Luiz Eduardo Baptista, o BAP, atual presidente do Flamengo, comandou uma reunião no Conselho Deliberativo do clube na última terça-feira (7) para prestar esclarecimentos a respeito do problema com a Libra, que atualmente está na esfera jurídica.
Durante a apresentação conduzida por Marcelo Campos Pinto, representante rubro-negro na Libra, BAP fez algumas intervenções, mas deixou claro que, apesar da crise com o bloco, o Flamengo não romperá o contrato, assinado até o final de 2029.
“Zero chance (de pedir a desfiliação da Libra). Vamos conviver com esse contrato até 31 de dezembro de 2029 e eles vão conviver com o Flamengo também até essa data”, disse o mandatário.
Após mais de uma hora de apresentação, Bap pegou o microfone e deu uma espécie de “último recado” aos conselheiros e associados do clube.
O presidente disse que “nao pagará para os outros clubes”, comparou rivais a “filhos bancados pelos pais” e deixou claro em qual cenário que uma liga de futebol no Brasil não vai sair do papel.
“Se para se ter uma liga no Brasil, o Flamengo vai ter que pagar para os outros e virar uma SAF, não vai ter liga no Brasil. A liga, com quem você junta, é para 1 + 1 virar 3. Para você fazer o bolo crescer. Com o bolo crescendo, todo mundo ganhando mais, tudo bem. Mas, o bolo não cresceu”.
“Eu tenho uma cobertura que vale 10, o outro tem uma kitnet que vale 1, a gente junta, vira 11, cada um leva 5,5 e ninguém constrói nada para o futuro? Se o dinheiro fosse meu, eu faria o que eu quisesse com o meu dinheiro. Ninguém tem nada a ver com o que eu faço com meu dinheiro”.
“O dinheiro do Flamengo são dos senhores, dos associados, então até isso, no Flamengo, para o bem ou para o mal, eu tenho que ter uma autorização dos senhores”, disse Bap.
“Esse é o tipo de parceiros que temos hoje, que cantam aos quatro ventos que ‘queremos formar uma liga no Brasil, e o Flamengo é contra’. Eu quero sair da casa dos meus pais, mas eu deixo as roupas para lavar, meus pais pagam os boletos, IPVA do carro, o Flamengo não vai cumprir esse papel”.
Entenda a situação:
A Libra é um bloco composto por Palmeiras, Bragantino, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Vitória, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa, Brusque, além do próprio Flamengo, e que foi criada para vender direitos de TV de forma coletiva.
Nas últimas semanas, a entidade, assim com os demais times, se irritaram depois que o Flamengo conseguiu uma liminar no TJ/RJ impedindo o repasse de R$ 77 milhões referente a uma das parcelas que seriam destinadas aos clubes da Libra.
O Rubro-Negro não concorda com a fórmula utilizada para a medição da audiência, acreditando que deveria receber um valor maior do que o separado a ele do bolo final.
A divisão dos direitos de transmissão da Libra acontece da seguinte forma:
-
Igualitário: 40% – Essa porcentagem fixa remanescente de 2025 do contrato com a Rede Globo é dividida igualmente entre os nove clubes da Libra da Série A.
-
Performance: 30% – Remuneração de acordo com a posição na tabela ao final do Brasileirão de 2025. O primeiro ganha 9,5% e os rebaixados 1,25%.
-
Audiência: 30% – Remuneração de acordo com a audiência a ser aferida conforme critério estabelecido no Anexo 1 do estatuto da Libra.
O bloco pediu a derrubada da liminar na Justiça, ao mesmo tempo que o Palmeiras entrou com uma ação paralela contra o Flamengo. Leila Pereira, mandatária do Verdão, tem feito diversos ataques públicos ao time carioca, chamado os torcedores, inclusive, de “terraflamistas”.
Além disso, a própria Libra e o Flamengo têm trocado farpas por meio de notas oficiais, o que faz com que a relação do bloco fique ainda mais estremecida. A tendência é que a situação se arraste por caminhos jurídicos pelos próximos meses, uma vez que um acordo por diálogo pareça distante.