Pecuaristas, o ataque de aves de rapina, como o carcará, a bezerros recém-nascidos é um problema grave que pode causar perdas significativas nas fazendas de cria. Assista ao vídeo e descubra as razões por trás desses ataques.
Antônio Nogueira, que possui uma propriedade no Paraguai, enfrenta uma infestação de carcarás que atacam seus bezerros logo após o parto, em muitos casos causando a morte dos animais.
Esse problema se intensificou devido à concentração de nascimentos em um curto espaço de tempo, uma consequência direta do uso da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo).
Nesta terça-feira (12), o médico-veterinário e consultor Guilherme Vieira respondeu a essa dúvida no quadro “Giro do Boi Responde”.
Ele explicou a biologia do carcará e as medidas de prevenção para proteger o rebanho e garantir a sanidade e a sobrevivência dos bezerros.
A biologia do carcará: oportunista e necrófago


O carcará é uma ave de rapina da família dos falcões, mas não é um caçador tão poderoso. Suas garras são menos fortes que as de outras aves de rapina.
Ele é onívoro (alimenta-se de animais e vegetais) e, principalmente, oportunista e necrófago, ou seja, alimenta-se de carniça.
Guilherme Vieira ressalta que o carcará é um cleptoparasita, roubando alimentos de outras aves de rapina. Por isso, onde está o urubu, o carcará está por perto. O carcará não age sozinho: geralmente, o urubu age primeiro, e o carcará se junta ao ataque.
O ataque a bezerros se dá principalmente nos animais mais fracos, filhos de novilhas inexperientes que ainda não conseguem proteger suas crias adequadamente.
Causas e medidas de prevenção contra o ataque


O aumento da infestação de carcarás na fazenda de Antônio Nogueira se deve, provavelmente, à alta concentração de nascimentos em um curto espaço de tempo.
Essa concentração de partos resulta em um acúmulo de restos de parto, sangue e umbigo no pasto (chamados de fômites). Esse material em decomposição atrai os urubus e carcarás, que se aproximam e atacam os bezerros mais fracos.
Para prevenir os ataques, Guilherme Vieira recomenda as seguintes medidas de manejo e controle:
- Separar as novilhas: Crie pastos maternidade exclusivos para as novilhas de primeira cria. Essas áreas devem ser localizadas mais próximas aos trabalhadores da fazenda, para facilitar o monitoramento e a vigilância constante.
- Limpeza do pasto: Faça a limpeza do pasto sempre que possível, retirando os restos de parto. Essa simples medida evita que os carcarás sejam atraídos para a área de cria.
- Manejo sanitário adequado: Dê atenção especial aos restos de parto em decomposição, pois eles são o principal atrativo para urubus e carcarás. Um ambiente limpo é a primeira linha de defesa contra esses ataques.
- Vigilância: Acompanhe de perto os nascimentos para garantir que os bezerros não fiquem desprotegidos. A presença humana no local é um inibidor natural para as aves de rapina.
É importante ressaltar que urubus e carcarás são protegidos por leis ambientais, e qualquer tentativa de dizimá-los é crime ambiental.
A melhor estratégia para o pecuarista é o manejo sanitário e a prevenção, controlando a presença dessas aves no ambiente de cria e protegendo os bezerros de forma legal e sustentável.