As importações de frutas pelo Brasil registraram elevado crescimento entre janeiro e agosto deste ano, chegando a até 88%, no caso da laranja, de acordo com o Sistema Comex/Stat e análise do Cepea.
Apesar das exportações seguirem em bons patamares, nos primeiros oito meses do ano foram registrados avanços nas aquisições internacionais do produto, deixando a balança comercial do setor negativa. Esse mesmo cenário só se repetiu três vezes desde 1997, quando a série histórica foi iniciada.
“Por conta da situação climática, de chuvas no Rio Grande do Sul, chuvas no Vale de São Francisco também, estiagem em São Paulo, sentimos que algumas frutas tiveram impacto na produção e também na qualidade e, por isso, passamos a importar mais frutas, como maçã, uva e até laranja. Nós, grandes produtores de laranja, estamos importando”, comenta a pesquisadora do Cepea Marcela Barbieri.
O Brasil costuma se destacar pela produção de frutas frescas, mas também aumentou as aquisições desse produto nos primeiros oito meses de 2024 ante ao mesmo período do ano passado:
- Laranja: 88%;
- Maçã: 76%;
- Uva: 21%
Contudo, a pera, fruta que o Brasil tradicionalmente importa em grandes quantidades avançou apenas 3%.
A estimativa, com exceção da uva, é que as compras externas dessas frutas sigam crescendo nos próximos meses. Contudo, o Cepea aponta que, até o fim do ano, a balança comercial do segmento deve se recuperar.
“Isso por conta das exportações já positivas de manga, que é a principal fruta exportada pelo Brasil, fruta in natura, a gente está com boas exportações. Também estamos com boas exportações de melão e melancia. Esse segundo semestre está sendo muito bom em termos de exportação para frutas e a gente acredita que ele deve cobrir essas importações que estamos tendo até o momento. No entanto, ainda vai ser uma balança com um superávit menor do que em anos anteriores”.
Importações de frutas devem recuar
O alto volume de aquisições é um complemento à produção nacional, prejudicada pelos fenômenos naturais adversos dos últimos anos. Entretanto, a pesquisadora do Cepea avalia que, em 2025, as compras externas devem recuar, mas alerta que os produtores rurais precisam se adaptar às mudanças do clima.
“Pelo que temos visto das culturas que a gente acompanha, vai ter uma leve melhora pelo menos no ano que vem, mas esse impacto do clima tem sido cada vez mais recorrente e o produtor tem que ficar ligado em uma maneira de corrigir, contornar esses problemas”.