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Biometria obrigatória reduz contratos de consignado no INSS

Depois da implantação da biometria obrigatória a para liberação crédito consignado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o volume de novos contratos recuou de forma significativa entre abril e junho. Nesse período, a queda chegou a 67%, conforme dados da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).

A exigência da biometria foi estabelecida em maio, diante de uma determinação do Tribunal de Contas da União, com o objetivo de aumentar a segurança contra fraudes nos benefícios do INSS. Em comparação a janeiro, quando ocorreram 4,2 milhões de contratações, a redução alcançou 82%.

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O crédito consignado permite desconto direto das parcelas no benefício de aposentados e pensionistas, o que reduz o risco de inadimplência e garante taxas mais baixas. A regulamentação é feita pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), enquanto a Dataprev é responsável pelo sistema de biometria.

Gilberto Waller Júnior é o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Marcos Oliveira/Agência SenadoGilberto Waller Júnior é o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Gilberto Waller Júnior é o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Em meio ao escândalo de fraudes, o INSS bloqueou a concessão de novos consignados em 8 de maio e, no dia 23, passou a exigir o desbloqueio dos benefícios por biometria facial pelo portal Meu INSS para cada operação.

Segundo a ABBC, cerca de 500 mil solicitações de aposentados aguardam análise na Dataprev. A associação indica que limitações técnicas do sistema e dificuldades dos beneficiários em realizar a biometria têm impactado a contratação desse tipo de crédito.

“O processo, embora represente um avanço em segurança, está sujeito a limitações operacionais decorrentes da cota mensal de consultas contratada para a base biométrica”, explicou a ABBC ao jornal Folha de S.Paulo. “Quando essa cota é atingida, os desbloqueios ficam temporariamente indisponíveis até o início do mês seguinte”.

Idosos aguardam na fila da Previdência Social, administrada pelo INSS, em CuritibaIdosos aguardam na fila da Previdência Social, administrada pelo INSS, em Curitiba
Idosos aguardam na fila da Previdência Social, administrada pelo INSS, em Curitiba | Foto: Divulgação/Agência Senado

O aposentado João Francisco Neto, de 70 anos, relatou ao jornal uma tentativa de desbloqueio do consignado desde 3 de junho, quando precisou do empréstimo por motivos familiares de saúde. Sem sucesso, precisou recorrer a crédito convencional, com juros superiores aos do consignado, atualmente em 1,85% ao mês.

Limitações técnicas e exclusão de beneficiários do INSS

Já existia a possibilidade de autenticação biométrica nos bancos, mas o sistema da Dataprev usa dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e está sujeito a uma cota mensal. Cerca de um terço dos aposentados não possui biometria cadastrada no TSE, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o que os faz inelegíveis para novos consignados.

A Febraban informou que, em 22 de julho, o INSS atingiu o limite mensal de consultas ao banco de dados do TSE, o que impossibilitou novos desbloqueios até o início de agosto, mesmo para quem já tinha biometria registrada.

Para solucionar o impasse, bancos, ABBC, Dataprev e INSS estudam alternativas, como o uso das credenciais do portal Gov.br, já adotadas em 16 instituições financeiras, para garantir a identificação do beneficiário em operações de crédito consignado.

Prédio do Tribunal de Contas da União, TCU, órgão que deferiu medida acatada pelo governo Lula; fundos de pensãoPrédio do Tribunal de Contas da União, TCU, órgão que deferiu medida acatada pelo governo Lula; fundos de pensão
Fachada do Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília (DF) | Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo

“Depois das últimas reuniões desta semana entre instituições e Dataprev, entendeu-se que a solução proposta é operacionalmente viável e está em fase de aprovação pelo INSS para que possa ser implementada”, afirmou a Febraban. “Ainda segundo a Dataprev, uma vez aprovada e priorizada a demanda, a implementação poderia ocorrer em questão de poucas semanas.”

Procedimentos para desbloqueio e novas regras

Para desbloquear o consignado pelo Meu INSS, o usuário deve acessar o aplicativo ou site, informar CPF e senha, buscar pelo serviço de bloqueio/desbloqueio de benefício, selecionar o benefício, realizar o reconhecimento facial e anexar documento com foto.

Se a biometria não comprovar vivacidade, estiver ausente no banco de dados ou for incompatível, o benefício permanece bloqueado para empréstimos, segundo o INSS. A obrigatoriedade do uso de biometria para consignados já vigora desde 2022.

Em 8 de maio, o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, determinou o bloqueio de todos os benefícios para novas operações de consignado, com a exigência de biometria facial para desbloqueio de contratos, refinanciamentos ou portabilidades.

Fraude no INSS provocou a demissão do então ministro da Previdência | Foto: Lula Marques/Agência BrasilFraude no INSS provocou a demissão do então ministro da Previdência | Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Fraude no INSS provocou a demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Com o novo sistema, a margem consignável só pode ser consultada com autorização biométrica. Antes dessa regra, beneficiários precisavam bloquear o acesso se não desejassem receber ofertas, e novos aposentados tinham bloqueio automático de 90 dias, sendo necessário desbloquear para contratar.

Desde 16 de junho, representantes legais não podem mais autorizar consignados em nome dos beneficiários. A decisão sucede uma determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, baseada em pedido do Ministério Público Federal (MPF). Segundo o MPF, a autorização judicial é exigida para evitar prejuízos a pessoas incapazes.

Somente em junho, 492,1 mil benefícios de menores de idade registraram descontos relacionados a operações de crédito. O consignado segue disponível para aposentados, pensionistas e demais beneficiários, com limite de até 45% da renda mensal comprometida.

Desse total, 35% podem ser destinados a empréstimos pessoais consignados, 5% ao cartão de crédito e 5% ao cartão benefício. O prazo de pagamento chega a 84 meses e, desde março, o teto de juros está em 1,85% ao mês, acima do limite anterior de 1,8%.

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