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Ballard lidera articulação diplomática de Trump com o Brasil

A três dias do início da sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, o governo Lula ainda não estabeleceu contato direto com o presidente norte-americano, Donald Trump.

Desde 9 de julho, o republicano vem intensificando a pressão sobre o Brasil, citando desequilíbrios comerciais, a posição brasileira nos Brics e a investigação judicial contra Jair Bolsonaro como razões para a medida.

O advogado Brian Ballard, considerado um dos principais estrategistas políticos da direita norte-americana, tem feito alertas públicos ao governo brasileiro.

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Em entrevistas à CNN Brasil, Ballard recomendou que Lula fale diretamente com Trump e sua equipe, que inclui o secretário do Comércio, Howard Lutnik, e o representante comercial norte-americano.

“Eu faria tudo o que pudesse para falar diretamente com o presidente e sua equipe sênior, o secretário Lutnick, o secretário do Tesouro, o representante comercial, todos eles”, disse o advogado. “Mas o presidente, como vocês viram em seu histórico, adora conversar diretamente.”

A imposição tarifária ocorre em um contexto de tensão entre Washington D.C. e Brasília. Segundo Ballard, Trump considera que Lula abandonou a postura “pró-EUA” ao se alinhar com a China e ao defender o fim da primazia do dólar nas transações globais.

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“Não queremos outra Venezuela, não queremos outra Cuba”, ponderou o jurista. “Não queremos que esse tipo de coisa aconteça.”

A presença do Brasil no Brics e os laços com o ditador Xi Jinping também motivaram o endurecimento da política comercial norte-americana. O advogado de Trump ainda criticou a ausência de iniciativas diplomáticas eficazes por parte do Itamaraty.

O ministro Mauro Vieira esteve recentemente nos EUA para uma cúpula sobre o conflito Israel-Palestina. No entanto, não tratou do tarifaço com autoridades do país. Paralelamente, uma comitiva de senadores brasileiros realizou reuniões em Washington D.C. com congressistas e empresários, sem avanços concretos.

Tarifas revelam estratégia econômica e política de Trump

Segundo Ballard, as tarifas são mais que uma ferramenta econômica. Elas compõem uma política de influência externa que busca moldar o comportamento de aliados e adversários.

“Trump é um negociador duro, mas é um negociador justo”, argumentou Ballard. “É muito sensível e compreensivo com líderes políticos sendo processados por pessoas que chegam ao poder depois. Ele acredita que isso está acontecendo no Brasil.”

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Em publicações nas redes sociais, o republicano demonstrou solidariedade explícita ao ex-presidente brasileiro. Arduamente, criticou a investigação do Supremo Tribunal Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

A diplomacia norte-americana vem firmando acordos com outros parceiros comerciais em ritmo acelerado.

Em 27 de julho, Trump anunciou um pacto com a União Europeia. Uma tarifa geral de 15%, US$ 750 bilhões em compras de energia e investimentos adicionais de US$ 600 bilhões em defesa. Para Ballard, o acerto com os europeus foi difícil, mas estratégico.

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“Não foram apenas questões econômicas, houve também questões políticas, e eles conseguiram resolver isso”, justificou o advogado. “Portanto, espero que isso seja resolvido de uma forma que seja benéfica para o povo brasileiro, mas que também permita ao presidente obter o que ele quer e o que ele vê como justo.”

O jurista afirmou que países como o Japão também chegaram a entendimentos favoráveis com os EUA. Desta forma, sugeriu que o Brasil pode estar isolado ao resistir às conversas.

Ballard: do gabinete à influência global

Brian Ballard é mais que um interlocutor ocasional de Trump. Formado em Administração e Direito pela Universidade da Flórida, iniciou a carreira como chefe de gabinete do então governador da Flórida.

Com experiência em políticas ambientais e energéticas, fundou a Ballard Partners em 1998, empresa de lobby com atuação em Washington D.C., Chicago, Tel Aviv e Arábia Saudita. Nos EUA, o lobby é regulamentado por lei federal desde 1946.

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Além disso, Ballard presidiu comitês de arrecadação para as campanhas de McCain, Romney e Trump. Em 2025, foi nomeado uma das “500 Pessoas Mais Influentes de Washington” pela revista Washingtonian.

Atualmente, opera como conselheiro de grandes organizações públicas e privadas, incluindo o John F. Kennedy Center for the Performing Arts e a Fundação da Mansão do Governador da Flórida.

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