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Bancos avaliam cancelar contas de ministros para evitar Magnitsky

Em meio ao aumento das tensões entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e instituições financeiras, bancos brasileiros analisam cancelar de forma unilateral contas de pessoas atingidas pela Lei Magnitsky.

A medida é considerada como resposta ao impasse causado pela decisão do ministro Flávio Dino, que dificultou a aplicação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes no mês passado.

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O tema ganhou força depois de um parecer do BTG Pactual circular no centro financeiro da Faria Lima na terça-feira 19, sugerindo que essa seria uma alternativa para evitar possíveis punições decorrentes do descumprimento das regras internacionais.

Os bancos avaliam que o encerramento prévio das contas pode protegê-los tanto de sanções americanas quanto de decisões judiciais no Brasil.

Repercussão das sanções da Magnitsky e preocupações dos bancos

As sanções do Ofac, vinculadas ao Departamento do Tesouro dos EUA, têm aplicação automática pelos bancos em todo o mundo, atingindo desde contas até contratos.

O setor teme multas bilionárias caso as instituições mantenham relações com alvos das restrições, mesmo diante de decisões do STF que possam proibi-las de acatar ordens estrangeiras sobre ativos nacionais.

“Encerrar ou segregar conta por política interna é lícito; fazê-lo porque mandaram de fora não é”, diz o comunicado do BTG Pactual. “De outro lado, é preciso mitigar o risco de sanções secundárias nos EUA, o que justifica encerrar ou segregar contas quando, pelas políticas internas, houver risco concreto de enquadramento como ‘facilitador’.”

O mesmo parecer aponta que o encerramento preventivo das contas, antes de qualquer notificação formal, tende a reduzir o risco de questionamentos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Contudo, a medida não eliminaria totalmente o risco para Alexandre de Moraes, já que liminares do STF ainda poderiam obrigar os bancos a manter as contas ativas.

Clima de tensão e impacto no mercado

O ministro Alexandre de Moraes foi sancionado pela Lei Magnitsky em julho | Foto: REUTERS/Mateus Bonomi

O contexto ficou ainda mais tenso depois que a Embaixada dos EUA no Brasil divulgou nas redes sociais um comunicado do governo Donald Trump que classificou Moraes como “tóxico” e ameaçou instituições estrangeiras que mantivessem transações com ele. Isso ampliou o temor entre executivos do setor financeiro e contribuiu para a queda nas ações de bancos brasileiros nos últimos dias.

Até o momento, o Supremo não confirma em quais bancos Moraes já teve contas ou mantém contas ativas desde sua inclusão na lista da Magnitsky. Os salários dos ministros são pagos no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal, mas eles podem utilizar bancos privados para movimentação financeira pessoal, como apurado pela reportagem.

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Na semana anterior, Moraes, junto com Gilmar Mendes e Cristiano Zanin, reuniu-se com banqueiros para debater as consequências da Lei Magnitsky e as restrições impostas por Washington. Os bancos afirmaram que, devido à integração global do sistema financeiro, descumprir as sanções não seria viável, pois resultaria em graves prejuízos para os negócios.

Os ministros demonstraram insatisfação com as respostas e, de acordo com informações de bastidores, indicaram que pretendem reagir. Até agora, a única medida tomada foi a decisão do ministro Dino, que permanece como foco de debate entre o STF e o sistema bancário.

Leia também: “Um juiz em campo minado”, artigo de Ana Paula Henkel na Edição 280 da Revista Oeste

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