Na zona sul da cidade de São Paulo, uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar abriga um setor fundamental para operações de busca e salvamento: o canil. No espaço, cães treinados desempenham papel essencial na localização de vítimas em meio a escombros, situações de baixa visibilidade e cenários de desastre.
Os animais atuam em diversas emergências, como desabamentos, soterramentos, deslizamentos de terra, acidentes, busca de desaparecidos e até eventos como terremotos.
A equipe, ligada ao 5º Batalhão de Choque do Canil da Polícia Militar, é exclusiva no Estado de São Paulo. Atualmente, os agentes contam com 11 cães, dos quais cinco estão em processo de treinamento.
Atuações dos cães bombeiros
Além das ocorrências locais, os cães já participaram de resgates em outros Estados. Um deles foi o Rio Grande do Sul, depois das enchentes de 2024. Os animais também atuaram em missões internacionais, como o resgate de vítimas do terremoto na Turquia, em 2023.
O comandante do Batalhão de Choque do Canil, tenente Danilo César de Oliveira, destacou os desafios enfrentados na Turquia. Os cães atuaram sob temperaturas de -9°C.
“Nossos cães são ferramentas incomparáveis”, afirmou Oliveira. “Nenhum equipamento ou tecnologia simula algo parecido ao faro deles. Mas, mais do que isso, precisa haver uma conexão entre o cão e o bombeiro, que consegue entender os sinais que o animal emite.”
A relação entre cães e tutores é tão forte que muitos bombeiros comparecem ao canil mesmo durante folgas ou férias para manter o contato com seus parceiros de trabalho. No local, atuam exclusivamente cadelas das raças pastor belga malinois, labrador e rastreador brasileiro, representada pela cadela Ayra, de quatro anos.


O cabo Caio Henrique Cortez, responsável por Ayra, explicou que a cadela é bastante requisitada para buscas em áreas de mata. Isso ocorre em virtude da facilidade para identificar odores de roupas ou objetos das vítimas.
O policial começou o adestramento de Ayra quando ela tinha pouco mais de um mês e pretende adotá-la depois da aposentadoria.
“Levei Ayra algumas vezes para casa, justamente para ir se adaptando ao ambiente”, afirmou Cortez. “Ela se tornou muito especial para mim.”
As funções dos animais variam de acordo com a situação. Cães bombeiros são utilizados em resgates e buscas por pessoas, enquanto os cães da Polícia Militar atuam em ocorrências como tráfico de drogas.
Treinamento e cuidados veterinários
O treinamento dos cães bombeiros é contínuo e inclui exercícios para superar obstáculos e atravessar rios. Todo o processo é supervisionado por uma equipe especializada e sempre ocorre com a presença do tutor. O objetivo é reforçar o vínculo e garantir a obediência aos comandos.
Os cuidados com a saúde dos animais ficam a cargo de um veterinário e auxiliares, que realizam exames regulares, elaboram dietas e monitoram o bem-estar dos cães.
Em casos que exigem procedimentos cirúrgicos mais complexos, os animais são levados ao canil da Polícia Militar, na zona norte da cidade, onde existe infraestrutura adequada para essas intervenções.