A pecuária baiana está passando por uma transformação que chama atenção de todo o Brasil. O estado já é o sétimo maior rebanho bovino do país e viu a presença de animais jovens nos frigoríficos saltar para 60% dos abates. Um reflexo direto de investimentos em nutrição, genética, bem-estar animal e estratégias de engorda intensiva. Assista ao vídeo abaixo e confira.
Durante o programa Giro do Boi, os entrevistados José Roberto Bischofe Filho, diretor executivo da Captar Agrobusiness, e Ivon de Almeida, gerente de negócios da Friboi na Bahia, explicaram como o estado está se tornando um novo polo da pecuária de precisão no Nordeste.
O número impressiona: entre 50% e 60% do gado abatido na Friboi de Itapetinga já é composto por animais jovens, reflexo da evolução do rebanho baiano.
O gado jovem entrega carne de melhor qualidade, com mais maciez e melhor acabamento de carcaça, características fundamentais para atender mercados exigentes, inclusive o internacional.
Confinamento cresce e movimenta economia


A Captar Agrobusiness, localizada em Luís Eduardo Magalhães, é o maior confinamento do Nordeste. A empresa tem capacidade estática para 65 mil animais, realizando até dois giros e meio por ano.
A expectativa de abate em 2024 é de 130 mil cabeças, com planos de chegar a 200 mil em breve. A produção atende dois mercados:
- Mercado interno: gado jovem para a unidade da Friboi em Itapetinga;
- Exportação: parte dos animais vai para outras plantas, como em Itaberaí (MG).
Com cerca de 95% da carne voltada para exportação, a Captar já é referência em rastreabilidade total, rastreando 100% dos seus animais — algo que será obrigatório em todo o país até 2032.
Pequenos produtores no radar da pecuária moderna


Mesmo com o crescimento das grandes estruturas, a Bahia ainda é formada por pequenos pecuaristas. Dados da Secretaria de Defesa Agropecuária mostram que mais de 90% das fazendas têm até 100 cabeças de gado.
Esses produtores enfrentam desafios para atingir o padrão de qualidade exigido pelo mercado. É nesse ponto que entra a parceria com confinamentos, como a Captar. O modelo permite ao pequeno pecuarista engordar melhor seus animais e acessar mercados mais valorizados.
Além disso, programas de rastreabilidade e plataformas como o Pecuarista Transparente (PPT), da JBS, vêm ajudando esses produtores a se adequarem às exigências ambientais e comerciais.
A rastreabilidade não é apenas uma exigência de mercado, mas também uma ferramenta de transparência e sustentabilidade.
Oeste baiano: integração e tecnologia no campo


O Oeste da Bahia é hoje um dos maiores exemplos da força do agro nacional. A região aposta na integração lavoura-pecuária, que acelera o ganho de peso e reduz o tempo de abate, resultando em animais mais jovens, produtivos e bem acabados.
Segundo José Roberto, grandes indústrias estão se instalando na região para processar grãos e produzir insumos como o DDG, subproduto essencial na nutrição de confinamento. A irrigação em 330 mil hectares também contribui para a estabilidade e expansão da pecuária local.
Essa estrutura tem despertado o interesse de grandes empresas e investidores, consolidando a Bahia como um estado estratégico para o futuro da produção de carne bovina no Brasil.


O plano da Captar para os próximos anos é ambicioso: dobrar sua capacidade estática para 130 mil animais até 2030. O objetivo é operar com um modelo integrado ao estilo americano, conectando produção, transporte e abate de forma coordenada.
Essa expansão vai gerar empregos, impulsionar a economia regional e colocar a Bahia como referência em confinamento sustentável, rastreável e competitivo.
Para Ivon de Almeida, da Friboi, e José Roberto, da Captar, o caminho está claro: colaboração entre indústria e campo, apoio ao pequeno pecuarista e foco na qualidade. É assim que a carne baiana vai continuar conquistando espaço no Brasil e no exterior.