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Aporte de R$ 95,2 mi em ‘corredores viários’ leva desenvolvimento a bairros de Ponta Grossa

Avenida Anita Garibaldi, na região do bairro Órfãs, em Ponta Grossa, durante obras –

A cidade de Ponta Grossa tem investido em obras de infraestrutura voltadas à construção de novos trechos de mobilidade urbana. Nos últimos anos, a gestão municipal entregou projetos de infraestrutura urbana, além de outros que seguem em andamento. Somados os investimentos realizados e previstos, os ‘corredores de desenvolvimento’ garantirão cerca de R$ 95,2 milhões em obras. Esses projetos, que ligam vilas e bairros por meio de novas extensões viárias, têm como objetivo otimizar o tempo de deslocamento e desafogar o trânsito, proporcionando mais qualidade de vida e segurança aos ponta-grossenses.

Conforme a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa (PMPG), os critérios para a definição desses corredores seguem um planejamento estratégico minucioso, que integra dois pontos cruciais:

– Estudos técnicos aprofundados: baseados no ‘Plano de Mobilidade Urbana’ do município, analisam fluxos de tráfego, demandas futuras e projeções de crescimento populacional;

– Necessidades da comunidade local: a administração municipal considera ativamente as demandas dos moradores e as dinâmicas urbanas observadas, buscando solucionar gargalos e otimizar o acesso a serviços, trabalho e lazer.

A viabilização de algumas obras por meio de medidas compensatórias de novos empreendimentos demonstra a integração entre o desenvolvimento privado e a infraestrutura pública, atendendo a demandas emergentes.

DIVISÃO DAS OBRAS

– Ligação entre a vila Cristina e o Jardim Maracanã

Concluída em 2023, a obra que liga a Vila Cristina ao Jardim Maracanã, no bairro Nova Rússia, recebeu investimento de cerca de R$ 3,8 milhões, por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa III), repassado pela Caixa Econômica Federal. O projeto incluiu a aplicação de asfalto em aproximadamente 2 km, dentro do ‘Programa Asfalto Novo PG’.

Obra concluída entre a Vila Cristina e o Jardim Maracanã

Obra concluída entre a Vila Cristina e o Jardim Maracanã |  Foto: Prefeitura de Ponta Grossa.

 

Na época, o pacote contemplou a pavimentação das ruas Visconde de Macaé, Major Sólon, Frei Madre de Deus, João Ratclif, Martim Francisco, Casemiro Reis, Nova Esperança e Matheus Hugo Carneiro Martins.

A obra também incluiu a instalação de um bueiro celular, permitindo a ligação entre as duas vilas pelas ruas Visconde de Macaé e Nova Fátima.

– Ligação entre os bairros Órfãs e Boa Vista

Em maio do ano passado, foi anunciado o investimento de R$ 12 milhões para a ligação entre os bairros Órfãs e Boa Vista, criando uma nova rota alternativa entre as Vilas Liane e Margarida, Parque Nossa Senhora das Graças e Jardim Atlanta.

GALERIA DE FOTOS

  

O projeto prevê pavimentação asfáltica ligando o final da avenida Anita Garibaldi ao final da rua Radialista Nelson Anuziato. Os recursos também foram obtidos pelo ‘Finisa III’ e contemplam mais de 630 metros de via. As obras, no entanto, permanecem em execução.

– Ligação entra a vila DER e a Colônia Dona Luiza

Concluída neste ano, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento (SMIP), a obra de ligação entre a Vila DER e a Colônia Dona Luiza recebeu investimento de R$ 2,8 milhões, via ‘Finisa IV’.

Obras de ligação entre a Vila DER e Colônia Dona Luiza

Obras de ligação entre a Vila DER e Colônia Dona Luiza |  Foto: Divulgação/Prefeitura

  

Com cerca de um quilômetro de extensão, o projeto permite que as famílias da região utilizem uma rota alternativa sem precisar transitar pelo trecho urbano da BR-376 (avenida Presidente Kennedy), encurtando o caminho para os moradores da Vila DER.

– Ligação entre a vila Cipa e o Residencial Campo Belo

Em agosto deste ano, a Prefeitura liberou as obras que ligam a Vila Cipa ao Residencial Campo Belo, construídas por meio de medida compensatória exigida pelo Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) de um loteamento na região.

