Previsto para novembro, o BATEKOO Festival precisou ser adiado para o ano que vem. A decisão aconteceu por falta de patrocínicio, que tornou o projeto inviável em 2024. Em nota, a produção lamentou a mudança e, ainda, expôs o racismo estrutural ainda presente no mercado publicitário que, segundo eles, não mantém o compromisso com a diversidade e inclusão.
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A produção do BATEKOO Festival revelou que a falta de patrocínio é o fator que fez eles desistirem de realizar o evento em 2024. O evento aconteceria em 23 de novembro. Essa, inclusive, seria a sua terceira edição em São Paulo. No entanto, agora, o show acontecerá apenas no ano que vem.
Na carta aberta, a organização do BATEKOO Festival ressalta a importância do apoio financeiro para a marca continuar com seus objetivos. “O Festival da BATEKOO foi adiado por falta de patrocínio e tem sido frustrante trabalhar com cultura no Brasil. Sobretudo, se você é uma liderança negra”, disse Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO.
“Se entregamos o mesmo (ou mais) em relevância, números e alcance, por que os festivais propostos por e para a comunidade negra do Brasil ainda estão sendo esquecidos nas decisões de grandes empresas em onde investir?”, questionou.
Em seguida, o CEO da marca lamentou que mesmo com 10 anos de história, a sua empresa ainda veja o futuro de forma insegura. “A construção de um festival é um trabalho árduo de um ano que se materializa em um dia, e ver essa comemoração sendo adiada é desmotivador. Mas, a única certeza que temos é que não paramos por aqui”, afirmou.
Enquanto isso, Artur Santoro, curador e sócio do evento, acredita que o mercado publicitário reflita o racismo estrutural ainda forte na sociedade. “O mais difícil é saber que, ainda hoje, existem marcas no Brasil que não cumprem nem 10% de pessoas negras em sua equipe, muito menos nas agências contratadas. […] 90% dos contratos de marcas que a BATEKOO fechou foram encabeçados pelas poucas (e às vezes únicas) pessoas negras existentes na empresa”, revelou.
“O pacto narcisístico da branquitude – mesmo que silencioso – pode até levantar a bandeira antirracista, mas não se reflete na hora de desenhar as verbas milionárias anuais. É importante dizer que neste ano a nossa régua de logos diminuiu lá pelos 70%. A pauta é nossa, mas também coletiva. Quando foi que os projetos negros perderam a relevância cultural a ponto de não conseguirem nenhum apoio, muito menos um patrocínio?, adicionou.