
Shannon destacou que encontro com Lula foi usado para transformar conflito bilateral em diálogo positivo –
Thomas Shannon, diplomata aposentado dos Estados Unidos que foi embaixador do país no Brasil, afirmou que o presidente Donald Trump reconheceu que não será possível interferir no processo judicial de Jair Bolsonaro e que a tentativa de garantir a participação do ex-presidente nas próximas eleições “fracassou”.
Shannon, que foi nomeado embaixador em 2009, durante o governo Barack Obama, trabalha hoje para o escritório de advocacia Arnold & Porter, contratado pela Advocacia-Geral da União para atuar nos Estados Unidos e tentar reverter sanções aplicadas pelo governo Trump sobre produtos brasileiros. Em entrevista à BBC News Brasil, Shannon comentou sobre a postura do republicano em relação a Bolsonaro.
“Sim. Por que ele vai fracassar de novo quando já fracassou uma vez? Trump é astuto nesse ponto. Ele sabe quando não pode avançar em uma frente e procura outra”. Segundo o diplomata, essa análise ajudou a motivar a aproximação recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A trégua entre os dois líderes começou em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, quando se encontraram e se cumprimentaram, e, segundo Shannon:
“Trump disse ter gostado de Lula”. Agora, ambos estão na Malásia, e um encontro entre os dois presidentes está previsto para domingo (26), às margens da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Shannon também apontou outra razão para a aproximação: o norte-americano percebeu que as tarifas impostas sobre produtos brasileiros poderiam prejudicar empresas e consumidores nos Estados Unidos. “Acho que o presidente [Trump] foi exposto, por meio do setor privado norte-americano, a uma espécie de curso intensivo sobre o impacto que essas tarifas teriam no dia a dia de muitos norte-americanos”, disse.
O diplomata ainda comentou sobre a estratégia adotada por Trump diante do problema: “O que ele fez, ao estilo Trump, foi transformar um problema bilateral entre dois países em um encontro pessoal positivo, e usou esse encontro para mudar o tom da conversa entre os dois países”. E acrescentou: “No mundo da diplomacia, isso é um movimento muito inteligente”.
Com informações do Congresso em Foco


