O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, de esquerda, anunciou nesta segunda-feira, 11, que pretende reconhecer o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em setembro.
A Austrália se junta a países governadores pela esquerda ou centro-esquerda, que já anunciaram a intenção de reconhecer o Estado palestino. Entre eles estão França, Portugal e Canadá. O Reino Unido, cujo primeiro-ministro é o trabalhista Keir Starmer, condicionou o reconhecimento à ausência de cessar-fogo em Gaza.
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Albanese disse que o reconhecimento representa “a melhor esperança da humanidade para quebrar o ciclo de violência no Oriente Médio e pôr fim ao conflito, sofrimento e fome em Gaza”.
Israel e Estados Unidos acreditam que a decisão premia o Hamas, grupo terrorista que controla o governo da Palestina. O Hamas fez o pior ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro de 2023, quando matou 1,2 mil pessoas, a maioria civis. Israel reagiu e, desde então, travam uma guerra no Oriente Médio.
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O primeiro-ministro da Austrália relatou ter conversado com Netanyahu na semana anterior, quando ressaltou que “a situação em Gaza superou os piores temores do mundo” e citou o elevado número de mortes de civis.
Austrália cita “compromissos” da Autoridade Palestina
Durante o anúncio, Albanese declarou que “a Austrália reconhecerá o direito do povo palestino a um Estado próprio, com base nos compromissos que a Austrália recebeu da Autoridade Palestina. Trabalharemos com a comunidade internacional para tornar esse direito uma realidade”.
Na mesma ocasião, a ministra das Relações Exteriores, Penny Wong, destacou que “não podemos continuar esperando o fim de um processo de paz que está paralisado”. Ela acrescentou que “sempre dissemos que os civis palestinos não podem ser obrigados a pagar o preço da derrota do Hamas. Mas uma população inteira foi destruída. Portanto, em setembro, a comunidade internacional tem a chance de forjar esperança a partir do desespero, enquanto o mundo aproveita as oportunidades apresentadas pelos novos compromissos da Autoridade Palestina e busca apoiar os esforços da Liga Árabe para isolar o Hamas”.
O Conselho Executivo dos Judeus Australianos (ECAJ) reagiu negativamente à medida, classificando a iniciativa como “traição” e “decepção”. Angus Taylor, porta-voz de defesa da coalizão, também criticou a decisão, considerando-a “prematura” e dizendo que ela poderia favorecer o Hamas.
Nova Zelândia
O ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Winston Peters, disse nesta segunda-feira, 11, que o governo liderado pelo primeiro-ministro Christopher Luxon pretende definir uma posição oficial em setembro sobre o Estado palestino.
O chanceler declarou que a análise do tema será feita com atenção, respeitando os princípios e o interesse nacional. “Pretendemos avaliar a questão cuidadosamente e, então, agir de acordo com os princípios, valores e interesses nacionais da Nova Zelândia”, disse Peters em comunicado à imprensa.
Segundo Peters, o governo avalia se houve avanços suficientes para que os territórios palestinos sejam considerados um Estado viável e legítimo antes de tomar qualquer decisão sobre reconhecimento. “A Nova Zelândia deixou claro há algum tempo que o reconhecimento de um estado palestino é uma questão de quando, não de se.”
Crescimento do apoio internacional ao Estado palestino
Se concretizado, o reconhecimento fará com que esses países se juntem a um grupo de mais de 140 nações que já legitimam o Estado palestino, conforme levantamento da ANP. A Eslovênia foi o último país a integrar essa lista, em maio do ano passado, pouco depois de Espanha, Irlanda e Noruega.
Apesar do apoio de três quartos dos 193 países membros da ONU, como o Brasil, a participação em órgãos internacionais ainda depende de novas decisões, que podem ser influenciadas pela entrada de França e Reino Unido, membros do Conselho de Segurança.