O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na segunda-feira 20 — seu primeiro dia no cargo — cerca de cem decretos e medidas que dão o tom do novo governo.
O republicano revogou ações e regulamentações da administração Joe Biden, congelou contratações federais, exigiu que servidores públicos retomem ao trabalho presencial, retirou os EUA do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde e perdoou acusados pelo ataque ao Capitólio. (Veja a lista abaixo.)
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Na lista de decretos da era Biden anulados de imediato por Trump estão ações sobre a imigração. Na política externa, ele revogou a ordem de Biden que retirava Cuba da lista de Estados designados como patrocinadores do terrorismo e nas sanções contra colonos judeus na Cisjordânia.
Cerimônia no Capitólio
Trump assinou os primeiros decretos no palco da Capital One Arena, lotada de apoiadores que esperavam para ver o 47º presidente dos Estados Unidos. Com o frio extremo que atinge Washington, a posse foi celebrada dentro do Capitólio e a tradicional parada foi movida para o ginásio, com capacidade para cerca de 20 mil pessoas.
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O presidente chegou por volta das 19:30 (horário de Brasília) para assistir ao desfile, acompanhado da primeira-dama Melania Trump. Uma pequena mesa com a pilha de decretos o esperava no palco, do lado oposto ao púlpito.
Em discurso, Trump antecipou os primeiros decretos, destacando que revogaria de dezenas de ações “destrutivas e radicais” do governo Joe Biden, descrito por ele como o “pior da história”.
“Em seguida, para obter controle imediato da vasta burocracia federal fora de controle, implementarei um congelamento imediato da regulamentação, o que impedirá que os burocratas de Biden continuem a regulamentar”, declarou. “A maioria desses burocratas está sendo demitida. Eles vão embora.”
Trump confirmou ainda que assinaria perdões para envolvidos no ataque ao Capitólio. “Esta noite, vou assinar os perdões aos reféns do J6 (abreviação para 6 de janeiro) para libertá-los”, disse ele ladeado por familiares de pessoas sequestradas pelo Hamas no ataque terrorista de 7 de outubro.
As primeiras medidas assinadas por Trump na Casa Branca
Da arena, o presidente seguiu para a Casa Branca, onde assinou perdão total para cerca de 1,5 mil acusados réus pelo ataque ao Capitólio. Trump disse ainda que comutou as penas de outros seis acusados, sem dizer quem são.
Mais cedo, Trump havia assinado os primeiros documentos, com as nomeações para o seu gabinete e a ordem de erguer as bandeiras no dia da posse.
A enxurrada de decretos anunciada para os primeiros dias de governo é parte do esforço para reverter as políticas do democrata Joe Biden ao mesmo tempo em que o republicano avança para cumprir suas promessas de campanha.
Isso inclui parar com a invasão de imigrantes na fronteira, reduzir os custos de vida para os americanos e ampliar a produção de petróleo, ideia sintetizada no slogan “drill, baby, drill” ou “perfure, baby, perfure”.
Trump anunciou que assinou quase cem decretos depois de tomar posse, sem deixar claro se as medidas viriam todas de uma vez nesta segunda-feira ou aos poucos, ao longo dos próximos dias. Algumas das ordens executivas são simbólicas, outras podem enfrentar questionamentos da Justiça.
Uma das primeiras medidas do novo governo foi acabar com o CBP One, aplicativo que permitiu a entrada de quase 1 milhão de imigrantes em liberdade condicional, com direito de trabalhar enquanto esperam o processamento dos pedidos de asilo. A ordem foi publicada no site da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA logo depois do juramento de posse, enquanto Trump ainda discursava no Capitólio.
Decretos assinados por Trump
Confira as principais medidas de Trump oficializadas por decreto até agora:
- Suspensão de 78 ações executivas da era Biden
- Congelamento de regulamentações, impedindo que os burocratas emitam regulamentações até que o governo Trump tenha controle total do governo
- Congelamento de todas as contratações federais, exceto para militares e algumas outras áreas essenciais
- Exigência de que os funcionários federais retornem ao trabalho presencial em tempo integral
- Uma diretriz para todos os departamentos e agências para lidar com a crise do custo de vida
- Retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris
- Retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde
- Ordem governamental que restaure a liberdade de expressão e impeça a censura da liberdade de expressão
- Fim do instrumentalização do governo contra os adversários políticos da administração anterior
- Indultos e comutações que, segundo Trump, abrangem cerca de 1,5 mil pessoas acusadas criminalmente no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021
- Revisão do programa de admissão de refugiados para melhor alinhamento com os princípios e interesses americanos
- Declara uma “emergência nacional” na fronteira entre os EUA e o México
- Designa os cartéis de drogas como organizações terroristas estrangeiras
- Adia a proibição do Tik Tok, embora reste dúvida se Trump tem poder para anular a lei federal que entrou em vigor no fim de semana.
Medidas esperadas do governo Trump
Algumas medidas foram anunciadas por Trump nas últimas semanas, mas ainda não foram oficialmente adotadas. Veja quais são:
- 1. Fechar a fronteira para migrantes em busca de asilo e acabar com o direito à cidadania das crianças que nasceram nos Estados Unidos, filhos de imigrantes que estão no país ilegalmente. Ainda não está claro, contudo, como o republicano pretende acabar com o cidadania por nascimento, prevista na 14ª Emenda, considerando que o presidente não pode alterar a Constituição americana por conta própria.
- 2. Envolver o Exército dos EUA na segurança da fronteira. Isso provocaria desafios legais imediatos por causa dos limites estritos na lei americana para como as forças armadas podem ser implantadas dentro do país.
- 3. Declarar as travessias de migrantes ao longo da fronteira EUA-México como uma emergência nacional, o que permitiria que Trump desbloqueasse o financiamento para a construção do muro da fronteira, sem aprovação do Congresso.
- 4. Designar cartéis de drogas como “terroristas globais”.
- 5. Estabelecer definições de sexo biológico para trabalhadores federais. Trump diz que não reconhecerá mais transgêneros no serviço público: “A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que existam apenas dois gêneros, masculino e feminino”, disse em seu discurso de posse.
- 6. Remover proteções para pessoas transgênero em prisões federais.
- 7. Remover proteções para migrantes transgênero sob custódia dos EUA.
- 8. Direcionar agências federais a iniciar uma investigação sobre práticas comerciais, incluindo déficits comerciais, práticas cambiais injustas, bens falsificados e uma isenção especial que permite a entrada nos Estados Unidos de bens de baixo valor isentos de tarifas.
- 9. Avaliar a conformidade da China com um acordo comercial que Trump assinou em 2020, bem como o Acordo Estados Unidos-México-Canadá, que Trump assinou em 2020 para substituir o Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
- 10. Ordenar que o governo avalie a viabilidade de criar um “Serviço de Receita Externa” para coletar tarifas e impostos.
- 11. Declarar uma emergência nacional de energia, o que poderia permitir que ele desbloqueasse poderes para acelerar a permissão para oleodutos e usinas.
- 12. Ordenar que o governo federal revogue regulamentações que impedem a produção doméstica de energia.
- 13. Sinalizar uma intenção de afrouxar os limites de poluição de escapamentos e padrões de economia de combustível.
- 14. Revogar regulamentações de eficiência energética para lava-louças, chuveiros e fogões a gás.
- 15. Abrir a área selvagem do Alasca para mais perfurações de petróleo e gás.
- 16. Eliminar programas de justiça ambiental em todo o governo, que visam proteger comunidades pobres contra poluição excessiva.
Redação Oeste, com informações da Agência Estado