Os bastidores do Parque São Jorge esquentaram na tarde da última quinta-feira (21) com a data da reunião do Conselho Deliberativo que votará sobre o processo de impeachment de Augusto Melo no Corinthians.
Em comunicado enviado a conselheiros, Romeu Tuma Júnior, presidente do órgão, pautou o tema para a próxima quinta-feira (28). A tendência, inclusive, é que o encontro aconteça com segurança reforçada no entorno da sede social do clube.
Segundo apurou a ESPN, a convocação surpreendeu até membros da oposição, inclusive no grupo ‘Movimento Reconstrução SCCP‘, que protocolou o pedido para a destituição da diretoria em documento com cerca de 90 assinaturas de conselheiros.
A expectativa era de que a reunião do Conselho fosse marcada para o dia 9 de dezembro, um dia depois do fim do Campeonato Brasileiro.
O encontro, no entanto, teria entrado na pauta do Conselho Deliberativo após uma reviravolta no futuro de Fred Luz como consultor executivo do Corinthians.
Como noticiou a ESPN no início da semana, a expectativa nos bastidores do Parque São Jorge era de que o contrato com a consultoria Alvarez & Marsal fosse rescindido ainda em novembro, atendendo a uma recomendação da Comissão de Justiça do clube e se valendo de uma ‘janela’ contratual que prevê a possibilidade de fim antecipado do vínculo sem multas.
Além do receio de que a empresa conduzisse o clube a um processo de Recuperação Judicial, a alegação é de que há no contrato pontos de conflito de interesse e problemas de Compliance.
Fontes ouvidas pela reportagem desde a tarde da última quinta-feira indicavam a decisão de Augusto Melo em manter Fred Luz e a Alvarez & Marsal, principalmente após forte repercussão negativa entre torcedores e associados do Corinthians sobre a chance de saída do executivo.
Ainda segundo apurou a ESPN, a possibilidade de impeachment gerou temor nos bastidores até mesmo sobre o futuro de Memphis Depay no clube em 2025. A razão é o que determina o inciso 1º do Artigo 108 do Estatuto do Clube:
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“Ocorrendo a vacância do cargo do Presidente da Diretoria, os Diretores, os Diretores Adjuntos e o Secretário Geral serão considerados demissionários”.
Isso, na prática, resultaria na queda de duas peças fundamentais na contratação do holandês: Pedro Silveira, Diretor Financeiro, e Vinicius Cascone, Diretor Jurídico. Além deles, o executivo de futebol Fabinho Soldado também teria a permanência em risco por se tratar de um cargo de confiança do presidente Augusto Melo.
Qual serão os próximos passos no Corinthians para um impeachment?
Convocada a reunião para decidir sobre o encaminhamento do pedido de destituição, será dada a palavra ao presidente da Comissão de Ética para sustentar o parecer apresentado ao Conselho Deliberativo. Em seguida, será dado o mesmo tempo para que Augusto Melo, ou seu representante, faça também sua sustentação oral;
Após as manifestações, o plenário do Conselho Deliberativo, em voto secreto, decidirá pela destituição ou não do presidente e seus vices;
Caso a destituição seja aprovada, deverá ser convocada em até cinco dias uma Assembleia Geral de associados para, em última instância, referendar a decisão. Nesse cenário, o presidente fica afastado cautelarmente do exercício de suas funções até a proclamação do resultado final da Assembleia Geral;
A Destituição do presidente ou de seus vices apenas terá eficácia definitiva após a proclamação do resultado final da Assembleia Geral;
O que acontece em caso de impeachment no Corinthians?
Em caso de decisão da Assembleia Geral pelo impeachment de Augusto Melo, quem assume a presidente provisoriamente será Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo, que deverá convocar eleições para novos nomes em até cinco dias. Neste período, ele assume a função de forma interina.