Antes, para ir da Vila Cipa (em Oficinas) até o Campo Belo (no Cará-Cará), era necessário percorrer cerca de 5 km, dando a volta pelo bairro de Olarias. Com as obras, esse trajeto foi encurtado.

Nova via construída interligando a Vila Cipa e o Residencial Campo Belo

Nova via construída interligando a Vila Cipa e o Residencial Campo Belo |  Foto: João Victor

 

O investimento foi de aproximadamente R$ 2 milhões, sem custos aos cofres públicos, já que foi realizado como compensação ambiental.

Com a conclusão, a região do Jardim Atlanta, no Parque Nossa Senhora das Graças, ganhou novo acesso à área central, reflexo também da ligação com a avenida Anita Garibaldi, que interliga os bairros Boa Vista e Órfãs, prevista para ser concluída até junho de 2026.

A expectativa é que, com a conclusão da ponte e da pavimentação no entorno, a nova ligação ofereça uma alternativa viária estratégica, desafogando o trânsito em outras rotas e promovendo maior integração entre os bairros, reduzindo significativamente o tempo de deslocamento na região do Cará-Cará.

DEMAIS PROJETOS DE INTERLIGAÇÃO – Conforme relatório enviado pela Prefeitura, foram finalizadas as seguintes obras:

– Uvaranas – Vila Neves: Duplicação da av. Valério Ronchi, concluída com investimento de R$ 2,5 milhões (Finisa IV);

– Centro – Cará-Cará: Corredor Santana, concluído em 2022, investimento de R$ 9 milhões (Finisa III);

– Centro – Cará-Cará: recape da av. Eunice dos Reis, concluído em 2024, investimento de R$ 800 mil (recursos municipais);

– Uvaranas – Cará-Cará: reconstrução da rua João Tomé e Binário Siqueira Campos, concluídos em 2024, investimento de R$ 3 milhões (Finisa IV);

– Centro – Cará-Cará: ligação Eunice dos Reis com Aderly Turek, concluída em 2025, investimento de R$ 4,3 milhões (Finisa IV);

– Centro – Cará-Cará: variante da rua Califórnia (projeto em planejamento);

– Uvaranas – Vila Neves: solução Costa Rica (duplicação, pontes e viadutos), em aprovação de financiamento, com estimativa de R$ 44 milhões, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo a Prefeitura, o investimento total em obras já finalizadas e em execução direta, ou viabilizadas por medidas compensatórias, soma aproximadamente R$ 39,2 milhões. As obras são custeadas majoritariamente pelos financiamentos anunciados nos últimos anos, garantindo autonomia e agilidade na execução. Em casos específicos, utilizam-se medidas compensatórias de empreendimentos privados, revertendo impactos de novas construções em melhorias de infraestrutura urbana.

Para projetos de maior porte, como a ‘Solução Costa Rica’, são buscados repasses do Governo do Estado e financiamentos externos, ampliando a capacidade de investimento sem sobrecarregar o orçamento municipal.

DECLARAÇÕES – De acordo com a prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt, a cidade cresceu e essas obras trazem mais dinamismo para o município. “Ponta Grossa não é mais a mesma. Esses trajetos, que antes precisavam cortar o Centro da cidade, já não são os únicos meios. Nossa população hoje é muito mais dinâmica, e precisamos criar condições ideais para que cada canto da cidade possa se desenvolver, gerando oportunidades para todos. Estamos criando uma cidade que se integra por várias formas, com vias que conectam e desenvolvem, oferecendo alternativas que apoiam a mobilidade urbana, induzindo um crescimento planejado e melhorando nossa qualidade de vida”, explica.

Prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt fala sobre as transformações que o município vem realizando

Prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt fala sobre as transformações que o município vem realizando |  Foto: Arquivo/aRede.

