O conflito entre o padre Fábio de Melo e o ex-gerente de uma cafeteria Havanna em Joinville (SC) ganhou novos desdobramentos. O caso chegou aos altos escalões da Igreja Católica. Um bispo de Santa Catarina denunciou o religioso à Congregação para a Doutrina da Fé. O órgão do Vaticano apura desvios de conduta entre membros do clero.
Conforme o jornal Folha de S.Paulo, a queixa se deu em razão da atitude do padre nas redes sociais ao comentar o caso que levou à demissão de Jair José Aguiar da Rosa. Segundo o jornal, a denúncia sustenta que o comportamento de Fábio de Melo “não foi compatível com os valores cristãos” diante da exposição pública do funcionário.
Denúncia pode afetar imagem de padre
O processo aberto no Vaticano não prevê punições severas, por enquanto. A denúncia consiste em uma ação disciplinar interna, sem sanções imediatas ao sacerdote. Contudo, o episódio passa a constar no histórico do padre dentro da estrutura eclesiástica, o que pode ter implicações futuras.
A Congregação para a Doutrina da Fé, que recebeu a denúncia, existe desde 1542 e é herdeira direta do antigo tribunal da Inquisição. A instituição, que já teve o comando de Joseph Ratzinger, o papa Bento 16, é responsável atualmente por apurar casos que envolvem sobretudo a má conduta de religiosos, como desvio de dinheiro, violações de voto de castidade e abusos.


A polêmica que resultou na denúncia teve início no fim de maio, quando Jair José Aguiar da Rosa anunciou que entraria na Justiça contra o padre e contra a rede Havanna. O ex-gerente afirma que sua imagem foi prejudicada pela exposição nas redes sociais e que a empresa o demitiu tentando se isentar da repercussão negativa do vídeo.
O Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares confirmou a informação. Nas redes sociais, o advogado Eduardo Tocilo afirmou que a ação cível contra o influenciador religioso já está em andamento. Do mesmo modo, acrescentou que a ação trabalhista contra a empresa também será protocolada.
Advogado acusa empresa de culpar funcionário para se proteger
“A empresa, na tentativa de se blindar da repercussão do vídeo, acabou jogando toda a culpabilidade para cima do empregado”, declarou Tocilo. Segundo ele, o ex-funcionário sofreu constrangimento e dano moral diante da ampla divulgação do episódio envolvendo o padre.
O caso continua em tramitação tanto na esfera civil quanto na eclesiástica. Até o momento, padre Fábio de Melo não se pronunciou publicamente sobre a denúncia enviada ao Vaticano.
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