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As mudanças no Real Madrid de Ancelotti para Xabi Alonso antes da Champions

Xabi Alonso insiste nas coletivas de imprensa que ainda é cedo para conclusões definitivas. Garante que precisa de mais tempo, assim como o time, para que se consolidem análises sobre o novo Real Madrid.

O técnico basco tem seus motivos, mas algumas mudanças já são claras — e públicas. A ESPN listou sete delas antes da estreia merengue no torneio que o clube mais aprecia: a Champions League. Nesta quarta (17), o Real recebe o Olympique de Marselha, no Santiago Bernabéu, às 16h (de Brasília).

De decisões de campo ao relacionamento com os jogadores, passando pelo dia a dia em Valdebebas e a postura diante da imprensa, Xabi Alonso já deixa suas marcas.

1- Variações táticas

São dez jogos oficiais do Real Madrid sob comando de Xabi Alonso na temporada 2025/26. Desde o Mundial de Clubes, o time já alternou entre 4-2-3-1, 3-5-2, 4-3-1-2 e 4-3-3.

Nos Estados Unidos, o treinador testou bastante. Desde o início de LALIGA, no entanto, o 4-3-3 tem sido o sistema predominante, ainda que com variações durante os jogos.

Com Ancelotti, o Real Madrid era bem organizado, mas pouco flexível. O italiano reiteou algumas vezes, em tempos recentes, que o 4-4-2 era seu esquema favorito, acima de tudo pela solidez defensiva que proporciona.

2- Posição de Arda Güler

Quando surgiu ainda adolescente no Fenerbahçe, Arda Güler atuava como meia avançado no 4-2-3-1, com liberdade total no campo ofensivo.

Ao chegar a Madri, com 18 anos, passou pelo processo natural de adaptação com Ancelotti e começou a ganhar minutos aberto pela direita no 4-4-2.

Xabi Alonso mudou radicalmente. Centralizou o meia canhoto como interior em seu 4-3-3. No Mundial, atuou ao lado de Jude Bellingham; em LALIGA, herdou o posto do inglês lesionado.

3- Hierarquia do vestiário

O caso de Güler ajuda a entender a hierarquia de Ancelotti. O italiano priorizava os mais experientes, limitando os jovens — como Endrick em seu primeiro ano; e como também aconteceu com Vinicius Jr. e Rodrygo no início com Zidane.

Arda disputou apenas dez partidas em sua primeira temporada, subindo para 28 na segunda.

Xabi Alonso adota outra lógica: rendimento acima de tudo, independentemente de idade ou tempo de clube. Prova disso é Franco Mastantuono, contratado por 45 milhões de euros ao River Plate. Aos 18 anos, foi a primeira substituição na estreia contra o Osasuna e titular já no segundo jogo, contra o Real Oviedo.

4- Aproveitamento da base

Por consequência, a base tem mais espaço. O exemplo mais notório foi Gonzalo García no Mundial.

Sem Kylian Mbappé e Endrick machucados, Ancelotti costumava improvisar Rodrygo ou Brahim Díaz como centroavante em vez de recorrer à cantera em situações assim — motivo de reclamação da torcida.

Xabi, ao contrário, apostou logo em Gonzalo e o manteve no time durante a competição nos Estados Unidos. Além dele, tem convocado nas últimas partidas e elogiado muito nos treinamentos o meia Thiago Pitarch, de 18 anos, com chances reais de ganhar minutos.

5- Impacto dos reforços e recuperação dos lesionados

Outra diferença visível não passa apenas por Xabi, mas também pela diretoria, que atacou lacunas do elenco.

Ancelotti sofreu com a falta de opções, especialmente na defesa. Hoje, Álvaro Carreras é titular absoluto na lateral-esquerda, posição em que o italiano tinha como opções Ferland Mendy e Fran García.

Na direita, antes improvisada até com Federico Valverde, agora há disputa entre Dani Carvajal e Trent Alexander-Arnold — dois dos melhores do mundo na posição.

Por fim, a chegada de Dean Huijsen reforçou a ideia de solução de longo prazo para a zaga madridista, e Éder Militão aos poucos recupera a melhor forma física e técnica.

6- A condição de Vini Jr.

Vinicius foi titular do Real Madrid em nove dos dez jogos oficiais na temporada. Foi substituído em oito deles durante o segundo tempo. Contra o Oviedo, pela segunda rodada de LALIGA, começou no banco de reservas.

Essa é uma situação jamais vivida pelo atacante brasileiro com Carlo Ancelotti. Antes, com Zidane, Vini enfrentou condições similares ou até piores, mas porque ainda não era um dos melhores atacantes do mundo.

O técnico italiano foi quem mais defendeu e apoiou Vinicius; não à toa o atacante venceu o The Best na temporada 2023-24, somou os melhores números da carreira e marcou em duas finais de Champions.

Claramente, a confiança de Xabi Alonso em Vinicius não é a mesma que tem o treinador da seleção brasileira. E o próprio staff do jogador, cuja renovação de contrato está travada neste momento já sente isso — como pôde apurar a ESPN.

7- Aqui se fala de futebol

“Não quero falar de futebol”. A marcante frase de Carlo Ancelotti, respondendo à jornalista que insistia em falar sobre o jogo que acabara de acontecer, mesmo com as agressões racistas a Vinicius Jr., explica bem quem é o treinador italiano.

Naquele 21 de maio, o brasileiro foi vítima de racismo em um dos episódios mais tristes do futebol espanhol em todos os tempos. Ancelotti o defendeu e assim seguiu em todas coletivas de imprensa, sem se esconder dos temas muito além do futebol.

É necessário entender o contexto em ser o treinador do Real Madrid. No clube, os dirigentes raramente falam. O presidente Florentino Pérez praticamente só se manifesta em eventos oficiais e associativos. Ou seja, o técnico da equipe é, na prática, o porta-voz do clube ao atender a imprensa antes e depois de todas as partidas.

Nesta temporada, em Oviedo, Vini foi novamente atacado por racistas. Na coletiva prévia à partida seguinte, contra o Mallorca, Xabi Alonso foi perguntado em Valdebebas sobre o tema.

“Esperamos que, onde formos, haja um ambiente competitivo, como foi em Oviedo, e que saibamos responder às circunstâncias. Sempre há episódios desagradáveis em alguns campos, e quando forem atitudes racistas, é necessário passar para as autoridades competentes. Devemos conviver com o que temos e focar no campo que é o mais importante”.

Para bom entendedor, meia palavra basta.

Próximos jogos do Real Madrid:

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