Nesta quarta-feira, 6, completa-se um ano da prisão da ativista liberal María Oropeza. A detenção foi ordenada pelo regime ditatorial de Nicolás Maduro, na Venezuela. María é uma das lideranças da organização internacional Ladies of Liberty Alliance (Lola).
Presa sem nenhum mandado judicial pela Direção Geral de Contrainteligência Militar, María é mantida no El Helicoide, uma prisão política da ditadura de Maduro em Caracas. O local é amplamente denunciado como centro sistemático de tortura e desaparecimentos forçados, conhecido como o maior centro de repressão da América Latina.
No momento da detenção, María trabalhava na campanha presidencial de María Corina Machado, líder da oposição venezuelana e vencedora das primárias de 2023.
Em resposta ao crescimento da candidatura liberal e antichavista, o regime de Nicolás Maduro inabilitou María Corina politicamente e perseguiu integrantes de sua equipe.
A prisão de María Oropeza
Os agentes da ditadura venezuelana prenderam a ativista em 6 de agosto de 2024, por volta das 19h30 (horário de Brasília). Não houve processo nem justificativa oficial para detê-la.
Nos dois primeiros meses de detenção, a família não teve contato com María. Somente depois da pressão internacional e da intervenção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que a mãe de María conseguiu visitá-la e confirmou sua permanência no El Helicoide. Hoje, visitas quinzenais estão autorizadas.
Em agosto de 2024, a CIDH emitiu a Resolução 46/2024, que concedeu medidas cautelares em favor de María Oropeza e reconheceu o risco iminente à sua integridade física e psicológica. O regime de Maduro ignorou o parecer e divulgou um vídeo da ativista sob custódia.
A organização Lola desenvolveu uma série de ações para denunciar o caso. Entre elas, apresentou petições à CIDH, organizou campanhas de arrecadação de fundos para a família e promoveu manifestações e ações de visibilidade em diversos países.
No Brasil, líderes do Lola também foram à Brasília para levar o caso às autoridades nacionais, com agendas na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e no Ministério das Relações Exteriores.
Recentemente, a ativista liberal Sâmila Monteiro oficiou a Assessoria Especial da Presidência da República e cobrou uma ação mais efetiva da diplomacia brasileira no caso de María Oropeza, para garantir a liberdade da ativista.
“María é nossa amiga”, declarou a presidente do Lola Brasil, Letícia Barros. “Ver alguém que admiramos ser sequestrada por uma ditadura simplesmente por defender a liberdade de seu povo é revoltante. É um lembrete brutal do que regimes autoritários fazem com quem ousa pensar diferente. Não vamos descansar enquanto María estiver atrás das grades.”
Neste mês, o movimento Lola lançou uma nova campanha internacional de conscientização sobre o caso, a fim de reacender a atenção da mídia, mobilizar governos e pressionar o regime de Nicolás Maduro pela libertação de María Oropeza.
O que é o El Helicoide
Localizado em Caracas, o El Helicoide foi originalmente projetado como um centro comercial futurista na década de 1950. O local foi abandonado e transformado em sede da polícia política da Venezuela.
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Hoje, é denunciado por organizações como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional como um dos principais centros de repressão e tortura da América Latina, onde presos políticos são mantidos em solitária e submetidos a tratamentos desumanos.