Reclamações públicas às recentes condutas do Supremo Tribunal Federal (STF), mas com propostas apresentadas à população, como apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, defesa aos valores da democracia, valorização da liberdade e importância de se eleger representantes da direita em 2026, principalmente no Senado. Assim pode ser definida a série de discursos que marcou a manifestação “Justiça já”, na tarde deste domingo, 29, na Avenida Paulista, em São Paulo.


Ao todo, 12 pessoas falaram diante da multidão que compareceu ao protesto. O primeiro a falar foi o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP). O parlamentar orou e classificou Bolsonaro como o “maior líder da direita do Brasil”.
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto foi o segundo a discursar. De forma suscinta, enalteceu o trabalho do ex-presidente da República. “Fez tudo pelo Brasil”, definiu, antes de mencionar um item tradicional do dia a dia da dieta do povo brasileiro que sofre com a inflação. “Café está caro? Então: volta, Bolsonaro.”
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A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) foi além de elogiar o ex-presidente. À multidão que foi à Avenida Paulista, a parlamentar afirmou que Bolsonaro “é vítima” do “processo fictítico de um golpe que nunca existiu”. De acordo com ela, tal situação só ocorre em país onde “não tem mais ordenamento político”.
Bia ainda avisou que, no que depender dela, a proposta de se anistiar os presos do 8 de janeiro de 2023 avançará no Congresso Nacional. “Não vamos desistir da anistia”, declarou. E com anistia, a parlamentar avisou: “Queremos Bolsonaro de volta ao Palácio do Planalto”.
A manifestação seguiu com mais deputados federais empunhando o microfone. O líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), exaltou as qualidades que vê em Bolsonaro. Para ele, o ex-presidente é “símbolo de patriotismo”, luta em defesa das crianças, dos adolescentes e dos idosos — e que é favorável à implantação do voto auditável. “Ele vai voltar”, disse o congressista.
Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) chamou de “guerreiros” o ex-deputado federal Daniel Silveira e a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP). O primeiro está preso a mando do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A segunda está na Itália, para onde viajou ao ser alvo de ação permitida pelo Supremo.
Assim como Zucco, Sóstenes demonstrou torcer para que Bolsonaro volte a comandar o Palácio do Planalto. “Podem perseguir, mas não vão achar nenhum ato de corrupção”, disse o deputado. “Este homem vai voltar em 2026. Volta, Bolsonaro.”
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) reclamou do STF, sobretudo do julgamento que resultou na regulação das plataformas de redes sociais no país. A liberdade de expressão “não vai acabar”, destacou. Durante o discurso, o parlamentar disse que o sistema que está no poder vê “Bolsonaro como obstáculo”. “Acabaram com o bolsonarismo?”, indagou. “Nunca estivemos tão fortes.”
Por um Senado de direita
A manifestação na Avenida Paulista seguiu com senadores discursando. Marcos Rogério (PL-RO) se junto ao time daqueles que defendem a liberdade de Bolsonaro. “Querem prender um homem que não fez nada de errado.”
Filho mais velho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) preferiu criticar as ações judiciais que têm o seu pai como alvo. De acordo com ele, o Brasil vivencia uma “aberração política”.
O senador Magno Malta (PL-ES) foi outro a falar que o sistema age para “tirar Bolsonaro do jogo” eleitoral. Nesse sentido, lamentou. Para o congressista capixaba, isso demonstra que o país já vive “numa ditadura”.


Malta afirmou, no entanto, que caberá ao povo mudar essa situação no próximo ano. O senador afirmou que todos os brasileiros amantes da democracia e da liberdade devem ter a responsabilidade de ajudar a eleger pelo menos “46 senadores de direita”.
Em 2026, o Brasil vai renovar dois terços do Senado. Ou seja, cada unidade federativa irá eleger dois senadores no próximo ano. Com 42 membros, uma bancada passa a ter a maioria da Casa.
Tarcísio e Malafaia
Ministro da Infraestrutura durante a gestão de Jair Bolsonaro no Executivo federal, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elencou os feitos de seu ex-chefe durante os quatro anos como presidente. Fez uma transformação no Brasil”, começou. “Saneou as estatais, levou água no Nordeste, criou o Pix e salvou empresas com benefícios emergenciais.”
De acordo com Tarcísio, a esquerda tem “dor de cotovelo” de Bolsonaro por não conseguiu levar o povo às ruas. Além disso, o governador afirmou que a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu, em 2 anos e 7 meses no poder, conseguiu “jogar tudo na lata do lixo”.
Tarcísio ainda fez questão de classificar Bolsonaro como o “maior líder da história” do Brasil. O governador ainda clamou por Justiça, paz, anistia e prosperidade e pela derrota dos petistas na disputa eleitoral do ano que vem. “O Brasil não aguenta mais o PT.”
Organizador do evento deste domingo, o pastor Silas Malafaia cobrou do Congresso Nacional o andamento do projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro. As principais críticas do líder religioso, no entanto, foram direcionadas a Moraes, a quem definiu como “ditador de toga” que validou a “delação fajuta” do tenente-coronel Mauro Cid e que integra a Corte que “acabou de dar um jeito de censurar as redes sociais”.


Malafaia também lembrou de Cleriston da Cunha. Empresário conhecido como Clezão ele morreu na Penitenciária da Papuda, em novembro de 2023. Detido por causa do 8 de janeiro, ele tinha problemas de saúde, mas seguiu detido por ordem do ministro do STF. “Tem sangue nas mãos de Alexandre de Moraes”, afirmou o pastor, que lidera a Assembleia de Deus Vitória em Cristo. “Clezão era membro da minha igreja.”
Assim como Malta, o líder religioso falou da importância de se votar bem para o Senado. “Não podemos errar os votos dos dois senadores.”
Bolsonaro: “Não quero ser preso ou morto”
Responsável por encerrar os discursos do ato “Justiça já”, Bolsonaro afirmou que a ação no STF na qual é réu por supostamente tentar dar um golpe de Estado é “perseguição”. Afirmou, nesse sentido, que o objeto da Corte não é apenas tirá-lo da disputa eleitoral nem apenas detê-lo.
“Não importa a covardia que fizeram comigo, eu não posso fugir da verdade com vocês que estão comigo”, declarou Bolsonaro. “O objetivo final não é me prender, mas eliminar. Não quero ser preso ou morto, mas não fugir da minha responsabilidade com vocês.”
O ex-presidente foi outro que ressaltou a importância de a direita ter maioria tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados.
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