 

Já para o secretário de Infraestrutura e Logística, Luiz Henrique Honesko, “a importância desses novos corredores urbanos está na capacidade de transformar a mobilidade em Ponta Grossa. Com eles, buscamos reduzir o tempo de deslocamento entre diferentes regiões, melhorar a segurança viária e a qualidade de vida da população. Isso se traduz em menos tempo no trânsito, mais tempo com a família, menor consumo de combustível e um ambiente urbano mais organizado e acessível. A meta é criar uma cidade mais fluida, conectada e com maior bem-estar para todos os cidadãos”, detalha.

Secretário de Infraestrutura e Planejamento, Luiz Henrique Honesko

Secretário de Infraestrutura e Planejamento, Luiz Henrique Honesko |  Foto: Arquivo/aRede.

 

NOVAS CONEXÕES URBANAS GERAM DEBATES SOBRE DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Projetos de mobilidade urbana, como os executados pela Prefeitura de Ponta Grossa, têm pautado novas discussões sobre o crescimento da cidade. Embora representem o avanço da urbanização e o atendimento a demandas sociais, essas obras também despertam questionamentos sobre os impactos estruturais, sociais e ambientais decorrentes.

O diretor de Urbanismo da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Fabiano Gravena Carlin, atribui o crescimento urbano aos investimentos da atual gestão. “Acho que a cidade tem crescido bastante. O Plano Diretor, recentemente aprovado e revisado, balizou o crescimento da cidade em termos de regiões – para onde Ponta Grossa vai, onde pretende verticalizar e em que direção deve se expandir. Vejo que a Prefeitura tem investido maciçamente em pavimentação”, explica à reportagem.

Diretor de Urbanismo da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Fabiano Gravena Carlin

Diretor de Urbanismo da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Fabiano Gravena Carlin |  Foto: Arquivo/ aRede.

  

Fabiano também aponta desafios estruturais para o futuro da cidade. “Na Souza Naves, na Presidente Kennedy e na Senador Flávio Carvalho Guimarães, que hoje são rodovias que passam dentro da cidade, há um tráfego pesado muito grande, mas que deixará de existir com o Contorno. Assim que a concessionária entregar a obra, o próximo passo será pensar o que fazer nessas regiões – o destino do comércio, as prioridades urbanas, possíveis alterações viárias e até corredores exclusivos de ônibus que transformem essas rodovias em avenidas”, relata.

O diretor defende ainda a descentralização do comércio. “Por que não pensar em um novo Centro em outra região de Ponta Grossa? Descentralizar o comércio do Centro para os bairros é fundamental. E, mais do que isso, é importante criar polos regionais. Isso já vem acontecendo naturalmente. Na região da Siqueira Campos, por exemplo, o comércio tem se desenvolvido bastante. Mas o poder público pode incentivar ainda mais, estimulando a criação de centros comerciais e de serviços nos bairros, para que a população não precise se deslocar até o Centro”, acrescenta.

Para ele, grandes obras estruturantes são o caminho para o futuro. “Do ponto de vista da mobilidade, a cidade precisa pensar em obras de grande porte, que envolvam desapropriações e a criação de avenidas largas, de vias rápidas, como ocorre em grandes centros”, finaliza.

PROJETOS SUSTENTÁVEIS – O arquiteto e urbanista Henrique Wosiack Zulian, também conselheiro do Grupo aRede, avalia que as novas conexões entre bairros de Ponta Grossa precisam incorporar soluções sustentáveis. “Essas obras podem ser uma oportunidade para aplicar pavimentações mais ecológicas. Como muitas ligações são feitas sobre terrenos antes permeáveis, o uso de blocos intertravados de concreto permitiria a absorção da água da chuva, reduzindo alagamentos e recarregando o lençol freático”, comenta.

Arquiteto e urbanista Henrique Wosiack Zulian

Arquiteto e urbanista Henrique Wosiack Zulian |  Foto: Arquivo/aRede

  

Zulian explica que o sistema também facilita a manutenção e melhora a segurança. “Os blocos podem ser retirados e recolocados facilmente em caso de intervenções. Em áreas de relevo acidentado, como em Ponta Grossa, oferecem melhor drenagem e aderência, tornando o deslocamento mais seguro”. O arquiteto alerta para os riscos da expansão urbana desordenada. “Ampliar o perímetro urbano pode parecer uma solução simples, mas tende a gerar mais custos com infraestrutura, transporte e serviços públicos. As novas vias devem fortalecer bairros já existentes e não estimular a ocupação de áreas rurais. Abrir estradas em direção a regiões não urbanizadas pode criar vetores de expansão descontrolada”, argumenta.

