Horas antes de um encontro decisivo em Washington, dez pessoas perderam a vida devido a ataques com drones russos em Kharkiv, Zaporíjia, Sumy e Odessa, segundo autoridades da Ucrânia nesta segunda-feira, 18.
O episódio ampliou a tensão no momento em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se preparava para dialogar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o futuro do conflito com a Rússia.
Zelensky criticou a ofensiva, destacando que ela ocorreu apenas três dias depois da reunião entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin. Ele classificou o ataque como uma demonstração de “cinismo” por parte de Moscou diante dos esforços diplomáticos para encerrar a guerra.
“A máquina de guerra russa continua destruindo vidas apesar de tudo”, afirmou Zelensky no X. “Putin cometerá assassinatos demonstrativos para manter a pressão sobre a Ucrânia e a Europa, bem como para humilhar os esforços diplomáticos”.
This was a demonstrative and cynical Russian strike. They are aware that a meeting is taking place today in Washington that will address the end of the war.
We will have a discussion with President Trump about key issues. Along with Ukraine, the leaders of the United Kingdom,… pic.twitter.com/p62L8tAKx5
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 18, 2025
Vítimas e consequências dos ataques na Ucrânia
Entre as vítimas da ação em Kharkiv, estavam uma menina de um ano e meio e um adolescente de dezesseis anos. Segundo o governador Oleh Synehubov, 20 pessoas ficaram feridas, das quais seis adolescentes tinham entre seis e 17 anos. O ataque atingiu áreas residenciais da capital regional, elevando o grau de alerta entre a população.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, também se manifestou na rede social X, afirmando: “Apesar de todos os esforços de diplomacia e paz, a Rússia continua matando civis. A Rússia é uma máquina de guerra assassina que a Ucrânia está controlando. E ela precisa ser detida por meio da união e da pressão transatlânticas”.
Despite all of the diplomacy and peace efforts, Russia continues to kill civilians.
This is a residential building in Kharkiv. This night Russia killed at least four people here, including a child, and injured many more.
Russia is a murderous war machine that Ukraine is… pic.twitter.com/xGQ6m8ow6z
— Andrii Sybiha 🇺🇦 (@andrii_sybiha) August 18, 2025
Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana e situada próxima à fronteira russa, é frequentemente alvo desde o início do conflito. No domingo 17, um míssil balístico danificou janelas de prédios residenciais e levou parte dos moradores a deixarem suas casas, agravando o clima de insegurança na região.
Informações da Força Aérea da Ucrânia mostram que 140 drones e quatro mísseis russos foram lançados durante a madrugada desta segunda-feira. O exército ucraniano afirmou ter interceptado 88 drones, mas os demais atingiram 25 localidades. O número de drones utilizados representa o maior ataque desse tipo desde quatro de agosto.
Segundo a Missão de Observação sobre os Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, mais de 13 mil civis morreram desde o início da invasão, em fevereiro de 2022, sob comando de Vladimir Putin. Moscou nega ter como alvo deliberado a população civil.
Tensões diplomáticas e expectativas para o encontro em Washington


O ataque ocorreu enquanto Zelensky se preparava para a reunião desta segunda-feira, 18, na Casa Branca, onde será acompanhado por outros líderes europeus em busca de avanços para uma solução do conflito. O encontro reúne representantes de Reino Unido, Finlândia, França, Alemanha, Itália, União Europeia e Otan, diante do temor de que Trump pressione Kiev para um acordo favorável à Rússia.
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Na véspera da reunião, Trump elevou a pressão ao afirmar que Zelensky poderia encerrar o conflito “quase imediatamente” se quisesse. O líder americano também rejeitou a possibilidade de ingresso da Ucrânia na Otan e a retomada da Crimeia, tomada pela Rússia em 2014, como parte de um pacto de paz.
A última visita de Zelensky à Casa Branca, no fim de fevereiro, foi marcada por tensão. Na ocasião, Trump e seu vice, J.D. Vance, repreenderam publicamente o presidente ucraniano, afirmando que ele deveria ser “grato” e que “não tem as cartas” sem o apoio de Washington.
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