centro.”

Figura histórica ligada ao PT, Risério se coloca atualmente como crítico do partido. Ele trabalhou nas campanhas eleitorais de Lula em 2002 e 2006 e chegou a atuar no Ministério da Cultura na gestão de Gilberto Gil. Rompido com antigos aliados, o antropólogo sustenta que Lula abandonou os compromissos assumidos na redemocratização do país e optou por alianças que classifica como “espúrias”.

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“O Lula não tem noção do que está fazendo”, disse Risério ao Poder360. “É um governo de centro-direita, porque não tem um projeto para o Brasil. É tudo no improviso.” Ele também comparou Lula a outros líderes sul-americanos. “Você pega o Milei na Argentina: pode criticar à vontade, mas tem uma linha. Lula não tem.”

A crítica de Antonio Risério ao identitarismo

Outro ponto central da entrevista foi a crítica de Risério aos movimentos identitários — grupos organizados para defender causas de minorias raciais, de gênero e orientação sexual. Para o escritor, essas pautas se tornaram “dogmáticas” e deixaram de dialogar com a realidade social mais ampla, especialmente questões econômicas e de classe.

“Eles aboliram as classes sociais e se concentraram na coisa biológica”, disse Risério, ao salientar que vê o “vitimismo identitarista” cada vez mais rejeitado pela população. “Quem foi oprimido é oprimido desde sempre e vai ser para sempre.”

Antonio Risério já escreveu sobre o assunto em um livro, Identitarismo | Foto: Divulgação/Vide Editorial

Conforme Risério, a ascensão de representantes de grupos minoritários ao poder já avançou muito nos últimos anos, inclusive com políticas públicas específicas e ocupação de cargos. “As minorias têm sido, na verdade, privilegiadas”, afirmou. “Às vezes hipocritamente.”

Risério deve lançar, na próxima quarta-feira, 9, em Salvador, o livro Pelé, o Negão Planetário. A obra, já disponível nas livrarias, tem o objetivo de proporcionar aos brasileiros uma “leitura” do país a partir da trajetória de Pelé. O livro reúne análises políticas, sociais, religiosas e culturais do ex-jogador.

Experiente em campanhas eleitorais, Risério também comentou a perspectiva para 2026. Para o escritor, a comunicação política mudou radicalmente, e o PT ainda não se adaptou à linguagem das redes sociais. Ele avaliou como insuficiente a estratégia de comunicação do publicitário Sidônio Palmeira, hoje à frente da comunicação do governo.

“Todos os três marqueteiros baianos do PT são do século passado, pré-redes sociais”, observou, referindo-se a Duda Mendonça (2002), João Santana (2006) e Sidônio Palmeira (2025). “O domínio dessa linguagem o Sidônio não tem nenhum. Ele vai ficar aí batendo a cabeça.”

O presidente Lula, na cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026, no Palácio do Planalto, em Brasília - 1º/7/2025 | Foto: Wilton Junior/Estadão ConteúdoO presidente Lula, na cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026, no Palácio do Planalto, em Brasília - 1º/7/2025 | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
O presidente Lula, na cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026, no Palácio do Planalto, em Brasília – 1º/7/2025 | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Sobre o próximo pleito presidencial, Risério acredita que Lula terá dificuldades caso a direita e o centro se unam. “Se ficarem divididos, Lula, com toda a insatisfação contra o governo dele, tem toda a possibilidade de ser reeleito”, ressalvou.

Em tom de desilusão, Risério afirmou que não pretende mais participar das eleições. “Joguei meu título de eleitor fora”, revelou. “Ninguém vai ter mais meu voto.”

Leia também: “Antonio Risério, o socialista odiado pela esquerda”, entrevista publicada na Edição 237 da Revista Oeste

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