O arquiteto reforça que os projetos devem priorizar o bem-estar da população. “Não basta ligar um bairro ao outro se o trajeto não for agradável ou seguro. É essencial investir em passeios acessíveis, iluminação e arborização, garantindo conforto aos pedestres. As ciclovias também devem ser integradas às novas ligações e aos terminais de transporte, promovendo uma mobilidade realmente democrática”, finaliza o conselheiro do Grupo aRede.

VETORES ECONÔMICOS – Diferente da análise de Zulian, a secretária de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Faynara Merege, vê os novos corredores urbanos como motores de crescimento econômico. “Ao conectar regiões antes pouco integradas, esses corredores fortalecem o comércio local e atraem novos empreendimentos. Também facilitam o acesso dos trabalhadores a polos industriais e de serviços, criando um ciclo virtuoso de dinamismo econômico, circulação de pessoas e geração de empregos”.

Secretária de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Faynara Merege

Secretária de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Faynara Merege |  Foto: Divulgação/Redes Sociais

  

Faynara também aponta um viés sustentável de desenvolvimento econômico. “Ao melhorar a infraestrutura, plantamos as bases de um crescimento sustentável. Queremos que os empresários possam expandir, que os trabalhadores cheguem mais rápido ao emprego e que as famílias ganhem mais tempo para o lazer. Isso é qualidade de vida e desenvolvimento real”.

Já o secretário de Serviços Públicos de Ponta Grossa, Eduardo Marques, destaca o impacto prático das obras. “Com a revitalização de diversas vias da cidade – não apenas das principais – criamos novas alternativas de tráfego entre os bairros. Isso significa menos tempo de deslocamento, menor lentidão e mais opções de rota para os motoristas”.

Secretário de Serviços Públicos de Ponta Grossa, Eduardo Marques

Secretário de Serviços Públicos de Ponta Grossa, Eduardo Marques |  Foto: Divulgação

  

Quem também conversou com a reportagem foi o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (Iplan), Rafael Mansani, reforça a integração entre planejamento e execução. “Os novos corredores de desenvolvimento estão alinhados ao Plano de Mobilidade Urbana e ao Plano Diretor de Ponta Grossa. Eles tornam áreas periféricas mais atrativas para investimentos, aproximam moradia e trabalho e evitam a expansão desordenada, garantindo uma cidade mais compacta e eficiente”.

Presidente do Iplan Rafael Mansani

Presidente do Iplan Rafael Mansani |  Foto: Arquivo/aRede

 

PROJETOS FUTUROS E VISÃO DE LONGO PRAZO – Segundo a Prefeitura de Ponta Grossa, há projetos prontos para execução, aguardando apenas liberação de recursos ou medidas compensatórias. Entre eles estão:

– Viabilizados por medida compensatória: ligação 31 de Março – Baraúna; Portal do Norte – Vila Romana; Residencial América/Manacás/Estrela do Norte – Vila Los Angeles; e duplicação da avenida Carlos Cavalcanti (entre a rotatória da Universidade Estadual de Ponta Grossa e o Jardim Paraíso).

– Prontos para captação de recursos: ligação Sabará – Parque do Café (estimada em R$ 4 milhões); e ligação Colônia Dona Luiza – Santa Luzia pela antiga linha férrea (R$ 8 milhões).

Também estão em estudo a Perimetral e o Anel Viário, incluindo trechos da Valério Ronchi (já duplicada), Contorno Leste (com previsão de duplicação), Antônio Saad, Sistema Cará-Cará (binário da Siqueira Campos e duplicação da Pedro Wosgrau) e o Sistema Contorno (Binário da Nicolau Kluppel e duplicação da Aldo Bonde).

Esses projetos reforçam a integração entre bairros, ampliam o acesso a diferentes regiões e reduzem o tempo de deslocamento. Ao mesmo tempo, abrem espaço para novas discussões sobre os impactos urbanos e as demandas que surgirão com o crescimento de Ponta Grossa.


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